Domingo, 17 Janeiro 2021

A Causa Psicossomática da Escoliose

Escrito por Rüdger Dahlke
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A escoliose, o desvio lateral da coluna vertebral, é um desvio inconsciente do meio em um âmbito central.

Além desse fato, o sincero corpo mostra ainda a direção do desvio que, como toda unilateralidade, prejudica os dois lados. Quando o centro de gravidade da vida se desloca para a esquerda, para o lado feminino, o direito, masculino, fica automaticamente curto demais, embora tampouco o feminino vá bem. Com a preferência inversa pelo lado direito, não somente o lado esquerdo, feminino, é favorecido, mas o direito sofre com seu próprio sobrepeso. Assim como os dois lados lucram com o equilíbrio harmônico, ambos sofrem em conjunto com a perda desse equilíbrio.

Quando ocorrem desvios acentuados da linha mediana, os órgãos internos da caixa torácica também são afetados. Quando o coração não está do lado certo, as interpretações tornam-se desnecessárias. O mesmo acontece quando os pulmões não se expandem livremente. Eles precisam de espaço para expandir-se. Nenhuma expansão é possível quando o espaço é tolhido, seja em sentido concreto ou do ponto de vista da comunicação.

A uma torção corporal corresponde uma torção anímica. Trata-se aqui sobretudo de desvios de percurso que não agradam nem um pouco os afetados. Por mais que eles deem voltas e voltas, eles têm o erro atrás de si, em suas costas. Os desvios têm sempre um caráter duplo, alguém se desvia de algo, e dirige-se a alguma outra coisa. É interessante notar que há uma nítida preponderância de escolioses que se desviam para o lado direito, masculino. Um paciente vivenciou na terapia, novamente consciente, como o desvio de sua coluna vertebral começou na puberdade, quando não pôde endireitar-se diante de seu pai e, em vez disso, afastou-se fisicamente.

Dramas muito especiais ocorreram à mesa, onde o filho tinha que sentar-se à direita do pai. Como ele não conseguiu distanciar-se animicamente, sua coluna vertebral o substituiu e afastou-se do pai. Apesar disso ele tentou, sem demonstrar firmeza, serpentear pela vida. Pessoas com tais desvios tentam esquivar-se diante da franqueza sem rodeios. Sua coluna vertebral percorre caminhos curvos e revela preferências semelhantes em sentido figurado que elas não admitem para si mesmas. Em vez de tomar caminhos retos e diretos, em sua comunicação elas preferem enrolar, escolhendo rodeios para desviar-se dos obstáculos. Nisso elas podem perder-se em muitos rodeios e enrolar-se a si mesmas. Uma variante desse padrão treinada física e conscientemente pode ser estudada no teatro de variedades, nos chamados homens-cobra.

A tarefa consiste em posicionar-se realmente no lado preferido. Quando se vivencia esse polo, o corpo é aliviado e pode voltar a distribuir seu peso de forma equilibrada. A abertura real para uma metade torna sua parcialidade consciente e abre a oportunidade de descobrir em seu fundo também a qualidade do lado oposto. A redenção do serpentear está na adaptação flexível às necessidades da vida. O que se pretende aqui não é mudar de acordo com o vento, mas vibrar no ritmo da vida no sentido que lhe dá Heráclito e seu conhecimento atemporal: panta rhei, tudo flui.


Livro A Doença como Linguagem da Alma - Rüdger Dahlke – A Escoliose ou o Desvio da Coluna

Informações adicionais

  • Complexidade do Texto: Intermediário
Ler 498 vezes Última modificação em Terça, 02 Fevereiro 2021