O Mestre chinês Han Shan nasceu em Chuan Chia, na formosa comarca chinesa de Nanking. A Mãe Divina o anunciou em sonhos a uma mulher muito humilde da comarca de Nanking que conceberia um menino; e de fato, ela concebeu um belo menino, que nasceu em 12 de outubro de 1545. Esse menino foi o grande Mestre chinês chamado Han Shan.
Quando o menino contava com poucos anos de idade, esteve a ponto de morrer devido a uma grave enfermidade, porém sua humilde mãe orou cheia de fé à Mãe Divina Kundalini pedindo−lhe a saúde do menino e prometendo−lhe de todo o coração que se o menino sarasse ela o entregaria ao monastério para que se tornasse monge. Quando o menino sarou, sua boa mãe fez anotar seu nome no Monastério Budhista da Longevidade.
O menino Han Shan, desde tenra idade, demonstrou ser realmente um Mestre. Depois da morte de um tio e do nascimento do filho de uma tia, Han Shan preocupou−se intensamente por estudar os mistérios da vida e da morte. A mãe de Han Shan foi realmente muito severa com este menino. Em certa ocasião disse: “Tenho que vencer nele sua natureza demasiado delicada a fim de que possa estudar como é devido.”
Ao atingir a idade adequada, o menino ingressou no monastério e converteu−se em um verdadeiro devoto de Kwan Yin, a Mãe Divina.
Em certa ocasião recitou ante sua mãezinha chinesa todo o Sutra da Boddhisattwa Kwan Yin e, como é natural, sua mãezinha encheu−se de grande assombro.
Conta a tradição que quando o Mestre Ta Chou Chao viu este belo menino, exclamou cheio de alegria: “Este menino chegará a ser um Mestre dos homens e dos céus”.
Quando o citado Mestre interrogou o menino sobre o que queria ser, se um alto funcionário público ou um Buda, o menino respondeu com plena segurança: “Quero ser um Buda”.
Quando jovem, Han Shan sentiu−se profundamente preocupado em seguir a carreira esotérica, após ter lido a vida do grande Mestre chinês Chung Feng. Desde estão dedicou−se à vida espiritual.
Diz a tradição que o Buda Amida lhe apareceu nos mundos internos junto com os Boddhisattwas Kwan Yin e Ta Shih. Não cabe a menor dúvida de que tudo isto foi definitivo para que Han Shan se entregasse plenamente à vida esotérica.
Han Shan adotou o nome de Ching Yin, depois de haver escutado uma maravilhosa conferência sobre as dez portas misteriosas.
Quando Ching Yin chegou à idade de vinte anos, o Mestre do monastério, seu Grande Mestre, morreu; porém, antes de morrer, chamou todos os monges e lhes disse: “Tenho oitenta e três anos e muito breve terei de abandonar este mundo. Tenho atualmente oitenta discípulos, porém o discípulo que haverá de continuar minha obra é Han Shan” (Ching Yin), depois de minha morte deveis obedecê−lo e havereis de respeitar sua palavra, sem levar em conta sua idade”.
Assim foi como o Mestre chinês, chamado Han Shan, iniciou neste mundo sua grande obra.
Quando estudou o livro de Shao Lung e corrigiu as provas, ficou iluminado ao ler uma frase de um Brahmana que regressa à sua casa já muito idoso e os vizinhos exclamavam: “Vejam, aquele homem de então ainda existe!” E responde o ancião Brahmin: “Oh não! Pareço um velho, mas em realidade não sou!” Han Shan, ao ler isso, disse: “Em realidade os dharmas não têm começo nem fim. Quão verdadeiro é isto, quão verdadeiro!”
O Mestre Fa Kuang instruiu profundamente Han Shan sobre a técnica científica da meditação; ensinou-lhe também a dissociação da mente, a subconsciência e as percepções sensoriais e como manter−se afastado dos caminhos sagrados e mundanos do conhecimento durante a meditação.
As associações da mente para formar frases, recordações, imagens, ideias, desejos, etc., constituem a causa fundamental da incessante tagarelice e de todo o batalhar das antíteses. Se à base de compreensão conseguimos a dissociação mental, se à base de compreensão conseguimos a dissociação de todas as recordações subconscientes, se à base de compreensão conseguimos eliminar os elementos subjetivos de nossas percepções, então é claro que a mente fica quieta e em silêncio, não só no nível superficial, mas também nos níveis mais profundos do subconsciente.
Han Shan alcançou a quietude e silêncio da mente e converteu−se de fato em um iluminado Mestre de Perfeição.
Os velhos sábios diziam:
“Se não permites que tua mente se perturbe ao escutar o som da água que corre durante trinta anos, chegarás à compreensão milagrosa do Avalokitesvara”.
Han Shan converteu−se em um atleta da meditação interna e nada podia perturbá−lo. Sua alimentação consistia de grãos, verduras e arroz em quantidade suficiente para viver. Han Shan converteu−se em um verdadeiro atleta da quietude e do silêncio da mente, e claro que chegou à iluminação.
O resultado ou consequência da iluminação são os poderes que muitos cobiçam, porém que vêm ao místico sem necessidade de cobiçá−los, quando realmente chegou à iluminação.
Conta Han Shan que um dia, depois de haver comido seu cozido à base de arroz, verduras, etc., saiu a caminhar, porém, de repente, deteve−se surpreendido ao ver que não tinha corpo, nem mente. Então só viu um “Todo iluminado onipresente, perfeito, lúcido e sereno”. A partir de então todos os poderes de clarividência positiva, clariaudiência formidável, telepatia, intuição régia, etc., despertaram−se totalmente em Han Shan graças à quietude e silêncio da mente e como consequência da iluminação.
Han Shan compôs este precioso poema transcrito por Chang Chen-Chi:
“Quando reina a serenidade perfeita, alcança−se a verdadeira iluminação. Como a reflexão serena inclui todo o espaço, posso tornar a olhar o mundo que está formado de sonhos e só sonhos. Hoje compreendo realmente a verdade e a justiça dos ensinamentos de Buda!”
Han Shan, a base de muitíssima meditação íntima e com a suprema quietude e silêncio da mente, conseguiu despertar o Buddhata, isto é, a Essência, a Consciência.
Durante as horas de sono Han Shan deixou de sonhar e vivia nos mundos superiores totalmente desperto. Ao regressar ao corpo físico, depois do descanso do sono, trazia a seu cérebro físico todas as recordações de suas experiências nos mundos superiores. Tudo isso Han Shan conseguiu à base de quietude e silêncio mentais.
Uma noite, enquanto seu corpo físico dormia, Han Shan entrou no Templo da Grande Sabedoria. Os Mestres Ching Yan e Miao Feng em seus corpos astrais receberam−no com imensa alegria.
Nesse templo Han Shan recebeu o ensinamento preciosíssimo da entrada ao Dharmadhatu.
Por esse ensinamento Han Shan soube o que são no fundo as leis de evolução ou progresso e involução ou retrocesso.
Também compreendeu Han Shan que existem muitas terras Búdicas que se penetram e compenetram mutuamente sem se confundirem e que ali a principalidade e o serviço são fundamentais nessas terras; compreendeu que o que em nós discrimina é a subconsciência, e o que não discrimina é a sabedoria; compreendeu ainda que a pureza ou a impureza dependem totalmente de nossa mente.
Han Shan esteve em corpo astral dentro do Templo de Maitreya Bodhisatva, foi este quem, lendo em um rolo que abriu, disse: “O que em nós discrimina é a subconsciência; o que não discrimina é a sabedoria. Se dependes da subconsciência te corrompes; se te apóias na sabedoria obterás a pureza. Da corrupção provêm a vida e a morte. Se alguém alcança a pureza, não haverá necessidade de Budas”.
Quando Han Shan regressou à sua casa, depois de muitíssimos longos anos de ausência, os vizinhos perguntaram à sua mãe: “E este, de onde veio? Veio por barco ou por terra?”
A mãe respondeu: “Vem a nós desde o vazio”.
Certamente Han Shan veio desde o Vazio Iluminador. Assim está escrito e Chang Chen-Chi assim o conta.
A quietude e o silêncio absoluto da mente, depois de grandes práticas, provocam a ruptura da bolsa, a nossa entrada no Vazio Iluminador. Então entramos em êxtase porque nossa Consciência desperta.
Capítulo XII do livro: La Ciencia de la Música - Mensaje de Navidad - 1965 – 1966 - Samael Aun Weor