Mais do que uma celebração histórica, ela representa um drama cósmico que deve ser vivido interiormente por todo aquele que busca a Cristificação. Conforme ensina Samael Aun Weor, o Cristo deve arder primeiro no corpo humano, depois no fundo da alma e por fim no espírito. Esses são os Três Passos através das Sete Esferas, que marcam a ascensão do iniciado nas regiões ocultas do Universo.
A base oculta da Semana Santa envolve o trabalho consciente com as forças dos sete planetas clássicos: Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno. Cada etapa da jornada espiritual corresponde ao despertar da chama divina em um dos nossos corpos internos: físico, vital, astral, mental, causal (ou mundo de Vênus), búdico e, por fim, átmico. É no sétimo dia que o iniciado, após sua jornada, recebe o Batismo do Fogo, que o transforma radicalmente, como revelado por Samael Aun Weor.
Todo esse drama, descrito nos Quatro Evangelhos, é um acontecimento interior, atual e profundamente simbólico. Os Três Traidores — Judas, Pilatos e Caifás — são entidades dentro de nós. Judas representa o desejo, Pilatos a mente racional que justifica tudo, e Caifás a má vontade. Eles são os que vendem o Cristo interior por “30 moedas de prata”, ou seja, por prazeres mundanos, sensualidade e interesses egoístas.
As multidões que pedem a crucificação do Cristo não pertencem ao passado. Elas estão dentro de nós: são nossos agregados psíquicos, os “demônios vermelhos de Seth”, como explica Samael Aun Weor, que clamam contra o Cristo íntimo. Esses elementos internos escarnecem, agridem, coroam com espinhos e levam o Cristo à morte dentro de nós mesmos.
Contudo, o verdadeiro iniciado deve viver esse drama, não como um conto antigo, mas como uma realidade presente. A crucificação é seguida pela ressurreição: ao terceiro dia, o Cristo ressurge dentro do iniciado, que se converte numa criatura divina, além do bem e do mal.
O Cristo, o Espírito do Fogo, quer descer a cada um de nós para queimar os agregados psíquicos, dissolver o ego e nos transformar em Seres Luminosos. O Cristo é INRI — Ignis Natura Renovatur Integram — o Fogo que renova a natureza.
Os Doze Apóstolos também não devem ser vistos apenas como figuras históricas. Segundo Samael Aun Weor, eles representam as Doze Partes Fundamentais do nosso próprio Ser. Dentro de cada um de nós existe um Pedro, que domina os mistérios do sexo; um João, que representa o Verbo; um Tomás, que nos ensina a manejar a mente; e assim sucessivamente. Até mesmo Judas — um outro Judas — é aquele que compreende profundamente o Ego e nos guia na dissolução do "mí mesmo".
Cada Apóstolo é um poder vivo dentro de nós, e nos ensinam ciências superiores, viagens astrais, transmutação, sabedoria, e sacrifício pela humanidade. Como bem afirma Samael Aun Weor, o verdadeiro Cristianismo deve ser interior, esotérico, baseado na vivência direta, não apenas em tradições exteriores.
A Cruz do Calvário, símbolo central da Paixão, é também profundamente simbólica: o Lingam-Yoni, o princípio masculino e feminino da criação unidos, formam a cruz. Com esta cruz mística, o iniciado percorre o caminho até o Gólgota, onde a antiga personalidade morre e renasce em espírito.
O Cristo é sempre rejeitado por três tipos de pessoas, como explica Samael Aun Weor: os anciãos (os que se apegam ao passado), os escribas (os intelectuais dogmáticos) e os sacerdotes (os ligados ao poder religioso institucionalizado). Essas são forças que se opõem à verdadeira revolução interior proposta pelo Cristo Íntimo.
É preciso queimar todos os preconceitos, crenças falsas, desejos e vícios com o fogo de Fohat — o Fogo Sagrado. Nenhuma teoria, nenhuma crença pode nos salvar. Apenas a morte do ego nos liberta. A “Babilônia Interior”, cidade psíquica cheia de vícios e demônios, deve ser destruída para que possamos edificar a Jerusalém Celestial, cujos doze fundamentos têm o nome dos Doze Apóstolos — as Doze Potestades do Ser.
Cada uma das doze portas dessa cidade representa um aspecto do nosso Ser Divino. São portais de luz, de esplendor e liberdade, construídos com o ouro espiritual, forjado na “forja dos Ciclopes” — símbolo do trabalho alquímico interior.
A Jerusalém Celestial não precisa de sol ou lua exteriores, pois o Senhor — o Cristo Íntimo — é sua luz. E esse Cristo habita dentro de nós, aqui e agora.