Quarta, 22 Julho 2020

A Necessidade de Mudar a Forma de Pensar (Sunyata)

Escrito por Samael Aun Weor
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Mandala tibetana da tradição Naropa pintada no século XIX, Vajrayogini fica no centro de dois triângulos vermelhos cruzados, Museu de Arte de Rubin Mandala tibetana da tradição Naropa pintada no século XIX, Vajrayogini fica no centro de dois triângulos vermelhos cruzados, Museu de Arte de Rubin Anônimo / Domínio Público

Antes de tudo, é necessário conhecer as leis do trabalho esotérico gnóstico, se é que em realidade de verdade queremos uma mudança radical e definitiva.

Em nome da verdade, diremos que se por algum lugar temos de começar a trabalhar sobre nós mesmos, tem que ser em relação com a mente e com o sentimento. Seria absurdo, por exemplo, começar a trabalhar com o centro motor, que como vocês já sabem, relaciona-se com os hábitos, costumes e ações de tal centro.

Obviamente, isso seria começar por um faquirismo absurdo. A propósito de faquires, na Índia há faquires que levantam um braço para cima e o mantêm por tempo indefinido até chegar ao enrijecimento. Há outros que permanecem firmes num só lugar durante vinte ou trinta anos até se converterem em verdadeiras estátuas.

Mas, depois de tudo, o que ganham esses faquires? Desenvolver um pouco a força de vontade, e isso é tudo. Não podemos pensar que com isso consigam criar o corpo da vontade consciente, é claro que não. Não se pode criar um corpo fora da Nona Esfera. Se fosse possível criar algum corpo em ausência da Nona Esfera, nós teríamos nascido do ar, ou das águas de algum lago, ou de uma rocha... Não seríamos filhos de um homem e de uma mulher. No entanto, somos filhos na verdade de um homem e de uma mulher. Logo, a criação sempre se realiza na Nona Esfera, isso é óbvio. Nenhum faquir poderia criar o corpo da vontade consciente longe da Nona Esfera. Portanto, nada ganham os que se dedicam ao faquirismo, exceto que desenvolvem um pouco a força de vontade. Assim, começar pelo centro motor seria absurdo.

Ainda mais, começar a trabalhar com o centro sexual, sem ter uma informação correta do corpo da doutrina gnóstica; é absurdo, porque quem começa nessas condições não sabe o que está fazendo, não tem uma consciência clara do trabalho na Forja dos Ciclopes, podendo cair, é óbvio, em gravíssimos erros.

Recordemos que primeiro é o centro intelectual, segundo o emocional, terceiro o motor, quarto o instintivo e quinto o sexual. Existem ainda o sexto que é a emoção superior e o sétimo que é o mental superior. Mas se começássemos com os centros inferiores da máquina orgânica, cairíamos no erro.

Antes de tudo, nestes estudos, precisamos começar com os centros intelectual e emocional. Na verdade, necessitamos mudar nossa forma de pensar, do contrário seguiremos pelo caminho do erro. De que serviria, por exemplo, vocês assistirem a estas aulas e não mudarem sua forma de pensar? Aqui lhes são dados muitos exercícios esotéricos e orientação doutrinária, mas se vocês não mudam sua forma de pensar, de que lhes serve tudo o que aqui se diz?

É dito que há que se dissolver o ego, que há que se sacrificar pela humanidade, que há que se criar os corpos existenciais superiores do Ser, mas se vocês continuam pensando como antes, com os mesmos hábitos mentais de outros tempos, de que serve tudo o que aqui estão escutando? Aqui se diz que precisam desintegrar o Ego, mas se vocês continuam com seus velhos hábitos mentais, com suas formas e sistemas caducos de pensar, de que serve então a informação que lhes estamos dando?

Nas sagradas escrituras, fala-se claramente e precisamente muito próximo de São João Batista, sobre aquilo do vinho velho e do vinho novo. Que ninguém botaria, diz o Cristo, vinho novo em odre velho porque os odres velhos arrebentariam. Assim, pois, para o vinho novo precisa-se de odres novos. O grande Kabir Jesus também diz que ninguém pensaria em remendar ou por remendo em roupa velha, usando pedaços de roupa nova. Ninguém iria rasgar uma roupa nova para remendar uma velha; isso seria um absurdo!

Assim também este novo ensinamento é como o vinho novo e precisa de odres novos. E que odre é este? A mente. Se não abandonamos as formas caducas de pensar, se seguimos pensando como habitualmente antes o fazíamos, simplesmente estaremos perdendo tempo. Necessitamos mudar a forma de pensar. Para o vinho novo, odre novo se necessita.

Assim, precisamos mudar completamente a nossa forma de pensar a fim de receber este ensinamento. Este é o ponto grave da questão porque se recebemos este ensinamento e o acrescentamos à velha forma de pensar que tínhamos antes, a nossos velhos hábitos mentais, nada mais estaremos fazendo do que enganar a nós mesmos. Querer enganchar o vagão do ensinamento gnóstico a nosso velho vagão, todo gasto pelo tempo, cheio de lixo e imundícies, é enganar a nós mesmos. Antes de tudo, trata-se de preparar um recipiente para receber o vinho do ensinamento gnóstico; esse recipiente é a mente. Só assim, com um recipiente novo, transformado, um recipiente verdadeiramente magnífico, pode-se receber o vinho do ensinamento gnóstico. Isto é o que quero que todos os irmãos compreendam.

Necessitamos que as emoções negativas sejam eliminadas de nós, porque essas emoções negativas não permitem uma mudança de fundo. É impossível transformar-nos se ainda possuímos dentro de nós emoções negativas. Temos de erradicar as emoções de tipo negativo de nosso coração, elas são verdadeiramente prejudiciais em todos os sentidos. Uma pessoa que se deixa levar por emoções negativas, torna-se cem por cento mentirosa.

Já contei a vocês em uma aula passada o caso de um Sr. XX, que atualmente se encontra à beira da morte. Este bom homem veio a ter uma embolia cerebral. Motivo? Muito claro. E o repito: alguém o informou (mal) que sua irmã havia sido vítima de uma fraude. Tal informação foi depois examinada e viu-se que era falsa. Mas ele falou com sua irmã e acreditou nessa calúnia infundada. Ele levou o assunto tão a sério que sofreu uma embolia cerebral, e nestes momentos se encontra à beira da morte. Vejam vocês o caso...

De modo que então as emoções negativas nos levam ao fracasso. Sua irmã ainda continua convencida de que foi vítima de uma fraude. É óbvio que calunia um inocente, mas ela está certa de que foi vítima Examinei o caso pessoalmente e me dei conta de que ela mesma estava se auto-enganando, estava mentindo para si mesma, vítima das emoções negativas, e ao mesmo tempo caluniando a outro de forma inconsciente. Portanto, as emoções negativas a tornam um tipo mentiroso. Observem como as pessoas mentem, como emitem falsos julgamentos e depois se arrependem, mas já é tarde. Assim, devemos eliminar as emoções negativas de nossa natureza.

A mentira é certamente uma conexão falsa... O normal é que a energia do Pai, a vida do Ancião dos Dias, de nosso Ser Interior Profundo, flua através da organização cósmica interior até chegar à mente. Se nós fazemos uma conexão falsa, essa energia já não pode fluir, é como se cortássemos o fio elétrico, então a energia elétrica não chega à lâmpada que nos ilumina. Assim, a mentira, já disse e repito, é uma conexão falsa. Quando alguém se enche de emoções negativas, torna-se mentiroso; esta é a realidade dos fatos.

Se verdadeiramente compreendemos tudo isto e começamos a mudar a nossa forma de pensar e de sentir, breve isso se refletirá em nossas ações.

Uma vez que alguém tenha mudado sua forma de pensar, sentir e agir, então estará perfeitamente pronto para começar a trabalhar nos Mistérios do Sexo. Mas o erro de alguns missionários é querer que as pessoas comecem de uma vez a trabalhar com a maithuna na Nona Esfera, sem que conhecer ainda o corpo da doutrina. Isso seria absurdo, porque as pessoas que não mudaram sua maneira de pensar, que continuam com os mesmos hábitos, que mantêm a mesma forma de sentir, que são vítimas das emoções negativas, não compreendem estes mistérios do Sexo e os profanam.

Por isso é que Paracelso insiste em que antes de tudo há que conhecer a ciência, para depois dar início ao trabalho na Nona Esfera... E nisto tem razão Felipe Teofrasto Bombasto de Hohemhein, Aureola Paracelso. Comecemos então por mudar nossa maneira de pensar e de sentir.

Muitos recebem aqui ensinamentos esotéricos, mas continuam pensando como antes, como pensavam há vinte anos... Que sucede então? Estamos perdendo o tempo! Se o ensinamento é dado para que as pessoas se auto-realizem, para que mudem, e continuam pensando como antes, obviamente estão indo muito mal.

Conheço irmãozinhos gnósticos que têm vinte ou trinta anos de ensinamento gnóstico e ainda pensam como o faziam quando tinham vinte ou trinta anos de idade. Muito ilustrados, manejam muito bem as idéias, mas se examinamos detidamente suas vidas, seus costumes, vemos que são os mesmos de antes. Conheço irmãos até muito judiciosos, missionários e tudo, que falam muito bem sobre a Gnose, que manejam o corpo de doutrina de forma extraordinária, mas estive os observando e acontece que agem como quando não eram gnósticos, agem como atuavam há trinta anos atrás. Têm os velhos costumes que tinham quando nada sabiam sobre estes estudos, continuam com os mesmos e velhos costumes! Que estão fazendo esses irmãos? Obviamente estão se auto-enganando miseravelmente; isso é óbvio.

Assim, temos de começar por mudar nossa maneira de pensar e depois a maneira de sentir. Colocar o vinho novo (o vinho gnóstico) em odre novo, não em odre velho. Uma mente decrépita, cheia de velhos hábitos, de hábitos de vinte ou trinta anos atrás, não está preparada para receber o vinho da gnose. Uma mente assim precisa forçosamente passar por uma mudança total, do contrário estará perdendo seu tempo miseravelmente.

Que é o que queremos com tudo isso? Despertar consciência, não é verdade? Essa é a verdade. Isso é o que queremos, despertar.

No mundo oriental, não se ignora que as pessoas estão adormecidas, ninguém ignora. Mas no mundo ocidental as pessoas crêem que estão despertas. No entanto, fazem coisas que não querem fazer. Lançam-se à guerra, e não querem ir à guerra, mas sempre vão, ainda que não o queiram. Por que? Porque estão hipnotizados. Vocês sabem que se ordenamos a um sujeito hipnotizado que vá e mate alguém, ele vai e mata. Isso já está previsto no Código Penal de todos os países da Terra. Assim também acontece com as pessoas de todas as latitudes, estão hipnotizadas, ainda que julguem estarem despertas. Se lhes dizem que chegou a hora de ir para a guerra, vão à guerra. Não querem ir, mas vão. Por que? Porque estão hipnotizadas. Isso é gravíssimo, mas tremendamente certo!

Que necessitamos sair do sono hipnótico é verdade, mas como saímos do sono hipnótico? Se estivermos contentes com nossos hábitos mentais, com nossos sistemas de raciocinar, com nossos hábitos sentimentais, com nossos diferentes hábitos e costumes adquiridos pela hereditariedade e com a família, então ainda que estejamos aqui nesta sala escutando os ensinamentos, simplesmente estamos perdendo tempo.

Perguntem-se a si mesmos para que vieram? Com que objetivo estão aqui reunidos nesta sala? Se estiverem aqui reunidos por mera curiosidade, valeria mais que não tivessem vindo. Se de verdade lhes anima o anelo de mudar, mas continuam muito contentes com suas velhas normas de pensar, simplesmente estão se auto-enganando. Se vocês querem enganchar o carro da Gnose a seu velho trem carcomido pelo tempo e apodrecidos até o tutano dos ossos, pois estão fazendo um jogo muito idiota, que a nada conduz. Portanto, não enganemos a nós mesmos.

Se vocês querem mudar, sejam sérios e comecem por mudar a sua maneira de pensar. Cada um tem a sua forma de pensar e cada um julga que a sua forma de pensar é a mais correta. Mas na realidade e em verdade, as diversas maneiras de pensar de cada um ou de todos em conjunto, de corretas não têm nada, porque estão todos hipnotizados. Como pode pensar corretamente uma pessoa que está hipnotizada? Mas vocês crêem que estão pensando corretamente; eis aí o seu erro. Seus hábitos mentais não servem... Se quiserem mudar de verdade, aqui têm o ensinamento novo, aqui têm o vinho da gnose, mas, por favor, tragam odres novos para este vinho, não odres velhos; porque o vinho novo arrebenta os odres velhos. Interessa-me dar o ensinamento, mas dá-lo seriamente. Por isso, convido-os a mudar sua forma de pensar.

Por acaso já refletiram sobre o que é a consciência? A que poderíamos comparar a consciência? A um foco de luz que se dirige de um lugar para outro; isso é óbvio. Devemos aprender a aproveitar a consciência onde deva ser colocada. Onde está a consciência, ali estamos nós.

Neste momento, vocês me escutam, porém estão seguros de que a consciência de cada um está aqui? Se está aqui, me congratulo, porém estão seguros de que está aqui? Pode ser que esteja em casa, no bar... pode ser que esteja no supermercado e que aqui estejamos vendo só a personalidade de tal ou qual irmão.

Portanto, onde está a consciência, ali estamos nós. Temos é de aprender a aproveita-la inteligentemente, sabendo onde deve ser colocada. Se colocamos nossa consciência num bar, ela se processará em virtude desse bar. Se a colocamos numa casa de encontros, ela se processará ali. Se a colocamos num negócio, seja um bom negócio ou um mau negócio, onde quer que ela esteja, ali estaremos nós.

Infelizmente, a consciência está engarrafada. Assim, um eu da luxúria poderá a levar a uma casa de encontros, um eu festivo a levará à casa de algum amigo, etc. por acaso, parece-lhes correto não saber dirigir a consciência? Entendo que é absurdo leva-la a lugares onde não deva estar, isso é óbvio. Infelizmente, repito, nossa consciência atualmente está enfrascada, engarrafada, dentro de diferentes elementos inumanos que carregamos em nosso interior.

Precisamos quebrar todos esses elementos inumanos dentro dos quais está a consciência engarrafada. Mas, digam-me, conseguiríamos isso sem mudar a nossa maneira de pensar, se estamos contentes com os velhos hábitos caducos e extemporâneos que temos na mente? Conseguiríamos por acaso despertar a consciência? Claro que não! Se alguém quer mudar, terá de mudar a partir de agora mesmo; terá de mudar seus hábitos mentais, sua maneira de pensar. Quando alguém muda de verdade, dá origem a mudanças internas. Quando alguém muda sua maneira de pensar, pode mudar totalmente seu interior. Como pode alguém dizer que vai provocar uma mudança em sua consciência interior se se deixa levar para onde os eus querem? Realmente, não sabem usa-la e isso é verdadeiramente lamentável. Se queremos uma mudança, mas de fundo, devemos também ir aprendendo a saber que coisa é essa que se chama consciência.

Foi-nos dito no mundo oriental que antes de nascer o boddhisattwa deve nascer em nós o boddhisita. Antes de tudo, que coisa é essa que se chama boddhisattwa? Alguns sabem e outros não sabem.

Blavatsky disse certa vez que quem possui os corpos causal, mental, astral e físico, é um boddhisattwa. A alma humana, a alma causal, vestida com tais corpos é um boddhisattwa. Logo, boddhisattwa é uma alma humana revestida com os corpos existenciais superiores de Ser. No budismo mahayana ou mahayani, n~so s~so reconhecidos como boddhisattwas senão aqueles que se sacrificaram pela humanidade através de sucessivos mahamvantaras. O budismo mahaiânico diz: Há duas classes de boddhisattwas:

1º) Os budas praytecas, melhor dizendo, os aspirantes a budas praytecas. Esses jamais se sacrificam pela humanidade, nunca dão sua vida por seus irmãos. É claro que jamais encarnam ao Cristo Ìntimo.

2º) Os outros são os verdadeiros boddhisattwas. São aqueles que renunciam a felicidade do Nirvana por amor à humanidade. São aqueles que em diferentes mahamvantaras deram seu sangue pela humanidade,preferindo isso a viver felizes no Nirvana. Renunciam a qualquer felicidade por seus irmãos da Terra. São os únicos que conseguem verdadeiramente encarnar ao Cristo.

Porém, voltemos a isso de boddhisita. Que coisa é um boddhisita? A consci~encia já desperta, desenvolvida, convertida em embrião áureo, é, pois, a verdadeira armadura argentada que pode nos proteger das potências das trevas e que nos dá a sapiência e a experiência. Antes de que surja o boddhisattwa no interior de alguém, surge o boddhisita, isto é, a consciência desperta e desenvolvida. Vejam quanto vale esse dom que se chama consciência! É lástima que a humanidade tenha sua consciência enfrascada no Ego. É claro que enquanto as pessoas continuarem pensando como pensam, sentindo como sentem, com seus velhos e rançosos costumes, não poderão despertar a consciência; esta continuará hipnotizada. Como corolário ou conseqüência diremos que aí nunca surgirá o boddhisita. Quando o boddhisita, que é a consciência desenvolvida e desperta, surge em alguém, no aspirante, logo aparece o boddhisattwa. Obviamente, o boddhisattwa vai se formando no clíma psicológico do boddhisita. É grandioso o boddhisita!

Na realidade e de verdade, meus caros irmãos, é grande quando alguém muda verdadeiramente a sua maneira de pensar porque então e só então trabalhará para despertar a consciência, porque então e só então fará em trabalho sério que o conduza ao nascimento do boddhisita, antes não é possível.

Vivemos num mundo doloroso infelizmente. Todos estão cheios de dor, de sofrimentos. A felicidade não existe neste mundo, não é possível... Enquanto houver Ego, tem que haver dor. Enquanto continuemos com nossa forma de pensar rançosa, não poderemos ser felizes. Enquanto formos vítimas das emoções negativas, será impossível qualquer tipo de felicidade. Precisamos de verdade chegar à felicidade. Jamais poderemos atingir tal sucesso se não despertarmos a consciência e não despertaremos a consciência, se continuarmos com a maneira de pensar que atualmente temos. Assim, pois, convém que vejamos como estamos pensando... Mudemos essa forma antiquada de pensar e preparemos odres novos para ovinho novo da gnose. Assim, trabalharemos de verdade.

Este mundo é sustentado pelas leis de causa e efeito que são as leis do carma. (Também se lhes chama leis de ação e conseqüência: tal ação, tal conseqüência). Este é um mundo bastante complexo, um mundo de associações, de múltiplas combinações, de incessantes abismos, de luta dos opostos, etc. Nestas circunstâncias, não é possível haver felicidade neste mundo. Cada um de nós têm de pagar seu carma e estamos cheios de dívidas. Esse carma nos traz obviamente muita dor, muita amargura; não somos felizes.

Muitos julgam que poderiam chegar à felicidade através da mecânica da evolução. Este conceito é falso porque a mecânica é mecânica. A lei da evolução e a lei da involução constituem o eixo mecânico desta engrenagem que se chama natureza. Há evolução no grão que germina, na planta que se desenvolve e por fim dá frutos. Há involução na planta que entra em decrepitude e por último se converte num montão de lenha. Há evolução na criança que se forma no claustro materno, na criatura que nasce, que cresce, se desenvolve e vive sob a luz do sol. Mas existe involução noser humano que envelhece, decresce, entra na decrepitude e por fim morre. Isso é completamente mecânico.

Sob certo sentido, vista à luz das doze nidanas, a lei do carma também é mecânica. O que precisamos é justamente nos libertar da lei do carma. Necessitamos nos libertar desse movimento mecânico da natureza. Precisamos nos tornar livres e isso não é possível através da evolução mecânica. A evolução mecânica processa-se de acordo comas leis de causa e efeito, de associações e combinações múltiplas, etc. O que é mecânico é mecânico. Precisamos nos libertar da lei de evolução e também da lei de involução. Precisamos dar um grande salto para cair no vazio iluminador.

Obviamente, a teoria da relatividade que Albert Einstein ensinou possui uma antítese: o vazio iluminador. O relativo é relativo. A engrenagem da relatividade funciona com a lei dos opostos. Na luta das antíteses há dor e isso não é felicidade. Se queremos a autêntica felicidade, devemos escapar da mecânica das leis da relatividade.

Tinha apenas 18 anos quando quis dar o grande salto, passar para além do tempo e evidenciar isso que não é do tempo, isso que poderíamos chamar a experiência do prajna paramita no mais cru realismo. Não será demais enfatizar a informação de que tais vivências tive de repetir três vezes. No vazio iluminador, não existe dualismo conceitual de espécie alguma. A engrenagem da relatividade não funciona no vazio iluminador. A lei das mútuas combinações, das associações mecânicas,não é possível no vazio iluminador. Toda a relatividade de Einstein fica destruída no vazio iluminado. Indubitavelmente, a experiência do vazio iluminador só é possível no estado de samadi ou como se diria na Índia, em prajna paramita.

No vazio iluminador, não existem formas de espécie alguma. Poderia se dizer que ali alguém passa para além do universo e dos deuses. No vazio iluminador, encontra-se a resposta correta para a questão: Se todo o universo de reduz à unidade, a que se reduz a unidade? Tal resposta não é possível para a mente lógica ou pelo menos para a mente que funciona de acordo com a lógica formal. No vazio iluminador tal resposta não é necessária, porquanto admite uma realidade potente em si mesma. Todas as coisas se reduzem à unidade e a unidade também se reduz a todas as coisas. Então, entra-se nesse estado que é o mahasamadhi... diríamos que se vive em todas as coisas desprovido de tudo Isto por si só já é grandioso sublime e inefável.

O vazio iluminador só se torna possível através do Grande Salto e sob a condição de se ter passado pela aniquilação budista total. Do contrário, não é possível. Naquela época, ainda não tinha passado pela aniquilação budista e à medida que me aproximava obviamente da Grande Realidade, a consciência se expandia de forma desmesurada. É óbvio que, nesta situação, não tenso passado pela aniquilação budista , senti um terror indizível, motivo pelo qual retornei ao universo da realidade de Einstein. Repito, pois, três vezes experimentei o vazio iluminador.

Existe uma intuição de tipo transcendental, porquanto que no terreno da intuição ou no mundo da intucionalidade há diferentes graus de intuição. Inquestionavelmente, o mais elevado grau de intuição é o das mentes filosófico-religiosas ou filosófico-místicas. /este tipo de intuição corresponde ao prajna paramita. Tal faculdade permitiu que passasse para além do mundo do vazio iluminador, para a Grande Realidade. Quero afirmar de forma enfática que este caminho da gnose conduz à Grande Realidade, a qual está além do universo da relatividade, isto é, além das leis mecânicas da relatividade e além do vazio iluminador. No entanto,para nós cabe passar pela suprema aniquilação a fim de que a consciência convertida em boddhisita, totalmente desperta, possa dar o Grande Salto para o vazio iluminador.

Já lhes disse, temos de começar mudando a nossa maneira de pensar para podermos trabalhar corretamente sobre nós mesmos. Jamais poderíamos conceber o despertar da consciência, o desenvolvimento do boddhisita, sem antes se mudar a forma de pensar. É necessário saber meditar, compreender o que é a técnica da meditação, o objetivo da meditação. O que queremos nós com a meditação?

Ninguém poderia ter sua mente em santa paz com esse pensar caduco e extemporâneo que carrega. Ninguém poderia ter paz em seu coração, se não tivesse eliminado previamente de si as emoções negativas prejudiciais. Quando um Arhat gnóstico submerge em si mesmo, nesses instantes, põe-se a trabalhar sobre algum elemento inumano que descobriu através da auto-observação. Suponhamos que descobriu a ira, então passará a compreender o agregado psíquico da ira com a ajuda de sua Divina Mãe Kundalini. Poderá invoca-la para que o ajude. Descoberto o agregado psíquico, ela se proporá a desintegrar tal agregado a fim de que o amor venha em sua substituição. Conforme forem sendo desintegrados todos esses agregados psíquicos que carregamos em nosso interior, a consciência irá despertando.

Muito se tem falado na gnose sobre o sexo, mas primeiro devemos mudar a nossa maneira de pensar para que nos tornemos mais conscientes do ensinamento. Somente assim trabalharemos com êxito na Forja Acesa de Vulcano.

Não queremos de modo algum eludir os mistérios sexuais. Espero que vocês entendam que o caminho que conduz à Talidade é, sublimem isto, completamente, absolutamente sexual.

Não resta dúvida de que um solteiro, ou uma solteira, podem dissolver, à base de muita compreensão, uns cinqüenta por cento dos agregados psíquicos, sempre e quando se apela à Mãe Divina Kundalini durante a meditação.

Mas há elementos psíquicos muito pesados, que correspondem ao mundo das 96 leis, e estes não se desintegram a não ser com o movimento elétrico da suástica em ação, que gera determinado tipo de eletricidade sexual transcendente.

Obviamente, a mulher-serpente, ou seja, a princesa Kundalini, a Divina Mãe Cósmica, é reforçada com este tipo de eletricidade. Então, com seu poder elétrico, pode desintegrar atomicamente os elementos psíquicos mais pesados, dentro dos quais está engarrafada a consciência.

Assim, pouco a pouco, chega o instante em que a consciência fica completamente liberada, desperta, pronta para dar o grande salto e cair no Vazio Iluminador, que é a ante-sala da grande realidade.

Em todo este mundo nos criticam muito porque damos ênfase ao sexo, e muitos dizem que há outros caminhos que podem conduzir à Grande Realidade. É óbvio que cada um é livre para pensar como quiser, mas, em nome da verdade, por experiência mística direta, acumulada no fundo de minha consciência através de sucessivos mahavantaras, posso dizer-lhes que o caminho que conduz diretamente à Grande Realidade, à Talidade, além do Vazio Iluminador e da mecânica da relatividade, é absolutamente sexual, cem por cento.

Aqueles que discordam desta questão, revelam, com esse proceder psicológico, desconhecimento da crua realidade.

É óbvio que quem tem verdadeira experiência nestas questões, através de sucessivos mahavantaras, sabe muito bem que é assim. Não é possível escapar definitivamente da mecânica da relatividade por outra porta ou por outro caminho que não seja o direto, o que leva à Grande Realidade.

Sunyata é um termo budista muito interessante, nos indica perfeitamente a experiência mística, vivida, daquele que não só experimentou o Vazio Iluminador, como também chegou além, muito além, à Talidade, à Grande Realidade.

Dentro do terreno exclusivamente esotérico-místico, búdico-crístico, discordo de muitos budistas ortodoxos. Repito, dentro do terreno exclusivamente místico-budista, discordo de muitos místicos budistas ortodoxos que põem o Vazio Iluminador como o máximo.

Nós, os gnósticos, vamos além da mecânica da relatividade, além desta maquinaria da teoria da relatividade de Einstein, fundamentada no dualismo conceitual, e ainda além do Vazio Iluminador.

Nós queremos a Grande Realidade, a experiência vivida, Sunyata. A vívida experiência do prajna-paramita.

Graças a Deus, temos em nosso interior a consciência. É precisamente o Dom mais precioso, lástima que esteja aprisionada no ego. Mas, se conseguirmos libertar a consciência, então estaremos prontos para o grande salto, para o salto supremo.

Uma consciência liberta é uma consciência que pode mergulhar na grande realidade da vida livre em seu movimento. Esta grande realidade é felicidade inesgotável, além do corpo, das emoções e da mente. É uma felicidade impossível de descrever com palavras.

Todos queremos a felicidade e não temos a felicidade. Necessitamos ser felizes, mas não é possível sermos felizes em um mundo de combinações. Não é possível sermos felizes dentro desta maquinaria da relatividade.

Lembremos que o ego é cego, que o ego é um livro de muitos tomos e está sujeito às leis de causa e efeito.

É hora de pensarmos em nos libertar do Karma, de nos livrar deste mundo doloroso, desta maquinaria tão infernal. É hora de pensarmos na verdadeira felicidade da Grande Realidade.

Por isso,os convido a mudar sua forma de pensar. Porque se vocês mudarem, poderão trabalhar sobre si esmos para despertar a consciência. Mas se não mudarem sua forma de pensar, se somente querem esta doutrina para engatá-la a seu trem decrépito e degenerado, estarão perdendo tempo.

Quero a felicidade para vocês, a verdadeira bem-aventurança do Ser.

Precisamos que vocês aprendam a meditar, no mais profundo, que saibam meditar.

Quando alguém chega a uma verdadeira concentração, chega à verdadeira felicidade.

Se eu não tivesse tido, em minha mocidade, a experiência do Vazio Iluminador, não estaria falando com vocês agora da forma que estou falando. Esta experiência vivida jamais se apagou de minha consciência, nem de meu coração .

É possível que numa prática de meditação profunda a consciência de um ser humano possa escapar do ego experimentar a felicidade do Vazio Iluminador. É óbvio que, se consegue, trabalhará com prazer sobre si mesmo, trabalhará com ardor, pois terá experimentado, seriamente, em ausência do ego, isso que é a Verdade, isso que não é do tempo, isso que não é do tempo, isso que está além do corpo,das emoções e da mente.

Aqui lhes ensinei uma forma simples de meditar,porque há um tipo de meditação que é dedicado à auto-exploração do ego, com o propósito de desintegrá-lo e reduzi-lo a cinzas. Também há outro tipo de meditação que tem por objetivo chegar um dia à experiência do real. Oxalá vocês possam conseguir, para que prossigam animados interiormente e trabalhem sobre si mesmos. Contudo, entendo que é necessário ter algum mantram que sirva.

O mantram que vou lhes dar é muito simples: gate, gate, paragate, parasangate, bodhi Suaha. Este mantram pronuncia-se assim: gaaateee, gaaateee, paaarrraaagaaateee, parasangate, booodhiii suaaaahaaa... Em nossos corações tem que ficar gravado.

Este mantram se pronuncia suavemente, profundamente, e no coração. Pode também usar-se como verbo silencioso, porque há dois tipos de verbo, verbo articulado e verbo silencioso. O verbo silencioso é poderoso.

Este mantram abre o olho de Dagma. Este mantram, profundo, um dia os levará a experimentar o Vazio Iluminador, na ausência do Ego. Então saberão o que é o Sunyata, então vocês entenderão o que é o prajna paramita.

Perseverança é o que se necessita, com este mantram vocês poderão chegar muito longe.

Convém experimentar a Grande Realidade alguma vez, isso nos enche de ânimo para lutar contra nós mesmos. Essa é a vantagem do Sunyata, esta é a maior vantagem que existe com relação à experiência do Real.

E para aproveitara meditação e o mantram devidamente, vamos entrar por um momento em meditação com o mantram. Portanto, rogo a todos os irmão entrar em meditação.

Relaxamos o corpo completamente e depois nos entregamos totalmente a nosso Deus interior profundo, sem pensar em nada, enicamente recitando o mentram completo, com a mente e o coração.

A meditação deve ser profunda, muito profunda, os olhos fechados, o corpo relaxado, completamente entregues a nosso Deus interior.

Não se deve admitir nenhum pensamento nestes instantes, a entrega a nosso Deus deve ser total, somente o mantram deve ressoar em nossos corações.

Apaguem as luzes e relaxem o corpo.

Relaxamento completo e entrega total a nosso Deus interior profundo. Não pensem em nada de nada.....

Recitarei o mantram, o repetirei muitas vezes para que não se esqueçam: 

gaaateee, gaaateee, paaarrraaagaaateee, parasamgaaateee, booodhiii suaaahaaa....

Continuem repetindo em seus corações, não pensem em nada... Entreguemo-nos a nosso Deus...

Sintam-se como um cadáver, como um defunto...

Informações adicionais

  • Complexidade do Texto: Avançado
Ler 843 vezes Última modificação em Domingo, 26 Julho 2020