Karma-Yoga é um suplemento necessário a todas as outras Yogas; só com o auxílio dela um homem pode recordar-se sempre de sua meta e nunca perdê-la de vista. Sem a Karma-Yoga, todas as outras Yogas ou não dão resultado, ou degeneram em alguma coisa oposta a elas próprias.
A Raja-Yoga e a Hatha-Yoga degeneram numa busca de milagres exteriores, do misterioso, do terrível, isto é, no pseudo-ocultismo. A Bhakti-Yoga degenera no pseudomisticismo, na superstição, numa adoração pessoal ou numa luta pela salvação pessoal. A Jnana-Yoga degenera no escolasticismo ou, na melhor das hipóteses, na Metafísica. Karma-Yoga ensina a viver corretamente. Karma-Yoga é a Ioga da atividade.
Karma-Yoga ensina a relação correta com as pessoas e a ação correta nas circunstâncias comuns da vida. Ensina como se tornar um yogue na vida sem ir para o deserto ou entrar para uma escola de yogues. Karma-Yoga é um suplemento necessário a todas as outras Yogas; só com o auxílio dela um homem pode recordar-se sempre de sua meta e nunca perdê-la de vista. Sem a Karma-Yoga, todas as outras Yogas ou não dão resultado, ou degeneram em alguma coisa oposta a elas próprias. A Raja-Yoga e a Hatha-Yoga degeneram numa busca de milagres exteriores, do misterioso, do terrível, isto é, no pseudo-ocultismo. A Bhakti-Yoga degenera no pseudomisticismo, na superstição, numa adoração pessoal ou numa luta pela salvação pessoal. A Jnana-Yoga degenera no escolasticismo ou, na melhor das hipóteses, na Metafísica.
Karma-Yoga está sempre ligada à meta de desenvolvimento interior, de aperfeiçoamento interior. Ela ajuda o homem a não cair interiormente no sono no meio das influências envolventes da vida, especialmente no meio da influência hipnótica da atividade. Ela faz com que ele se lembre de que nada que é externo tem qualquer importância, de que tudo deve ser feito sem se preocupar com os resultados. Sem Karma-Yoga o homem é absorvido pelos objetivos mais próximos, visíveis, e esquece o objetivo principal.
Karma-Yoga ensina o homem a mudar o seu destino, a dirigi-lo à sua vontade. De acordo com a ideia fundamental da Karma-Yoga, isso só é alcançado pela mudança da atitude interior do homem para com as coisas e para com suas próprias ações.
A mesma ação pode ser realizada de maneira diferente, e um mesmo evento pode ser vivenciado diferentemente. E se um homem muda sua atitude em relação ao que lhe acontece, com o passar do tempo isso mudará inevitavelmente o caráter dos acontecimentos que ele encontra no seu caminho.
Karma-Yoga ensina o homem a compreender que quando lhe parece que ele próprio está agindo, não é ele de fato que age, mas apenas um poder que passa através dele. Karma-Yoga afirma que o homem não é absolutamente o que ele pensa que é, e ensina-lhe que só em casos muito raros ele age por si mesmo e de maneira independente, e que na maior parte dos casos ele age apenas como parte de um ou outro grande todo. Esse é o lado “oculto” da Karma-Yoga, o ensinamento concernente às forças e leis que dirigem o homem.
O homem que compreende as ideias da Karma-Yoga sente sempre que não passa de um minúsculo parafuso ou uma minúscula rodinha numa grande máquina, e que o sucesso ou insucesso do que ele pensa que está fazendo depende muito pouco de suas próprias ações.
Agindo e sentindo desse modo, um homem nunca pode sentir fracasso em nada, porque o maior fracasso, o maior insucesso, pode favorecer o êxito no seu trabalho interior, na luta contra si mesmo, desde que ele encontre a atitude correta em relação a esse insucesso.
Uma vida dirigida pelos princípios da Karma-Yoga difere muito de uma vida comum. Nesta, sejam quais forem as condições, o objetivo principal do homem consiste em evitar, tanto quanto possível, todas as coisa s desagradáveis, dificuldades e desconfortos.
Numa vida dirigida pelos princípios da Karma-Yoga, o homem não procura evitar as coisas desagradáveis e os desconfortos. Pelo contrário, ele os recebe bem, pois eles lhe dão a chance de superá-los. Do ponto de vista da Karma-Yoga, se a vida não oferecesse dificuldades, seria necessário criá-las artificialmente. E, por conseguinte, as dificuldades encontradas na vida são tidas não como algo desagradável que se deva tentar evitar, mas como condições muito úteis para os objetivos de trabalho e desenvolvimento interior.
Quando o homem compreende isso e o sente constantemente, a própria vida se torna seu mestre.
O princípio mais importante da Karma-Yoga é o não-apego. O homem que segue os métodos da Karma-Yoga deve praticar o não-apego sempre e em tudo, tanto no bom quanto no mau, no prazer e no sofrimento. O não-apego não significa indiferença. É um certo tipo de separação de si daquilo que acontece ou do que o homem está fazendo. Não é frieza, nem o desejo de se fechar para a vida. É o reconhecimento e a compreensão constante de que tudo é feito de acordo com as certas leis e de que tudo no mundo tem seu próprio destino.
De um ponto de vista ordinário, seguir os princípios da Karma-Yoga aparece como fatalismo. Mas não é fatalismo no sentido da aceitação de uma pré-ordenação exata e inalterável de todas as coisas, sem a possibilidade de qualquer mudança. Pelo contrário, a Karma-Yoga ensina como mudar o Karma – como influenciar o Karma. Mas do ponto de vista da Karma-Yoga, essa influência é um processo absolutamente interior. Karma-Yoga ensina que o homem pode mudar as pessoas e os acontecimentos em volta dele, mudando sua atitude para com eles.
A ideia disso é muito clara. Todo homem, desde que nasce, é cercado por certo Karma, por certas pessoas e acontecimentos. E de acordo com sua natureza, educação, inclinações e hábitos, adota uma atitude definida em relação às coisas, pessoas e acontecimentos. Enquanto sua atitude permanece inalterada, as pessoas, coisas e acontecimentos também permanecem inalterados, isto é, correspondem ao seu Karma. Se ele não está satisfeito com seu karma, se quer alguma coisa nova e desconhecida, deve mudar sua atitude em relação ao que tem e então os novos acontecimentos virão.
A Karma-Yoga é o único caminho possível para as pessoas que estão presas à vida, que não podem se libertar das formas exteriores da vida, para as pessoas que, ou por seu nascimento, ou por seus próprios poderes e capacidades, estão colocadas à testa de comunidades ou grupos humanos, para as pessoas que estão ligadas ao progresso da vida da humanidade, para personagens históricos, para aquelas cuja vida pessoal parece ser a expressão da vida de uma época ou de uma nação. Estas pessoas não podem se modificar de maneira visível; só podem modificar-se interiormente, enquanto exteriormente continuam as mesmas de antes, dizendo as mesmas coisas, fazendo as mesmas coisas, mas sem apego, como atores num palco. Ao se tornarem atores em relação à sua vida, tornam-se yogues no meio da mais variada e intensa atividade. Pode haver paz em sua alma, sejam quais forem os seus problemas. Seu pensamento pode trabalhar sem impedimento, independentemente de qualquer coisa que possa rodeá-lo.
Karma-Yoga dá liberdade ao prisioneiro na cadeia e ao rei no trono, desde que possam sentir que são atores representando seus papeis.
Traduzido e adaptado ao idioma português por Sabedoria Milenar. A New Model of the Universe - P. D. Ouspensky