Terça, 15 Abril 2025 22:00

Brasília e a Missão Espiritual de Juscelino Kubitschek

  • tamanho da fonte diminuir o tamanho da fonte aumentar o tamanho da fonte
  • Imprimir
Avalie este item
(2 votos)
(Reading time: 2 - 4 minutes)

Brasília, a cidade que brotou do cerrado em apenas 41 meses, é para muitos um símbolo de modernidade, planejamento e desenvolvimento nacional.

Mas sob sua superfície racional e concreta, há quem enxergue algo muito mais profundo: uma missão espiritual codificada em formas, traçados e intenções. Dentro dessa perspectiva, uma teoria curiosa — e fascinante — ganha espaço nos meios esotéricos e espiritualistas: a de que Juscelino Kubitschek, o homem por trás da construção da capital, teria sido, em uma vida passada, o faraó egípcio Akenaton.

Akenaton, conhecido como o “faraó herege”, reinou no Egito por volta de 1350 a.C. e foi o responsável por um dos movimentos religiosos mais ousados da antiguidade: a tentativa de substituir o politeísmo tradicional egípcio pelo culto exclusivo ao deus solar Aton. Além disso, fundou uma nova capital, Akhetaton, inteiramente planejada de acordo com sua visão espiritual e cósmica. Reformador, visionário, mas incompreendido, Akenaton foi praticamente apagado da história egípcia logo após sua morte.

akenaton-juscelino

Milênios depois, no Brasil do século XX, Juscelino Kubitschek também ousou transferir a capital de um país para o interior, criando uma cidade inteiramente nova a partir do nada. Um projeto arrojado, moderno, quase utópico — e, segundo algumas correntes místicas, não apenas político, mas também espiritual. Autores como José Trigueirinho Netto, um dos mais proeminentes pensadores espiritualistas brasileiros, sugerem que JK teria atuado sob influência direta de hierarquias superiores. Para Trigueirinho, Brasília é uma cidade-luz, estrategicamente posicionada como centro energético do planeta, e destinada a cumprir um papel vital na elevação da consciência humana. Em seus livros, como “A Cidade da Luz” e “Os que vêm de Orion”, ele insinua que JK foi escolhido para essa missão por vínculos de alma com projetos anteriores de renovação espiritual — entre eles, sua suposta vida como Akenaton.

Essa teoria é reforçada por outros autores esotéricos, como Raymond Bernard, rosacruz francês que viveu no Brasil e escreveu sobre cidades iniciáticas e a presença de sabedorias ocultas por trás da fundação de certas metrópoles. Para ele, Brasília, assim como Akhetaton no Egito, ou cidades como Teotihuacán e Machu Picchu, foi concebida como uma espécie de templo a céu aberto, conectando céu e terra. Segundo essa visão, a capital brasileira teria sido planejada não apenas com critérios urbanísticos, mas também com base em princípios de geometria sagrada, numerologia, e alinhamentos energéticos com forças cósmicas.

As próprias formas da cidade alimentam essas interpretações. O traçado de Brasília, o famoso “Plano Piloto” de Lúcio Costa, é visto por muitos como uma cruz deitada — um símbolo de equilíbrio entre matéria e espírito — ou como um pássaro em voo, representando ascensão. Há quem veja até mesmo o contorno de um disco voador, sugerindo uma conexão com civilizações extraterrenas. A arquitetura de Oscar Niemeyer, ainda que o próprio arquiteto não se declarasse esotérico, também é interpretada como carregada de simbolismo: a catedral com suas colunas em espiral, como pétalas de lótus ou raios solares; o Congresso Nacional, com seus dois hemisférios opostos, evocando equilíbrio entre forças; a Praça dos Três Poderes, entendida como um triângulo sagrado.

mapa de brasília

Dentro dessa narrativa, Brasília não seria apenas a sede do governo brasileiro, mas um polo espiritual da nova era. Um lugar onde se reuniriam energias sutis voltadas para o despertar da humanidade. Não à toa, diversos templos esotéricos e centros místicos foram erguidos ali, como o Templo da Boa Vontade, com sua pirâmide de sete faces e cristal no ápice, ou a sede da Legião da Boa Vontade, que enxerga Brasília como ponto de irradiação de luz para o mundo.

É nessa teia de coincidências — ou sincronicidades — que a teoria da reencarnação de Akenaton como Juscelino ganha força. Ambos líderes visionários. Ambos criadores de cidades planejadas. Ambos cercados de resistência, mas impulsionados por uma fé inabalável em seus projetos. Ambos associados à luz solar, ao futuro, à tentativa de instaurar uma nova ordem espiritual.

No fim das contas, independentemente de se aceitar ou não essas interpretações como verdades literais, elas revelam uma dimensão simbólica rica sobre Brasília e seu criador. A cidade, com sua arquitetura etérea e silêncio cerimonial, parece guardar um segredo antigo, uma espécie de eco de civilizações passadas e visões futuras. Talvez, como sugerem os místicos, ela seja mesmo uma semente plantada por uma alma antiga, determinada a concluir em solo brasileiro o sonho de uma humanidade iluminada.

Fontes e Leituras Recomendadas:

  1. "A Cidade da Luz" – Trigueirinho

  2. "Os que vêm de Orion" – Trigueirinho

  3. "O Templo do Sol" – Raymond Bernard

  4. "JK – O Artista do Impossível" – Cláudio Bojunga

  5. "Brasília Esotérica" – autores independentes (feiras místicas e sebos)

Informações adicionais

  • Complexidade do Texto: Avançado
Ler 26 vezes Última modificação em Quarta, 16 Abril 2025 13:12