Sexta, 17 Julho 2020

As Quatro Bem-Aventuranças

Escrito por Samael Aun Weor
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No capítulo anterior, falamos bastante sobre o Elemento Iniciador do sonho, e é óbvio que só nos resta agora aprender a usá-lo. Quando o gnóstico tem um registro de seus sonhos, descobre, sem dúvida, o sonho que se repete sempre.

Este, entre outros, é certamente um motivo mais do que suficiente para anotar todos os sonhos no caderno ou no bloco.

A experiência onírica sempre repetida é, inquestionavelmente, o Elemento Iniciador que, utilizado com inteligência, nos conduz ao despertar da consciência. Toda vez que o Místico, deitado na sua cama, adormece intencionalmente, meditando no Elemento Iniciador, o resultado nunca se faz esperar muito: em geral, o Anacoreta revive conscientemente tal sonho, podendo separar-se da cena à vontade para viajar pelos Mundos Supra Sensíveis.

Qualquer outro sonho pode também ser usado com esse propósito, quando conhecemos realmente a técnica. Quem desperta de um sonho, se for de seu desejo, pode prosseguir com ele mesmo intencionalmente; neste caso, deve adormecer outra vez, revivendo sua experiência onírica com a Imaginação. Não se trata de imaginar que estamos imaginando; o fundamental consiste em reviver o sonho com todo o seu cru realismo anterior.

Repetir intencionalmente o sonho é o primeiro passo em direção ao despertar da consciência; separar-se à vontade do sonho e em pleno Drama é o segundo passo. Alguns aspirantes conseguem dar o primeiro passo, falta-lhes força para dar o segundo passo.

Essas pessoas podem e devem ajudar-se por meio da técnica da meditação. Tomando decisões muito sérias, esses devotos praticarão a meditação antes de se entregarem ao sono. Neste caso, seu problema íntimo será o tema evidente de concentração e autorreflexão na meditação interior profunda.

Durante esta prática, o místico angustiado, cheio de emoção sincera, invoca sua Divina Mãe Tonantzin (Devi Kundalini). Derramando lágrimas de dor, o asceta gnóstico lamenta-se do estado de inconsciência em que se encontra e implora a ajuda rogando à sua Mãe que lhe dê forças interiores para desprender-se de qualquer sonho à vontade.

A finalidade de toda esta disciplina do sonho tântrico é preparar o discípulo para reconhecer claramente as Quatro Bem-Aventuranças que se apresentam na experiência onírica. Esta disciplina esotérica é tão-somente para pessoas muito sérias, pois exige infinita paciência e enormes super esforços íntimos.

Muito se fala no mundo oriental sobre as Quatro Luzes do Sonho e nós devemos estudar esta questão. A primeira delas é chamada a Luz da Revelação, e escrito está com letras de ouro no Livro da Vida que ela é percebida justamente antes ou durante as primeiras horas do sonho.

Cumpre dizer formal e diretamente que a indesejável mistura de impressões residuais e a corrente habitual de pensamentos discriminatórios felizmente vão se dissolvendo lentamente à medida que o sonho se torna mais profundo. Nesse estágio do sonho, insinua-se progressivamente a Segunda Iluminação, a que se conhece na Ásia com o nome maravilhoso de Luz do Aumento.

Evidentemente, o Asceta Gnóstico, mediante a extraordinária disciplina do Sonho Tântrico, logra passar muito mais além desta etapa até captar ou apreender completamente as duas luzes restantes. Vivenciar distintamente o realismo cru da vida prática nos Mundos Superiores de Consciência Cósmica, significa ter atingido a Terceira Luz, a da Realização Imediata.

A Quarta Luz é a da Iluminação Interior Profunda e nos advém como por encanto em plena experiência mística. Um tratado tibetano declara: “Aqui, no Quarto Grau do Vazio, mora o Filho da Mãe Luz Diáfana”. Falando franca e diretamente, declaro o seguinte: “A disciplina do sonho tântrico é, na realidade, uma preparação esotérica para esse sonho final que chamamos Morte”.

Tendo morrido muitas vezes durante a noite, o gnóstico anacoreta que tenha apreendido conscientemente as Quatro Bem-Aventuranças que se apresentam na experiência Onírica, no momento da desencarnação passa ao estado post-mortem com a mesma facilidade com que entra voluntariamente no Mundo do Sonho.

Fora do Corpo Físico, o Gnóstico Consciente pode verificar, por si mesmo, o destino que está reservado às Almas além da Morte. Se toda noite, mediante a Disciplina Tântrica do Sonho, o esoterista pode morrer conscientemente e penetrar no Mundo dos Mortos, é claro que pode também, por este motivo, estudar o Ritual da Vida e da Morte enquanto chega o oficiante.

Hermes, depois de ter visitado “Os Mundos Infernos”, onde vira com horror o destino das Almas Perdidas, conheceu coisas insólitas. Disse Osíris a Hermes: “Olhe deste lado. Vês aquele enxame de Almas que buscam elevar-se à Região Lunar? Umas são devolvidas à terra, como torvelinhos de pássaro sob os golpes da tempestade. As outras alcançam a grande Esfera superior, que as arrasta em sua rotação. Uma vez ali chegadas, recobram a visão das coisas Divinas”.

Os astecas colocavam um galho seco quando enterravam os que haviam sido escolhidos por Tlaloc, o Deus da chuva. Dizia-se que quando o bem-aventurado chegava ao “Campo de Delícias”, que é o Tlalocan, o galho seco reverdescia, indicando com isso o regresso a uma nova vida, o retorno. Aqueles que não foram escolhidos pelo Sol ou por Tlaloc vão fatalmente ao Mictlan, situado ao Norte, região onde as Almas sofrem uma série de provas Mágicas ao passarem para os “Mundos Infernos”.

São nove os lugares onde as Almas sofrem espantosamente antes de alcançarem o descanso definitivo. Isto faz-nos lembrar os “Nove Círculos Infernais” da Divina Comédia de Dante Alighieri. São muitos os Deuses e Deusas que povoam os Nove Círculos Dantescos do Inferno asteca. 

Lembramos o espantoso “Mictlantecuhtli” e a tenebrosa “Mictecacihuatl”, o Senhor e a Senhora do Inferno, habitantes do nono ou mais profundo dos lugares subterrâneos. As Almas que passam pelas provas do “Inferno Asteca”, depois da Segunda Morte, entram felizes nos Paraísos Elementais da Natureza.

É inegável que as Almas que, depois da Morte, não descem aos “Mundos Infernos”, tampouco ascendem ao “Reino da Luz Dourada”, nem ao “Paraíso de Tlaloc”, ou ao “Reino da Concentração”, etc. Regressam ou retornam de modo mediato ou imediato a um novo Corpo Físico. As Almas eleitas pelo Sol ou por Tlaloc gozam muito nos Mundos Superiores antes de retornarem ao Vale de Samsara.

Os anacoretas gnósticos, depois de apreenderem as Quatro Luzes do Sonho, podem visitar conscientemente toda noite o “Tlalocan”, ou descerem ao “Mictlan”, ou entrarem em contato com as Almas que, antes de retornarem, vivem na Região Lunar.


Capítulo XX do Livro: La Doctrina Secreta de Anáhuac Mensaje de Navidad - 1974 - 1975 - Samael Aun Weor

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  • Complexidade do Texto: Intermediário
Ler 435 vezes Última modificação em Quinta, 27 Agosto 2020

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