Despertar a Consciência, Ativar os Chacras, Autoconhecimento, Clarividência, Intuição, Kundalini, Iluminação, Ego, Ser, Mestres, Loja Branca, Meditação, Yoga e tantas outras palavras foram virando termos corriqueiros para chamar as pessoas para diversos tipos de cursos, palestras e atendimentos. Banalizando a jornada interior como algo que se atinge através de alguma “milagrosa” técnica, de um mantra “poderoso”, de seguir algum “guru” das redes sociais. E que além disso, supostamente, só está acessível para alguns poucos que podem pagar por aquele “conhecimento” tão secreto que só aquela escola/pessoa/instituição possui, algo bem “exclusivo” mesmo.
Tristemente percebemos que muitas pessoas de boa-fé, com muitas inquietudes espirituais, com verdadeiros anseios da alma são enganadas por essas falsas promessas. Já que se formou uma zona nebulosa entre o que é o verdadeiro ensinamento espiritual, o que é o esoterismo autêntico dos Grandes Seres que vieram auxiliar a humanidade através dos séculos e o que são os “pseudo” gurus e mestres. E o que chamamos de pseudo? Algo que parece com a verdade, mas é uma mistura de muita falácia, mentira, desconhecimento, charlatanismo e uma pitada de verdade para que seja algo crível.
O pseudo esoterismo, o pseudo misticismo, a pseudoespiritualidade, são como ervas daninhas já que tira do indivíduo a possibilidade de trilhar o verdadeiro caminho interior, por meio de falsas promessas, práticas e ensinamentos. É difícil para a pessoa discernir o que é verdade e o que é mentira dentro dessas doutrinas superficiais e talvez ela passe uma vida inteira “presa” nesse labirinto sem se dar conta. Principalmente, se está dando os primeiros passos dentro desse universo, que é tão vasto, do autoconhecimento. O verossímil seria equivalente a um delicioso bolo que parece apetitoso e bonito por fora, mas que por dentro está repleto de veneno e ao comermos esse bolo sentimos imediatamente o seu delicioso sabor, mas que pouco tempo depois amargamos no ventre os seus efeitos nocivos.
Assim, o que percebemos ao longo de mais de duas décadas é que se por um lado o crescimento do holismo, do misticismo, e do interesse pelos assuntos espirituais foi positivo e abriu a possibilidade para muitas pessoas adentrarem esse mundo novo. Ele também trouxe consigo todo um conjunto de pessoas apenas interessadas em dinheiro, em ludibriar os seus semelhantes usando da fé alheia, da fragilidade emocional, do desconhecimento e talvez da ingenuidade sobre esses assuntos.
O Pseudo é aquele que vai dizer: “desperte o Kundalini através da respiração!”, “Desenvolva a clarividência somente com esse segredo!” e mais tantas outras promessas vazias que não irão se cumprir e apenas fará com que a pessoa com o tempo se afaste se sentindo enganada e talvez feche as possibilidades para a verdadeira espiritualidade entrar em seu coração.
Então a partir de tudo isso podemos agora debruçar no que seria realmente a verdadeira jornada espiritual interior. Primeiramente já podemos dizer, que é algo de uma vida inteira, não são meses, nem anos, não tem atalho e nem dicas milagrosas. Todas as terapias, técnicas, práticas e conhecimentos disponíveis são meros instrumentos, são ferramentas para facilitar o nosso autoconhecimento.
Porque a verdadeira jornada interior está alicerçada basicamente no autoconhecimento profundo, na mudança radical e na conduta reta. Só por essa frase já podemos perceber algo bem interessante, se o que estou aprendendo não tem ressonância em minha vida prática, se nada muda, então não podemos dizer que isso está despertando a minha consciência, mudando realmente o meu nível de Ser. Além disso, a mudança interior necessariamente deve refletir no externo. O entorno deve mudar, não alcançamos degraus cada vez mais altos da iluminação e de expansão da consciência se não tocarmos de alguma forma a vidas das pessoas, senão fizermos nenhuma diferença no mundo ou se não compreendermos que fazemos parte de uma grande família chamada Humanidade.
Todas as grandes doutrinas e religiões enfatizam a mudança de conduta como: os mandamentos cristãos, os três fatores da Revolução da Consciência da Gnosis Moderna, os primeiros dois princípios da Yoga do Patânjali e os preceitos budistas, por exemplo. E como essa é uma parte que exige do indivíduo um esforço constante sobre si mesmo, para entender as suas reações, as suas motivações, para se conhecer de verdade. Ela, geralmente, é deixada de lado, não se fala sobre e quando fala é de forma bem superficial sem nenhum exemplo concreto de como podemos levar esses ensinamentos para o terreno da vida prática. Assim, o que realmente acontece é um tampar, um jogar para debaixo do tapete toda a complexidade que jaz em nosso inconsciente.
São sempre palavras bonitas, mas vazias. Hoje, sabemos que o pensamento positivo pode, momentaneamente, propiciar um alívio para a pessoa. Mas se não existe uma mudança de atitude, de sentimentos, de emoções de nada vale ficar mentalizando e repetindo um pensamento positivo. A conduta diária, a mudança constante é tão importante, ou melhor, é vital que poderíamos compará-la à pessoa que todos os dias enche um balde de água, mas não percebe que ele tem furos no fundo. Ela nunca vai conseguir manter o balde cheio, porque o que ela “conquista” com alguma prática espiritual é drenado pela sua conduta “incoerente”.
Para se forjar alguém que: primeiro se perguntou o que veio fazer nesse mundo? Qual é o sentido da existência? E que, realmente, olhou para dentro de si, reconheceu as suas sombras e de fato as eliminou são muitos anos retirando camada após camada da ilusão que os indianos chamam de Maya. A iluminação não ocorre do dia para noite como se fala por aí, é um trabalho de uma vida inteira, quiçá de muitas vidas.
As virtudes, as faculdades da alma só surgem quando o iniciado está completamente despido do seu ego e uno com o que há de mais transcendental dentro de si mesmo. Por acaso a clarividência nasceria em um orgulhoso? Quanto mal isso acarretaria? Será que a Intuição, uma virtude do chacra cardíaco, nasceria em alguém que não perdoa e guarda ódio dos seus semelhantes? Pode a recordação das vidas passadas se desenvolver em alguém que continua preso e identificado com a forma física que ele apresenta hoje? Que ainda não compreendeu que esse corpo físico é só uma roupa? Esses dons são presentes da divindade, são flores que desabrocham dentro daqueles que se preparam para tal. E que unicamente poderiam usá-las para o bem da humanidade e todos os seus semelhantes.
Sim, queridos caminhantes, não se deixem enganar por caminhos fáceis, por palavras vazias e por ensinamentos tortuosos que somente acarretam uma perda de tempo precioso que poderia ser dedicado ao verdadeiro despertar da consciência. Lembrem-se sempre, somos seres espirituais experienciando uma jornada humana para que através dela possamos nos dar conta que a divindade já mora dentro de cada um de nós. Cada um pode acessá-la e não precisamos de intermediários para alcançar algo que já é nosso por direito. Como bem disse o Mestre Jesus “Estreito é o caminho… Muito são chamados e poucos os escolhidos.” E também o Senhor Krishna “Muitos me buscam e poucos me encontram.” Não se deixem enganar pelo canto da sereia como alertava o poeta grego Homero.
Adiante e não desanimem nunca, não existe religião maior que a verdade!