Quarta, 22 Julho 2020

A Ordem Sagrada do Tibet

Escrito por Samael Aun Weor
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Papus, em seu "Tratado Elementar de Ciência Oculta", disse que os verdadeiros Iniciados do Oriente são aqueles inscritos nos santuários secretos do Bramanismo.

Pois são os únicos capazes de darem a chave real do Arcano A.Z.F., graças ao conhecimento da língua atlante primitiva, Watan, raiz fundamental do sânscrito, do hebraico e do chinês.

A Ordem Sagrada do Tibete, antiquíssima, é certamente a genuína depositária do real tesouro do Aryabarta. Dizem antigas tradições arcaicas, que se perdem na noite aterradora de todas as idades, que esta venerada instituição se compõe de 201 membros, sendo seu plano superior formado por 72 brâmanes.

Está escrito, no fundo dos séculos e com caracteres de fogo que Bagavan Aclaiva, o Grande Maha-Rishi, é o regente secreto da misteriosa Ordem. Através do Santo Oito, o signo sagrado do infinito, qualquer Chela [discípulo], sob a condição de uma conduta reta, pode pôr-se em contato direto com essa organização secreta.

O Santo Oito traçado horizontalmente, sem dúvida, é uma ampulheta viva. Considerando-se intimamente a extraordinária formação desse maravilhoso signo, ressalta claramente a continuidade de um mesmo traço que fecha um duplo circuito no primeiro risco, enquanto que, no segundo, só fecha um. Desvia-se no outro para projetar-se para fora, depois de cortar o signo no mesmo ponto do seu cruzamento central.

Um fecha e o outro abre. Esta é, portanto, a chave requerida para abrir todas as portas e cortar todas as correntes formadas pela energia atômica, desde a que imaginamos depositada no fundo da consciência até a originária de todas, circulando da mesma forma, no centro vital da Nona Esfera.

Portanto, salvar com estes recursos dos riscos próprios de toda experiência astral e obter uma saída autoconsciente e rápida é, entre outras, uma razão mais do que suficiente para que a Sagrada Ordem do Tibete possa enfatizar seu lema: "Nada resiste ao nosso poder!".

De acordo com a descrição anterior, insinua-se o seguinte exercício:

  • Quietude e silêncio mental;
  • Imaginar vivamente o Santo Oito;
  • Meditar profundamente na Sagrada Ordem do Tibete;
  • Esse signo junta ou separa todos os elementos regidos pela energia atômica, quando traçado com os dedos médio, indicador e polegar da mão direita, sobre a superfície do Plexo Cardíaco.

Amar o Santo Oito. Venerem-no. Concentrem-se profundamente nele. O número oito vem a ser um emblema claro daquele Mercúrio Filosófico, verdadeira encarnação de Hermes, com o qual o Iniciado deve trabalhar no Magistério do Fogo.

Meditem no Signo Sagrado do Infinito, perfeita representação da conexão vivente que enlaça sabiamente os dois mundos, o divino e o material, que emanam respectivamente das águas de cima e das águas de baixo, do espaço produzido na segunda fase da criação e que, por fim, se unem no foco central interno da consciência individual, como veículo, canal e meio de expressão de um no outro. Concentrem-se profundamente no Santo Símbolo, no Oito inefável, nessa dupla corrente de fogo e água que se entrecruza sabiamente na Nona Esfera, dentro das entranhas vivas da Terra.

Recordem a nobre figura alquímica de Basílio Valentin, variação resplandecente do Caduceu, símbolo sacratíssimo do Mercúrio dos Sábios. Nele se unem as propriedades ativas do enxofre com a maravilhosa fecundidade produtora do sal para realizar sabiamente o místico conúbio de dois luminares em três mundos.

Que haja profundidade na sua concentração. Meditem na Sagrada Ordem do Tibete. Evoquem esses Oito Kabires ou Kabirim do Signo do Infinito, esses Oito Irmãos. Semíticas e inefáveis Divindades, cujo culto e mistérios passaram depois aos gregos e romanos, situando-se seu centro especial na Samotrácia. Esses Deuses Santos, considerados como os filhos de Hefestos ou Vulcano e de uma bela filha de Proteu, aparecem como nascidos do Fogo Sagrado que se desenvolve e progride no interior da Terra. São, pois, esses Oito Irmãos, os Regentes da Natureza, os geradores dos fenômenos vitais, os reguladores de todas as atividades fundamentais do organismo planetário em que vivemos. Meditem e orem. Permaneçam alertas e vigilantes como a sentinela em época de guerra e jamais caiam em tentação.

Que o Santo Oito, inefável e terrivelmente Divino, submirja como um bálsamo precioso dentro de seu dolorido coração e que os Oito Kabires guiem seus passos até a Sagrada Ordem do Tibete. Digo-lhes: Sejam íntegros, totalmente unos e receptivos. Uma noite qualquer, não importa qual, serão chamados pelo Templo dos Himalaias. "Pedi e se vos dará; batei e abrir-se-vos-á".

Ó Lanu, diga-me: Estás disposto a suportar as provas? Dizem os velhos sábios do Oriente que são sete as provas básicas, fundamentais e indispensáveis para a recepção iniciática na Ordem Sagrada do Tibete. Sobre a última dessas provas, o Mestre Luxemil já falou. Por acaso, seria agradável experimentar o terror da morte? Não obstante, somente assim viemos a compreender que o preço da Auto-Realização Íntima do Ser é pago com a própria vida.

Lúgubre sorte me cabe, contemplar o rastro ígneo daquilo que eu fui! Estive nas lutas, tomei conhecimento das provas e bati como outros nas portas do templo. A beleza sedutora do Templo Oriental pôs um cintilar de vida em minha alma sofrida, como o raio que colore põe na nuvem que chora o arco-íris que alegra. Grata e radiante, qual estrela errante ou como rápido meteoro, a sagrada imagem do templo foi o raio que abriu em minha noite um ardente sulco de ouro. Esse santuário inefável do Tibete é o farol e o archote, o hálito que cria e o turbilhão que agita, a calma do espírito que recria e a tormenta que açoita. Mistério insondável, harmonia doce e forte, severa e grave. Deus me proporcione obter-te como fúnebre lirismo, honra de sangue, flor do abismo, luto e glória da morte.

Sobre este rio negro da existência profana, a verdade austera e grave brilha como o silêncio das estrelas por cima do estrépito terrível das ondas. E fui submetido a provas inenarráveis dentro daqueles muros sagrados, no pátio nobre do templo. Quantas recordações! Que a tarde dobre sua asa de ouro no vazio; que venham a minha mente essas reminiscências esotéricas para o bem de meus leitores; que as estrelas estremeçam; que as aves noturnas me digam em segredo muitas coisas!

E naquele pátio de mistérios, uma Dama-Adepto, depois de tantas e tantas provas espantosas e terríveis, ensinou-me e mostrou-me sinistramente a descarnada e horrível figura da morte; ossuda caveira entre suas duas canelas cruzadas...

Deixai-me viver um pouco mais... Eu estou trabalhando pela humanidade doente... Pagarei tudo o que devo sacrificando-me pela Grande Órfã. Tende compaixão de mim.

"Se estivesses preparado, morrerias na presença desta figura". Esta foi a sua resposta e em seguida veio um silêncio aterrador.

Eu, desprezível verme do lodo da terra, de pé, junto a uma daquelas solenes e invictas colunas do santuário... Ai de mim! Ai! Ai!

Tremendas recordações chegaram a minha mente... Fazia parte da Sagrada Ordem do Tibete, porém isso não era novidade para mim. Recordei que, em outros tempos, havia estado ali, nesse mesmo lugar, parado junto à mesma coluna veneranda.

No pátio, ao redor da mesa sagrada, um grupo de Nirmanakayas estava sentado. Aqueles seres inefáveis transpiravam felicidade. Ó Deus, que túnicas belíssimas, vestimentas do paraíso, que rostos tão divinos! Obviamente não faltava entre eles alguns Sambogakayas, os quais, como é sabido, têm três perfeições mais que os Nirmanakayas.

Permitam-me dizer algumas palavras. Vêm-me à memória, nestes instantes, recordações de outros tempos. Passaram-se já muitos séculos desde que estive aqui parado neste mesmo lugar e junto a esta mesma coluna.

"Se tu não tivesses estado aqui antes, não terias voltado a bater nas portas deste templo", respondeu-me um Venerável ancião.

Avancei alguns passos, afastando-me da coluna, para colocar-me reverente diante da mesa dos santos. O ancião, que tinha tomado a palavra em nome de todos os eleitos, pôs-se de pé para fazer-me algumas recriminações justas.

Que rosto majestoso, parecia um Cristo vivo! Em seus olhos refletiam-se muitos dias e noites cósmicas. Sua barba sagrada era uma viva representação do Verbo universal da vida e sua cabeleira imaculada, caindo sobre seus ombros inefáveis, lembrava o Ancião dos Dias da cabala hebraica.

Ele falou e disse coisas terríveis. Mencionou uma mulher que eu havia conhecido depois da submersão do velho Continente Atlante. "Recordas-te de fulana?" Sim, Venerável Mestre, lembro-me dela. É evidente que eu fracassara nos antigos tempos por causa dela.

"Recordas-te de beltrana?" Sim, Venerável Mestre, recordo-me dela. Então, lembrei-me claramente de uma rainha tibetana.

Na Ásia Central, no coração mesmo dos Himalaias, próximo do Tibete, existiu um maravilhoso reino faz já cerca de um milhão de anos.

Os habitantes daquele antigo país eram o resultado de uma mistura Ário-Atlante.

Todo esoterista sabe muito bem que a primeira sub-raça de nossa atual quinta raça-raiz floresceu na Ásia Central.

Eu vivi nesse velho país e conheci a rainha que o Mestre me recordara de forma recriminatória.

Ela apresentou-se diante de mim quando eu era sacerdote da Sagrada Ordem do Tibete. A infeliz sofria e contou-me sua tragédia. O monarca, seu esposo, apaixonara-se por outra mulher e é óbvio que a desgraçada rainha caíra em desespero.

Quis ajudá-la e fiz o que pude por ela, porém cometi graves erros.

Assaltar a mente alheia é um delito e seria absurdo negar meus próprios erros. Usei meus poderes psíquicos de maneira evidentemente negativa e até cometi o erro de receber algum dinheiro. O tesouro real pagou-me uma quantia, a título de gastos da rainha.

O esposo abandonou a concubina, enquanto que o rei e a rainha se reconciliaram para o bem daquele país. Aparentemente fiz bem, mas recordemos as palavras do Mestre Moria: "Na cadência do verso também se esconde o delito".

A todas as luzes resulta claro compreender que caí no absurdo, que cometi tolices e, por tal motivo, mesmo eu sendo um Duas-Vezes-Nascido, fui severamente castigado.

Ali estava o ancião recordando-me todas estas coisas e é claro que minha dor moral foi espantosa.

"Refugiaste-te na Ordem da Jarreteira". Sim, Venerável Mestre, refugiei-me nela, foi minha resposta. Como negar? O seu olhar sacratíssimo trespassava-me o coração. Impossível esconder-me diante da Divindade.

Recordei aquela antiga personalidade que tive na velha Roma. Confiaram-me a missão de estabelecer um cenário forte para a quarta sub-raça desta quinta raça-raiz. Para tanto, utilizei a personalidade humana de Júlio César. Formei o grande Império Romano. Lutei como um leão nas Gálias e todo o mundo sabe que fui assassinado por Brutus, o traidor.

Não havia necessidade de me acolher à Ordem da Jarreteira. As leis secretas da Grande Vida Universal teriam me ajudado de todas as maneiras, sem que a citada Instituição romana fosse necessária.

Depois destas recriminações, senti-me angustiado, envergonhado de mim mesmo e com o coração dolorido. Disfarçada com o traje de verdugo ritual, uma Dama-Adepto avançou resolutamente para mim empunhando o látego sagrado em sua mão direita. Imediatamente, entendi que devia passar pela flagelação evangélica. Caminhei para o interior do templo devagarinho... ao longo daquele vetusto pátio, rodeado de muralhas arcaicas.

Morre! Morre! Morre! Exclamou a Dama enquanto me açoitava de verdade com o látego sagrado. Sim, é isso o que eu quero: morrer, morrer, morrer. Açoita-me com mais força. As chicotadas, ao invés de produzirem em mim a dor espantosa da tortura, penetravam-me como se fossem raios elétricos, beneficiando-me. Sentia em meu interior que essas entidades que constituem o Eu Pluralizado eram abatidas mortalmente.

Está escrito que Horus deve vencer e destruir os Demônios de Seth (Satã), para que a alma ressuscite no coração de Osíris (o Cristo).

É evidente, certo, patente, que depois de haver voltado ao Segundo Nascimento, precisava morrer em mim mesmo, aqui e agora.

Este não é o tipo de morte ordinária, comum e normal dos profanos e profanadores da vida e que infunde imenso terror aos seres vulgares, a essas multidões que povoam a face da Terra.

Certamente, esta se constitui na Morte Iniciática ou Filosófica dos Mestres, à qual fazia referência Giordano Bruno ao escrever a obra: "Coloro Che Filosofano Dirittamente Intendono a Morire".

Esta é a morte de Seth, o Mim Mesmo, o Si Mesmo, tão adorado por inúmeros equivocados sinceros.

Passaram-se muitos anos da minha vida, contudo, jamais pude esquecer esse evento cósmico ocorrido no coração dos Himalaias. Hoje estou bem morto no sentido esotérico. Trabalhei intensamente com a ajuda da minha Serpente Sagrada. Os Demônios Vermelhos foram derrotados. Grande foi a luta, porém consegui a Morte Iniciática. O caminho é mais amargo que o fel. Muitos são os chamados e poucos os escolhidos. O caminho da vida está formado com as pisadas dos cascos do cavalo da morte. Necessitava dissolver o Ego, morrer, sim, e agora digo o porquê...


Mensaje de Navidad 1969 - 1970 (18 de 25) - Mi Regreso al Tibet - Capítulo VI - Samael Aun Weor

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  • Complexidade do Texto: Avançado
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