Segunda, 01 Abril 2019 22:58

A Quietude Mental

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Já faz muitos séculos, estive reencarnado na China, durante a época histórica da dinastia Chou. Então me chamei Chou-Li, e fui filiado à ordem do Dragão Amarelo. O Logos bendito me ordenou ensinar à humanidade desta época as sete jóias do Dragão Amarelo; as irei ensinando conforme vá encontrando elementos que as compreendam. Eis aí o ponto difícil da questão.

Naquela idade, como ascetas, dentro da sala de meditação, trabalhávamos intensamente. Então sabíamos muito bem que existem 49 níveis subconscientes na mente. Todos queríamos chegar à quietude e ao silêncio absoluto da mente, nos preocupávamos intensamente por experimentar o vazio iluminador. E não ignorávamos que “para poder subir há que descer”, e que “toda exaltação é sempre precedida por uma terrível e espantosa humilhação...”

Isso de levar a mente à quietude e ao silêncio costuma ser realmente bastante difícil... Não se trata de “por a mente em branco”, como supõem algumas pessoas superficiais, a coisa vai mais longe. De que serviria, por exemplo, se déssemos a este grupo a ordem de por a mente em branco, e que logo os irmãozinhos exclamassem em seu interior “já estou com a mente em branco...” Isto seria verdadeiramente estúpido, não seria inteligente. Chegar à quietude e ao silêncio da mente é algo muito diferente do que se chama mente em branco. Requer, antes de tudo, trabalhar em 49 níveis subconscientes, e isso é bastante difícil.

Tenha-se em conta que dentro de cada um de nós, dentro de nosso próprio corpo planetário, temos uma soma de agregados psíquicos inumanos. Estes controlam completamente o organismo, e se sucedem uns aos outros. Agora ficará explicado, para cada um de vocês, por que motivo o animal intelectual, falsamente chamado homem, muda a cada instante, a cada momento. Aquele que hoje jura amor eterno à Gnose, amanhã é substituído por outro que nada tem que ver com tal juramento, e então o sujeito se retira. O que hoje pensamos, amanhã já não é a mesma coisa; hoje temos uma idéia, amanhã outra. Conforme os diferentes agregados psíquicos inumanos vão controlando a “máquina”, o animal intelectual vai passando por diferentes mudanças. Esta é a crua realidade de tudo isso.

O animal intelectual é uma máquina, que agora é controlada por determinado agregado, daqui a um instante por outro, e mais tarde por outro... Portanto, não há no animal intelectual um indivíduo responsável.

Não é demais recordar que tais agregados personificam nossos defeitos de tipo psicológico, e que são tantos os defeitos que “ainda que tivéssemos gargantas de aço e mil línguas para falar, não conseguiríamos enumerar todos detalhadamente”.

Portanto, é óbvio que chegar à quietude e ao silêncio da mente é difícil. Trata-se de que todos os agregados psíquicos inumanos fiquem quietos; e vocês acham que essa é uma tarefa fácil?

Suponhamos que possamos aquietá-los no nível meramente intelectivo, isso não seria tudo, isso não seria o suficiente para chegar ao satori Budista, isso não seria o suficiente para chegar a experimentar o Tao, isso não seria o suficiente para chegar a experimentar, em si mesmo, o vazio iluminador.

O trabalho é dispendioso, é necessário conseguir aquietar a mente em todos e em cada um dos 49 níveis.

Mas quando falo de mente, há que saber entender, porque existe o erro crasso de supor que o animal intelectual equivocadamente chamado homem já tem uma mente individual, um manas concreto, completamente organizado; isso é absolutamente falso.

O animal intelectual, o bípede tricerebrado ou tricentrado não tem mente individual, tem mentes, e isso é diferente. Cada um dos agregados psíquicos inumanos que existe dentro de alguém é uma mente por si mesma. Portanto, o humanóide possui milhares de mentes.

Mas vou mostrar-lhes algo concreto, para que me entendam bem. Quando vocês juraram amor a alguém, o fizeram sinceramente, não é verdade? Contudo, não os vejo exatamente como santinhos... Pode ser que algumas vezes não o tenham feito tão sinceramente, mas juraram; seja como for, juraram amor eterno...

Neste momento vocês se sentiram vocês, neste momento vocês puderam dizer “eu te amo, eu te juro amor eterno, etc., etc.” Mas, e depois? Quando este que jurou já foi substituído por outro agregado psíquico que não tem velas no enterro, como ficou o juramento? Como ficaram as palavras de amor?

Mas quando jurava, jurava... Vocês se sentiam sendo esse Eu que jurava, e poderiam nesse instante assegurar que não havia qualquer outro Eu que jurasse. Vocês se sentiam o último dos Eus e o primeiro dos Eus, o autêntico e legítimo, mas depois se convenceram de que aquele que jurou não era mais que um dos tantos, não é verdade?

Aquele que pensava tantas maravilhas quando jurava, não é o mesmo que depois o substituiu, não é o mesmo que depois jurou amor eterno à outra pessoa, não é o mesmo e nada tem que ver com tal juramento. Contudo, naquela ocasião, o que jurava, jurava e pensava a seu modo. Então, é óbvio que temos muitas mentes, que não existe uma mente realmente individual.

Que há que cria-la, isso é outra coisa. É óbvio que pode ser criada mediante a transformação do Hidrogênio Sexual Si-12. A base de incessantes transmutações, alguém pode dar-se ao luxo de criar uma mente individual para seu uso pessoal.

Mas as pessoas normalmente não têm uma mente individual. Cada um de seus agregados psíquicos, ou, em outros termos, cada um de seus Eus, tem sua mente própria. Assim, o animal intelectual tem muitas mentes.

Pensem no que é aquietar tantas mentes, levá-las ao silêncio completo, e em 49 regiões. Vocês acham que é coisa fácil? É difícil, não é verdade?

Dentro de cada um desses agregados psíquicos, ou, melhor diríamos, dentro de cada uma dessas mentes, está enfrascada a Essência, a Consciência. É urgente desenfrascá-la, desengarrafá-la, emancipá-la, para que possa experimentar, por si mesma, o vazio iluminador. Mas como fazer isso?

Naquele tempo, durante a dinastia Chou, na China, tínhamos a ajuda de um instrumento musical muito especial. Infelizmente, esse instrumento desapareceu. Tal instrumento dava as 49 notas musicais que em síntese formam o som nirionoosiano do Universo.

O músico, o artista que executava aquele instrumento, fazia ressoar cada nota separadamente. Quando vibrava a nota correspondente ao segundo departamento subconsciente, nós trabalhávamos então nesse segundo departamento. E quando fazia ressoar a nota que correspondia ao terceiro departamento do subconsciente, trabalhávamos com o mesmo, e quando fazia ressoar a nota 20, trabalhávamos com tal zona, e quando chegava à região 49 (com a última das notas), realizávamos o último dos trabalhos, e a mente ficava quieta e em profundo silêncio.

Isto é, antes de subir, primeiro descíamos. Assim os 49 níveis ficavam absolutamente quietos. É óbvio que se a mente ficava em suspenso nas 49 regiões, a Essência se desenfrascava, se emancipava, e livre de todo tipo de ataduras penetrava no vazio iluminador.

É bom que vocês saibam que este é o mesmo Santo Okidanokh,, onisciente, onipenetrante, onicompreensivo. Neste Vazio Iluminador estão as Leis da Natureza; aqui neste mundo físico só vemos a sucessão de causas e efeitos. Mas as leis em si mesmas, as leis da Natureza, só poderemos descobri-las, tal e qual são, no Vazio iluminador. Aqui não vemos as coisas como verdadeiramente são, mas no Vazio Iluminador conhecemos as coisas em si mesmas, “a coisa em si”, como já disse o filósofo de Koenigsberg, Imanuel Kant.

No vazio, a Essência percebe com as faculdades próprias do Ser, e tudo o que percebe é transmitido à personalidade humana. É interessante saber que em tais momentos os centros emocional e motor se unem ao centro intelectual para tornar-se receptivos. Então aquilo que a Essência em si mesma está experimentando, no nível do que é o real, do está além do tempo, do que está além do corpo, das emoções e da mente, vem até a personalidade humana, até o centro intelectual... E ao passar o êxtase, o satóri dos santos, o samadhi, quando a Essência regressa ao corpo físico, ao corpo planetário, todas as recordações ficam na mente, no entendimento.

O problema para chegar a experimentar Isso que é o Real, para chegar a vivenciar o que é o Vazio Iluminador, está precisamente em saber aquietar a mente, em saber levá-la ao silêncio.

Por certo, começa-se o trabalho em atitude receptiva, e vão vindo ao entendimento as diferentes recordações do Ego: paixões, traições, afetos, apegos, tragédias, etc., e há que ir compreendendo-as, ponto por ponto; há que ver, observar, compreender. Quando a procissão terminar, a mente ficará quieta no nível intelectivo.

Então, um novo esforço nos fará descer à segunda região do subconsciente; novas cenas vão se vivenciando, novas recordações, etc. Trabalhar será indispensável, necessário, até compreender cada uma dessas representações e conseguir a quietude e o silêncio da mente.

Um terceiro esforço nos levará à terceira região do subconsciente, e por esse caminho iremos descendo por uma escadaria, simbólica, diríamos, de 49 passos, até conseguir a verdadeira quietude, o autêntico silêncio.

Se acreditarmos que já chegamos à quietude, e, contudo, nada de novo advém, é porque não chegamos. Neste caso temos que descer em nossos próprios infernos atômicos e interpelar a mente, e recriminá-la. Primeiro há que fazê-la compreender, mas, se não entende, há que recriminá-la, interpelá-la, obrigá-la a obedecer.

Com essa palavra “mente”, estou sintetizando todas as mentes juntas, tudo isso que constitui o mim mesmo.

Quando se conseguir a verdadeira quietude de fundo, nas 49 regiões do subconsciente, o êxtase será inevitável, virá o satóri. Nestes momentos, submersos no grande vazio iluminador, sentiremos como se a gota se fundisse no oceano e o oceano na gota. A Consciência irá se expandindo cada vez mais, como se expande uma gota de água que cai no mar.

Sentiremos ser a ave que voa, o arroio que canta em seu leito de rochas, a florzinha movida pelo vento, a árvore solitária que cresce na planície, o cometa que desliza veloz como uma gota de fogo caindo num abismo sem fim, a lua que gira ao redor de seu centro de gravitação, o átomo, a molécula; a ave que ensaia vôo ao amanhecer, o sol que nasce no oriente e depois se oculta em seu leito de fogo no ocidente.

Todo sentimento de separatividade desaparecerá. Então vivemos em um oceano de luz que não tem limites. A Consciência se expandirá cada vez mais e mais. Algumas ondas se destacam neste oceano de infinita variedade de cores: os Deuses Santos.

Mas como a Consciência tende a expandir-se cada vez mais no grande vazio, no Santo Okidanockh, vem o terror e se perde o samadhi, o êxtase. É necessário preparar-nos antecipadamente para não chegar a sentir tal terror, é conveniente eliminar o eu do medo antecipadamente, para jamais chegar a temer. Porque seria lamentável perder o samadhi, o êxtase. Se não há temor, virá uma mudança transcendental.

Encontraremos que esse grande vazio iluminador, esse Santo Okidanokh, tem um centro de gravitação, um centro gravitacional que não é outro que o Sagrado Sol Absoluto, o Sagrado Absoluto Solar, do qual emana realmente o Santíssimo Okidanokh, onipenetrante, onisciente, onimisericordioso.

Depois virá o maravilhoso. Convertidos nele, ou fundidos com o Ain Soph Paranishpana (que é a estrela atômica interior que sempre nos sorriu), viveremos felizes no radiante Sol Espiritual da Meia Noite. E será ali, precisamente ali, onde viremos a conhecer a Verdade final, e não em nenhuma outra parte.

Nesse grande Absoluto Solar, se diz que o tempo é 49 vezes mais rápido que aqui neste mundo. Convido-os a refletir... É claro, meus caros irmãos, que aqui o tempo é 49 vezes mais lento. Por quê? Por que existem 49 departamentos subconscientes e o tempo é completamente subconsciente, subjetivo.

Quando afirmo que no Sagrado Sol Absoluto é 49 vezes mais rápido, então é óbvio que no Sagrado Sol Absoluto não há tempo. Porque se aqui é 49 vezes mais lento, e logo sucede que tiramos 49 ao Sagrado Sol Absoluto, fica zero, não é verdade? (Falo de cálculos).

Então, no Sagrado Sol Absoluto certamente não existe o tempo. Ali o passado e o futuro se irmanam dentro de um eterno presente. Ali vemos o Universo íntegro, com todas suas famosas idades, como um instante eterno. E isso é algo extraordinário. Certamente, neste mundo físico somos vítimas de Maya (a ilusão).

Informações adicionais

  • Complexidade do Texto: Avançado
Ler 814 vezes Última modificação em Domingo, 20 Dezembro 2020 14:46