Terça, 21 Junho 2022 10:55

A Observação de Si Mesmo

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Observar e observar-se a si mesmo são duas coisas completamente diferentes; entretanto, ambas exigem atenção. Na observação, a atenção é orientada para fora, para o mundo exterior, através das janelas dos sentidos.

Inquestionavelmente, assim como existe o ‘país exterior’ no qual vivemos, também existe em nossa intimidade o ‘país psicológico’.

As pessoas nunca ignoram a cidade ou a comarca onde vivem; infelizmente, acontece que desconhecem o lugar psicológico onde estão situadas.

Em um dado instante, qualquer um sabe em que bairro se encontra, mas no terreno psicológico não acontece o mesmo. Normalmente as pessoas nem remotamente suspeitam, em um momento dado, o lugar de seu ‘país psicológico’ onde se meteram.

Assim como no mundo físico existem bairros de pessoas decentes e cultas, assim também acontece na “comarca psicológica” de cada um de nós; não há dúvida de que existem bairros muito elegantes e formosos.

Assim como no mundo físico existem colônias ou bairros com ruelas perigosíssimas, cheias de assaltantes, assim também acontece o mesmo na comarca psicológica em nosso interior.

Livro A Grande Rebelião

Na auto-observação de si mesmo, a atenção é orientada para dentro, e para isto os sentidos da percepção externa não servem, motivo este mais que suficiente para que seja difícil ao neófito a observação de seus processos psicológicos íntimos.

O ponto de partida da ciência oficial, em seu lado prático, é o observável. O ponto de partida do trabalho sobre si mesmo é a auto-observação, o auto observável. Inquestionavelmente, estes dois pontos de partida citados nos parágrafos acima nos levam a direções completamente diferentes.

Alguém poderia envelhecer engarrafado nos dogmas intransigentes da ciência oficial, estudando fenômenos externos, observando células, átomos, moléculas, sóis, estrelas, cometas, etc., sem experimentar dentro de si mesmo nenhuma mudança radical.

O tipo de conhecimento que transforma interiormente alguém jamais poderia ser atingido mediante a observação externa. O verdadeiro conhecimento que realmente pode originar em nós uma mudança interior fundamental tem por base a auto-observação direta de si mesmo.

É urgente dizer a nossos estudantes gnósticos que se observem a si mesmos, em que sentido devem se auto-observar e as razões para isso. A observação é um meio para modificar as condições mecânicas do mundo. A auto-observação interior é um meio para mudar intimamente.

Como consequência ou corolário de tudo isso, podemos e devemos afirmar de forma enfática que existem dois tipos de conhecimento, o externo e o interno, e que a menos que tenhamos em nós mesmos o centro magnético que pode diferenciar as qualidades do conhecimento, esta mistura dos dois planos ou ordens de ideias poderia levar-nos à confusão.

Sublimes doutrinas pseudo-esotéricas, com um fundo marcadamente científico, pertencem ao terreno do observável; entretanto, são aceitas por muitos aspirantes como conhecimento interno.

Encontramo-nos, pois, diante de dois mundos, o exterior e o interior. O primeiro destes é percebido pelo sentidos de percepção externa; o segundo só pode ser percebido mediante o sentido de auto-observação interna.

Pensamentos, ideias, emoções, anseios, esperanças, desenganos, etc., são interiores, invisíveis para os sentidos ordinários, comuns, e, entretanto, são para nós mais reais que a mesa da sala de jantar ou as poltronas da sala.

Certamente, vivemos mais em nosso mundo interior que no exterior; isto é irrefutável, irrebatível.

Em nossos ‘Mundos Internos’, em nosso ‘mundo secreto’, amamos, desejamos, suspeitamos, bendizemos, maldizemos, sofremos, gozamos, somos defraudados, premiados, etc., etc., etc.

Inquestionavelmente, os dois mundos, interno e externo, são verificáveis experimentalmente. O mundo exterior é o observável. O mundo interior é o auto observável em si mesmo e dentro de si mesmo, aqui e agora.

Quem realmente quer conhecer os ‘Mundos Internos’ do planeta Terra, do sistema solar ou da galáxia em que vivemos deve conhecer previamente seu mundo íntimo, sua vida interior, particular, seus próprios ‘Mundos Internos’.

“Homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses.”

Quanto mais se explore este ‘mundo interior’ chamado ‘Si Mesmo’, tanto mais se compreenderá que se vive simultaneamente em dois mundos, em duas realidades, em dois âmbitos, o exterior e o interior.

Do mesmo modo que é indispensável aprender a caminhar no ‘mundo exterior’, para não cair em um precipício, não se extraviar nas ruas da cidade, selecionar suas amizades, não se associar com pessoas perversas, não comer veneno, etc., assim também, mediante o trabalho psicológico sobre si mesmo, aprendemos a caminhar no ‘Mundo Interior’, o qual é explorável mediante a auto-observação de si mesmo.

Realmente, o sentido de auto-observação de si mesmo se encontra atrofiado na raça humana decadente desta época tenebrosa em que vivemos. À medida que perseveramos na auto-observação de nós mesmos o sentido de auto-observação íntima irá se desenvolver progressivamente.

Só assim nos conheceremos na íntegra e realmente. Só assim descobriremos os motivos secretos de nossas ações. Só assim conheceremos isso que se denominou ‘ESSÊNCIA’, ‘EGO’ e ‘PERSONALIDADE’...


Trecho da Conferência “Estudo Psíquico do Homem” – Samael Aun Weor

Informações adicionais

  • Complexidade do Texto: Intermediário
Ler 494 vezes Última modificação em Segunda, 18 Julho 2022 10:15