Quarta, 12 Outubro 2022

Poema em Honra aos Grandes do Caminho

Escrito por Autor Desconhecido
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“Sou um dromedário errante em meio ao deserto de meus pecados, carregado de culpas vago na solidão de meu egoísmo, e na secura de meus lábios blasfemos procuro encontrar a figueira sagrada onde nasce o doce fruto da vida verdadeira.

Onde está o oásis que mana a água pura da vida eterna? Quem o sabe? Quem lhe habitará para todo o sempre? Dos poucos que ouviram falar e creram de todo coração, a maioria o guardião sombrio os derrubou no pó que hoje prende-se em minhas sandálias.

Ousadia, prudência, paciência, perseverança e coragem. Arma-te ainda mais meu amigo, prepara-te ainda um pouco mais, volta mais atento e humilde a cada derrota, caso contrário a legião inimiga te fará em pedaços.

Sim, sim, legião é seu nome ímpio. Pois terás que adquirir as mais variadas armas e versáteis habilidades se quiseres lutar o bom combate.

Se quiseres obter a honra sagrada de ser um guerreiro branco, e de ter a permissão dos Reis-magos para bater-te na arena mortal, no Jihad por tua própria vida.

Sim, sim, volta a ouvir este verme do lodo da terra. Houve o segredo mais oculto do santuário sagrado. Tu terás de te bater por tua própria vida. Para que não recebas a odiosa e inglória segunda morte. Já não amo este mundo, porém ainda não possuo a graça de estar para sempre unido a ti.

Esta é a noite escura de minha alma. Longa e penosa é a noite para aquele que está acordado. Já não há como voltar, mas tão longo é este caminho. Ó Deus, sou como uma nuvem destroçada entre dois mundos.

Espero diante da alva polar, destruir neste intervalo o dragão negro de meu ego. Para que possa ocupar no meu peito, seu lugar de direito, a santa estrela da manhã.

Tal qual o valente Arjuna, minha boca está seca e o oprime meu peito quando empunho a espada sagrada do discernimento e tento aniquilar meus tão queridos defeitos.

Quando penso que retirei para sempre o véu da cegueira e vou contemplar tua luz Argentina, um intrincado tapete persa é colocado sobre meus olhos, e novamente começam as duras provações da senda.

Esta paz ilusória que alcançaste é apenas um intervalo entre duas batalhas, permanece em guarda sussurra um Djin zombeteiro em meu ouvido secreto. Oh Amado, quando poderei entrar no jardim de tuas delícias? Quando se abrirá tua rosa mística no jardim de minha alma?

A culpa é toda minha, passei muitos eons tecendo estes véus encardidos que nublam a minha mente. Sem saber eu trabalhava para o inimigo secreto e me afastava cada vez mais de ti. Perdi a conta de minhas burradas passadas e de minhas blasfêmias sucessivas. Sim, sim. Blasfêmias profanas eram estas vidas diante de tua glória mais santa.

Os sacerdotes do templo branco apiedaram-se deste miserável pecador, curaram minhas asas rotas e recuperaram meus olhos com o brilho inefável da ciência do templo.

Quando acordei constatei estupefato que todo este mundo não passava de uma piada de mau gosto executada por um grupo de orangotangos diante do teu Augusto Trono. Este mundo não vale mais que a asa de um mosquito, ensinou-me o Grande Profeta Mohammed.

Quem encontrou o mundo encontrou um cadáver, pronunciou-se o meigo Kabir Nazareno. A glória deste mundo é como uma flor, bela pela manhã e já murcha a tarde sussurrou em meus ouvidos o meditativo Buda Sidarta. Amiguinhos, eu vi tudo que havia debaixo deste sol, e só encontrei vaidade.

Devas santos, exércitos de luz nascidos do verbo sagrado, filhos da aurora, pilares do templo branco, mestres de sabedoria. Sou um eterno aspirante rendido aos vossos pés de lótus.

Vós sois a família mais santa que ampara e consola o errante peregrino. Entre vós aprendi o significado da palavra Fraternidade. Da soleira do santuário aprendi o verdadeiro amor por todo o cosmo infinito.

Dancei a dança dos dervixes entre as estrelas do microcosmo interior. Por vossa graça vi as coisas inefáveis escondidas atrás do véu do santuário de Isis.

Cala-te, cala-te, cala-te profano. Sem vós eu não seria nada, para sempre uma sombra errante, o galho seco separado da videira sagrada. Aqueles que zombam de vossa sabedoria eterna cospem em suas próprias almas.

Aqueles que viram as costas para os Mestres de sabedoria dão as costas para o sol, para a fonte da vida, e passam a ser guiados por sua própria sombra.

Que o esforço de meus cansados pés, possam remover uma pedrinha no caminho dos que vierem depois de mim e eu poderei morrer em paz. Que a paz divina esteja sempre convosco. Pela graça de Deus, o compassivo o misericordioso. Que assim seja.”


Autor Desconhecido

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  • Complexidade do Texto: Intermediário
Ler 300 vezes Última modificação em Segunda, 14 Novembro 2022
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