Quarta, 22 Julho 2020

A Iluminação Final

Escrito por Samael Aun Weor
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A Ascensão por Benjamin West - Óleo sobre tela A Ascensão por Benjamin West - Óleo sobre tela Benjamin West / Domínio Público

A verdade deve ser compreendida mediante uma iluminação instantânea, mas o fato, a completa auto-realização íntima do ser deve ser trabalhada intensa e gradativamente.

O mantra “Wu” refere-se, principalmente, ao despertar da experiência mística em seu sentido imediato e o Samyasambodhi (“Chué” na China) denota a iluminação permanente e completa.

Se mediante um exercício retrospectivo voltarmos ao ponto de partida original e teoricamente devolvermos os ossos ao nosso pai e a carne à nossa mãe, onde estaremos? Obviamente, na semente, no sêmen.

Isto nos induz a pensar que sem o Sahaja Maithuna jamais poderíamos compreender a essência da sentença do famoso Hua Tou, “Wu”.

Observem as verticais da letra “W”, estudem o conjunto! A forma gráfica das combinações enfatiza, claramente, a idéia básica de sucessivas exaltações precedidas sempre por tremendas humilhações.

Quem quiser subir, primeiro terá que descer, essa é a Lei. A iniciação é morte e matrimônio ao mesmo tempo.

Para maior compreensão do Hua Tou, “Wu”, não será demais repetir o seguinte: a descida à nona esfera (o sexo) foi, desde os tempos antigos, a prova máxima para a suprema dignidade do Hierofante. Jesus, Buda, Hermes, Dante, e Zoroastro tiveram que passar por essa difícil prova.

Ali desce Marte para retemperar a espada e conquistar o coração de Vênus; Hércules para limpar os estábulos de Augias; e Perseu para cortar a cabeça da Medusa com sua espada flamígera.

Porém, para o bem da grande causa, convém recordar que junto à letra “W” resplandece no Zen a letra “U”, radical, símbolo vivo daquele grande ventre dentro do qual se gestam os mundos.

Na gramática cósmica, a runa “Ur” é, certamente, a Divina Mãe-Espaço; a sagrada matriz onde se gestam bestas, homens e deuses.

Sem o poder esotérico de Devi Kundalini seria impossível trabalhar na Frágua Acesa de Vulcano (o sexo).

O magistério do fogo deve realizar-se em sete dias ou períodos. Recordemos nossa fórmula astrológica: Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte,

Júpiter, Saturno (o céu estrelado de Urano e o Empíreo clássico são para aqueles que já chegaram à ansiada meta).

Eu ganhei o direito de ingressar no céu lunar, depois de uma prévia humilhação. Esta é lei para todos os mundos. Ninguém poderia internar-se definitivamente nos céus de Mercúrio, Vênus, sem antes haver trabalhado esotericamente em seus correspondentes infernos planetários.

As experiências “Wu” são uma e muitas ao mesmo tempo: uma porque são idênticas em essência; muitas porque diferem em profundidade, clareza e eficácia e isto dá uma ligeira idéia do sentido e da natureza do “Wu”.

– Qual é o teu rosto original? Foi a terrível pergunta do Mestre Meng Shan! O Gênesis hebraico cita o seguinte: “O homem abandonará seu pai e sua mãe para unir-se à sua esposa e serem ambos os dois em uma só carne”.

Que falem os deuses da aurora! Que me inspirem as musas! Que ruja o furacão!

Está escrito com carvões acesos no livro de todos os mistérios que todos os Avataras de Ishvara apresentem sempre o requerimento do Omnimisericordioso Espírito Universal da Vida: restaurar sobre a face da terra “o rosto original”, o estado primordial, paradisíaco do Adam-Kadmon, o ente andrógino que encarna a dualidade homem-mulher.

Esta preciosa restauração do Ser cósmico dentro de cada um de nós realiza-se precisamente nos deliciosos instantes daquele êxtase supremo do amor quando dois seres, um masculino e outro feminino, em plena cópula carnal, concedem, conscientemente, sua individualidade diferenciada para fundir-se na unidade.

Esta unidade não é apenas física, mas, também, anímico-espiritual. As doutrinas que rejeitam a Magia Sexual de Eros tornam-se, por isso, desumanas e antidivinais.

Compreende-se no ambiente cultural-espiritual da época atual e, sobretudo, nos círculos esotéricos mais refinados, o reconhecimento do homem como imagem e semelhança do cosmos vivente, partindo daí o sentido cósmico de sua potência sexual.

Os teólogos e naturalistas medievais conheciam, desde aquela época, um pouco sobre a conexão entre a energia sexual e as forças prodigiosas que atravessam o inalterável infinito.

Assim, Santo Alberto Magno achava-se imbuído de profunda crença sobre o poder dos astros que exercem decisivas influência sobre a potência sexual do indivíduo.

Opinando Santo Alberto que as estrelas eram bipolares, ou seja, de natureza angélica animal, chegou à conclusão lógica de que poderia ocorrer no matrimônio uma união, dupla união, espiritual e animal.

Santo Agostinho, o Patriarca Gnóstico, enfatiza a idéia de que a libido sexual abrange não só o corpo, como o Ser Íntimo que na agitação carnal se enlaça com o anímico, de modo a formar uma sensação de prazer sem igual entre os sensuais.

Assim, no instante em que alcança seu ponto culminante, é desconectada toda consciência e toda força de entendimento.

Esta desconexão entre a consciência e o intelecto é, precisamente, a que pode transfigurar o delicioso relacionamento sexual em sobrenatural, em espiritual, em algo divino. Esta é a nota final das práticas místicas, como por exemplo a do zen ou do quietismo cristão de Frei Miguel de Molinos, qual seja, a alcançarmos a tranqüilidade e o silêncio da mente.

Quando a mente está quieta, em silêncio, advém o novo. Nesses momentos de indiscutíveis delícias, a consciência escapa da mortificante mente para experimentar o real.

O segundo Patriarca do zen perguntou ao Bodhidharma: “Como é possível alcançar o Tao?”

O Bodhidharma respondeu-lhe: “Exteriormente, toda atividade cessa; interiormente, a mente deixa de agitar-se. Quando a mente converte-se em um muro, então pode-se ingressar no Tao”.

Os Budistas Chan, na China, raras vezes falam do Sambodhi, a iluminação final (o famoso Chueh).

Como o “Wu” é basicamente a experiência mística do despertar da Verdade (Prajña), a pessoa que consegue a vivência “W” pode não ser capaz de dominá-la, aprofundá-la e amadurecê-la.

Necessita-se de muito trabalho na Nona Esfera antes de se alcançar a perfeição, com a finalidade de afastar os pensamentos dualistas, egoístas e profundamente arraigados que surgem das paixões.

O Evangelho do Tao esclarece: “Purifica teu coração, limpa teus pensamentos, domina os teus apetites e conserva o sêmen”.

O autor do El-Ktab, escritura maravilhosa apreciada pelos árabes, não se cansa de glorificar a cópula carnal. Isto se constitui para ele, com justa razão, o hino de louvor mais solene e sagrado, o anseio mais nobre do homem e de sua companheira, ante a unidade primitiva e as delícias paradisíacas.

O amor é o Fiat Lux do livro de Moisés, o mandato divino, a lei para todos os continentes, mares, mundos e espaços. Quando empunhamos valorosamente aquela Lança de Eros com o evidente propósito de reduzir à poeira todos e cada um dos elementos subjetivos existentes dentro de nós, brota a luz.

No interior das entidades subconscientes existem grandes quantidades de essência, luz em potencial que precisamos libertar.

Assim como o átomo ao ser fracionado libera energia, também a destruição total de qualquer dos nossos elementos infernais libera luz.

“Necessitamos nos iluminar”.

“Luz, mais luz”, disse Goethe ao morrer.

A Magia Sexual é o fundamento eterno do Fiat luminoso e espermático do primeiro instante. A morte radical do Ego e dos outros elementos infra-humanos situados em nosso interior conduz-nos à iluminação final (Samyasambodhi).

Assim a iluminação zen, o “Wu”, varia muito, vai desde a auto-observação superficial dos principiantes sobre a essência mental até o budismo total, como o que foi realizado por Buda.


Mensaje de Navidad 1970 – 1971 - El Parsifal Develado - Capítulo XLV - Samael Aun Weor

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  • Complexidade do Texto: Avançado
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