09 - O Despertar da Consciência


Nessa monografia se fala dos Quatro Estados de Consciência, se ensina a chave SOL para o despertar da mesma, se fala do processo de identificação que ocorre quando entramos em contato com um objeto ou evento, além de dicas muito importantes para nos mantermos sempre alertas e evitarmos de cair no sono profundo devido a fascinação com os eventos criados pelas ilusões do Sansara. Bons estudos!


“O despertar da Consciência só é possível mediante a liberação e emancipação do dualismo mental, do batalhar das antíteses, da agitação intelectual...”.

Samael Aun Weor


O Sono da Consciência
O Problema do Conhecimento
Os Quatro Estados de Consciência
Síntese
Um Exemplo de Nous
Uma Didática para o Despertar
A Identificação do Ser Humano

O Sono da Consciência


"Sonha o sábio com a esplêndida rosa do mágico prado que entreabre suas folhas deliciosas a Vênus, luzeiro vespertino do amor. Sonha o bardo cabeludo com o tímido riacho cantante que desce pela montanha desfeito em prata, convertido todo em filigrana que corre e passa. Sonha a mãe desventurada com o filho que perdeu na guerra e não concebe sorte mais dura; chora ao pé de seu retrato o destino triste; o raio joga com a tortura e até acende um íris em cada gota. Sonha Fausto com sua Margarida de branca face tranquila, sob o dossel primoroso de sua ruiva cabeleira, que, como cascata de ouro, cai sobre seus ombros alabastrinos. Que abismo tão profundo em sua pupila pérfida e azulada como a onda!

Nas garras espantosas da dor, o pobre animal intelectual sonha que é Bruto partindo em mil pedaços o coração de César; Espártaco, o temível, assolando o campo de batalha; Ulisses em seu palácio de Ítaca matando furioso os pretendentes de sua esposa; Tell rechaçando com o pé o esquife; Cleópatra seduzindo Marco Antônio; Cromwell ante o suplício de um monarca; Mirabeau no Tabor das nações; Bolívar com cinco povos libertados; Morelos nos campos de batalha.

Sonha o enamorado na estrela que pelo Oriente sobe resplandecente, com o tão esperado encontro, com o livro que ela tem entre suas mãos, com sua romântica janela. Sonha o marido ofendido em obscura contenda e bronca rebeldia; sofre o indizível e até morre no pesadelo. Sonha o luxurioso com a nudez impúdica da diaba que se contorce como o porco no lodo da imundície. Sonha o bêbado que é rico, jovem, esforçado cavalheiro de grande renome, valente na batalha. Sonha Amado Nervo com a amada imóvel e Víctor Hugo com os Miseráveis. Esta vida de tipo lunar é só um tecido de sonhos.

Não se equivocaram os velhos sábios da terra sagrada dos Vedas quando disseram que este mundo é MAYA (ilusão). Ah!…se essas pobres pessoas deixassem de sonhar… Quão diferente seria a vida!.

Meu regresso ao Tibet"


As pessoas confundem a Consciência com a Inteligência ou com o Intelecto, e a quem é muito inteligente ou muito intelectual dão o qualificativo de muito consciente. Nós afirmamos que a CONSCIÊNCIA no homem é, fora de toda dúvida e sem temor de nos enganarmos, um tipo muito especial de “APREENSÃO DE CONHECIMENTO INTERIOR”, totalmente independente de qualquer atividade mental. A faculdade da CONSCIÊNCIA nos permite o conhecimento de NÓS MESMOS.

A CONSCIÊNCIA nos dá conhecimento íntegro do que é, de onde se está, do que realmente se sabe, do que certamente se ignora. A PSICOLOGIA REVOLUCIONÁRIA ensina que só o próprio homem pode chegar a conhecer a si mesmo. Somente nós mesmos podemos saber se estamos conscientes em dado momento ou não. Só a própria pessoa pode saber de sua própria Consciência, e se esta existe em um momento dado ou não. O próprio homem, e ninguém mais que ele, pode dar-se conta por um instante, por um momento, de que antes desse instante, antes desse momento, realmente não era consciente, tinha sua Consciência adormecida; depois, esquecerá essa vivência ou a conservará como lembrança, como a recordação de uma forte experiência.

É urgente saber que a CONSCIÊNCIA no ANIMAL RACIONAL não é algo contínuo, permanente... Normalmente a Consciência dorme profundamente no animal intelectual, equivocadamente chamado homem. Raros, muito raros são os momentos em que a Consciência está desperta; o animal intelectual trabalha, dirige automóveis, se casa, morre, etc., com a consciência totalmente adormecida, e só desperta em momentos muito excepcionais. A vida do ser humano é uma vida de sonho, mas ele crê que está desperto e jamais admitiria que está sonhando, que tem a Consciência adormecida.

Se alguém chegasse a despertar, se sentiria espantosamente envergonhado de si mesmo, compreenderia de imediato sua palhaçada, seu ridículo. Esta vida é espantosamente ridícula, horrivelmente trágica e raramente sublime... Se um boxeador chegasse a despertar de repente em plena luta, olharia, envergonhado, todo o honrado público, e fugiria do horrível espetáculo ante o assombro das multidões adormecidas e inconscientes.
Quando o ser humano admite que tem a Consciência adormecida, podem estar seguros de que já começa a despertar.

As escolas reacionárias de psicologia antiquada que negam a existência da Consciência e até a utilidade de tal termo demonstram o estado de Sono mais profundo. Os seguidores de tais escolas dormem muito profundamente, em um estado praticamente infraconsciente e inconsciente. Quem confunde a Consciência com as funções psicológicas, pensamentos, impulsos motores e sensações realmente está muito inconsciente, dorme profundamente. Quem admite a existência da Consciência mas nega completamente os distintos graus de Consciência demonstra falta de experiência consciente, sonho da Consciência.

Toda pessoa que alguma vez despertou momentaneamente sabe muito bem, por experiência própria, que existem diferentes níveis de Consciência observáveis em si próprio:

  • Primeiro: TEMPO. Quanto tempo permanecemos conscientes?
  • Segundo: FREQUÊNCIA. Quantas vezes despertamos Consciência?
  • Terceiro: AMPLITUDE E PENETRAÇÃO. De que se era consciente?

A Psicologia Revolucionária e a antiga Philokalia afirmam que, mediante grandes super-esforços de tipo muito especial, pode-se despertar a Consciência e torná-la contínua e controlável. A Educação Fundamental tem o objetivo de despertar Consciência. De nada servem dez ou quinze anos de estudo na escola, no colégio e na Universidade, se ao sair das aulas somos autômatos adormecidos. Não é exagero afirmar que, mediante algum grande esforço, o animal intelectual pode ser consciente de si mesmo apenas por um par de minutos. É claro que nisto costuma haver raras exceções, que devemos buscar com a lanterna de Diógenes; esses casos raros estão representados pelos Homens verdadeiros: Buda, Jesus, Hermes, Quetzalcoatl, etc. Estes fundadores de religiões possuíram Consciência contínua, foram grandes Iluminados.

Normalmente as pessoas não são conscientes de si mesmas. A ilusão de ser consciente de forma contínua nasce da memória e de todos os processos do pensamento. O homem que pratica um exercício retrospectivo para recordar toda sua vida pode realmente relembrar, recordar quantas vezes se casou, quantos filhos teve, quem foram seus pais, seus professores, etc., mas isto não significa despertar Consciência; é simplesmente recordar atos inconscientes, e isso é tudo. Na vida normal, comum e corrente, o ser humano nada sabe da Auto-Consciência e muito menos da Consciência Objetiva.

No entanto, as pessoas são orgulhosas e todo o mundo se acredita Auto-Consciente; o animal intelectual acredita firmemente que tem Consciência de si mesmo, e de nenhuma maneira aceitaria que lhe dissessem que é um adormecido e que vive inconsciente de si mesmo. Existem momentos excepcionais em que o animal Intelectual desperta, mas esses momentos são muito raros; podem apresentar-se em um instante de perigo supremo, durante uma intensa emoção, diante de alguma nova circunstância, em alguma nova situação inesperada, etc.

É verdadeiramente uma desgraça que o pobre animal intelectual não tenha nenhum domínio sobre esses estados fugazes de Consciência, que não possa invocá-los, que não possa torná-los contínuos. Entretanto, a Educação Fundamental afirma que o homem pode conseguir o controle da Consciência e adquirir Auto-Consciência. A Psicologia Revolucionária tem métodos e procedimentos científicos para despertar Consciência. Se queremos despertar Consciência necessitamos começar por examinar, estudar e depois eliminar todos os obstáculos que se apresentam em nosso caminho...


O Problema do Conhecimento


"As pessoas querem ver, ouvir, tocar e apalpar as grandes realidades dos mundos superiores; as pessoas querem recordar suas vidas passadas, conversar com os Deuses, etc., etc. Porém, infelizmente, têm apenas uns três por cento de Consciência desperta e uns noventa e sete por cento de Consciência adormecida. Quem quiser apalpar as grandes realidades dos mundos internos, quem quiser chegar ao Despertar da Consciência, tem que resolver-se a MORRER de instante em instante; isso é indispensável, custe o que custar...

Antes de tudo, é urgente saber que temos um «Eu» pluralizado dentro de nós mesmos. Tal “Eu” é o “SETH” da mitologia egípcia: conjunto de “Diabos Vermelhos”, como disseram os antigos sacerdotes da terra dos Faraós. Essas entidades submersas que personificam o Ego (ou SETH, como estávamos dizendo), constituem nossos erros, são a semelhança de nossos próprios defeitos. Dentro de cada uma dessas entidades está enfrascada nossa Consciência, embutida, engarrafada, adormecida. Assim, nossa Consciência atua em função de seu próprio engarrafamento, segue definitivamente pelo caminho do erro; é egóica, infelizmente.

Se queremos despertar para poder ver, ouvir, tocar e apalpar os Mundos Superiores, para poder falar com os Mestres da Branca Irmandade, é necessário destruir totalmente SETH, o Ego, os “Diabos Vermelhos”, os “Eus”. Somente assim a Consciência pode emancipar-se, liberar-se e despertar radicalmente.

El Quinto Evangelio

Conversaciones Con Unos Discípulos”


São inumeráveis as escolas e a literatura pseudo-esotérica e pseudo-ocultista. Por toda parte abundam essas escolas e esses autores, combatendo-se mutuamente.

Na Catedral de Notre Dame, em Paris, desenhado no piso, há um labirinto... Recordemos o labirinto da Ilha de Creta. No centro daquele labirinto estava o Minotauro cretense. Conta-se que Teseu conseguiu orientar-se nesse labirinto até chegar onde estava o Minotauro e, enfrentando-o em luta corpo-a-corpo, o venceu. A saída desse labirinto foi possível mediante o “Fio de Ariadne”, que pôde levá-lo até a “Liberação Final”. É interessante saber que, precisamente no piso da Catedral de Notre Dame, em Paris, foi desenhado esse labirinto maravilhoso. Indubitavelmente, tudo isto nos convida à reflexão...

Orientar-nos não é coisa fácil: o labirinto das teorias é mais amargo que a morte. Enquanto alguns autores dizem que os exercícios respiratórios são magníficos, outros dizem que são prejudiciais; enquanto uns afirmam uma coisa, outros afirmam outra; cada escola presume possuir a verdade; o labirinto é muito difícil. Quando alguém consegue chegar ao centro do labirinto, tem que entrar em luta corpo-a-corpo com o Minotauro cretense, ou seja, com seu próprio Ego, com o “Eu”, com o “Mim Mesmo”, com o “Si Mesmo”, e só se consegue sair do centro do labirinto mediante o “Fio de Ariadne”, que deve conduzir-nos até a luz.

No entanto, a maior parte das pessoas se perde no labirinto de tantas teorias, de tantas escolas e tantas confusões... Como fazer para orientar-nos? De que maneira? Obviamente, devemos interessar-nos pelo DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA; só assim podemos caminhar com êxito dentro daquele misterioso labirinto; mas, enquanto não houvermos despertado, estaremos confundidos...

Alguns até se entusiasmam momentaneamente por estes estudos, e mais tarde os abandonam. Há aqueles que, com a cabeça cheia de teorias, crêem já haver descoberto o CAMINHO SECRETO, ainda que andem bem adormecidos. Parece incrível, mas há Mestres da Grande Loja Branca, verdadeiros gnósticos no sentido transcendental da palavra, despertos radicalmente, Auto-Realizados totalmente (em linguagem Alquimista, diríamos: indivíduos que já têm em seu poder a “Gema Preciosa”), e que no entanto não sabem nem ler nem escrever; são absolutamente analfabetos, mas, isso sim, AUTO-REALIZADOS, e DESPERTOS!

Em troca, vemos, no caminho da vida, dentro das diversas escolas, organizações, seitas, ordens, etc., pessoas com a cabeça cheia de teorias, indivíduos com rica erudição, mas com a Consciência completamente adormecida; “ignorantes ilustrados” que não somente não sabem, mas, o que é pior, nem sequer sabem que não sabem... Ao serem interrogados, demonstram, sim, uma erudição surpreendente e mentes brilhantes, com conceitos brilhantes, provérbios luminosos, contundentes e definitivos; mas de que serve tudo isso?...

Necessitamos antes de tudo DESPERTAR, para saber como vamos nos orientar. De que nos serviria ter a cabeça cheia de letras, se continuamos com a Consciência adormecida? Mais valeria ser analfabetos, porém DESPERTOS... Necessitamos aprender a viver, meus caros amigos, porque acontece que os seres humanos não sabem viver, e isso é muito grave. Não medimos o tempo, cremos que este veículo físico vai durar uma eternidade, quando realmente não dura quase nada, e logo se transforma em pó...


Os Quatro Estados de Consciência


"Quem desperta a Consciência pode estudar, durante as horas do sono, todas as maravilhas dos mundos superiores. Quem desperta a Consciência vive nos Mundos Superiores como um cidadão do Cosmos totalmente desperto. Então convive com os Grandes Hierofantes da Loja Branca.

Quem desperta a Consciência já não pode sonhar aqui neste plano físico, nem tampouco nos mundos internos. Quem desperta a Consciência deixa de sonhar. Quem desperta a Consciência se converte em um investigador competente dos mundos superiores. Quem desperta a Consciência é um Iluminado. Quem desperta a Consciência pode estudar aos pés do Mestre. Quem desperta a Consciência pode dialogar familiarmente com os Deuses que iniciaram a aurora da criação. Quem desperta a Consciência pode recordar suas inumeráveis reencarnações. Quem desperta a Consciência assiste conscientemente a suas próprias iniciações cósmicas. Quem desperta a Consciência pode estudar nos templos da Grande Loja Branca...

O Matrimônio Perfeito"


Existem quatro estados de CONSCIÊNCIA possíveis para o homem: o SONO, a VIGÍLIA, a AUTO-CONSCIÊNCIA e a CONSCIÊNCIA OBJETIVA.

Imagine por um momento, querido leitor, uma casa com quatro andares; o pobre animal intelectual, equivocadamente chamado homem, vive normalmente nos dois andares de baixo, mas jamais na vida usa os dois superiores. O Animal Intelectual divide sua vida dolorosa e miserável entre o sono comum e corrente e o mal-chamado estado de VIGÍLIA, que é, por desgraça, outra forma de sono. Enquanto o corpo físico dorme na cama, o EGO, envolto em seus CORPOS LUNARES, anda livremente, com a Consciência adormecida como um sonâmbulo, pela região molecular.

Na região molecular o EGO projeta seus SONHOS e vive neles; não existe lógica alguma em seus SONHOS: continuidade, causas, efeitos, todas as funções psíquicas trabalham sem direção alguma e aparecem e desaparecem imagens subjetivas, cenas incoerentes, vagas, imprecisas, etc. Quando o EGO, envolto em seus Corpos Lunares, regressa ao CORPO FÍSICO, vem então o segundo estado de Consciência, chamado estado de VIGÍLIA, que no fundo não é outra coisa senão outra forma de sono. Ao regressar o EGO a seu CORPO FÍSICO, os sonhos continuam no interior; o chamado ESTADO DE VIGÍLIA é realmente o SONHAR ACORDADO. Ao sair o Sol, as estrelas se ocultam, mas não deixam de existir; assim são os sonhos no estado de VIGÍLIA; eles continuam secretamente, não deixam de existir. Isto significa que o Animal Intelectual, equivocadamente chamado HOMEM, só vive no mundo dos sonhos; com justa razão disse o poeta que a vida é um sonho.

O ANIMAL RACIONAL dirige carros sonhando, trabalha no escritório, na fábrica, no campo, etc., sonhando, se enamora em sonhos, se casa em sonhos; raramente, raras vezes na vida, está desperto; vive no mundo de sonhos e crê firmemente que está desperto. Os Quatro Evangelhos exigem o DESPERTAR, mas infelizmente não dizem como DESPERTAR. Antes de tudo, é necessário compreender que se está adormecido; só quando alguém se dá conta cabalmente de que está adormecido entra realmente no caminho do DESPERTAR. Quem chega a DESPERTAR se torna então AUTO-CONSCIENTE, adquire CONSCIÊNCIA de SI MESMO. O erro mais grave de muitos pseudo-esoteristas e pseudo-ocultistas ignorantes é o de se presumirem AUTO-CONSCIENTES e crer, além do mais, que todo o mundo está desperto, que todas as pessoas possuem AUTO-CONSCIÊNCIA.

Se todas as pessoas tivessem a CONSCIÊNCIA DESPERTA, a Terra seria um PARAÍSO, não haveria guerras, não existiria nem o meu nem o seu, tudo seria de todos, viveríamos em uma Idade de Ouro. Quando alguém desperta Consciência, quando se faz auto-consciente, quando adquire CONSCIÊNCIA DE SI MESMO, então realmente vem a conhecer a VERDADE sobre si mesmo. Antes de alcançar o terceiro estado de consciência (a auto-consciência), alguém realmente não conhece a si mesmo, ainda que creia que se conhece.

É indispensável adquirir o TERCEIRO ESTADO DE CONSCIÊNCIA, subir ao terceiro andar da casa, antes de ter direito a passar ao quarto andar. O QUARTO ESTADO DE CONSCIÊNCIA, o quarto andar da casa, é realmente formidável. Somente quem chega à CONSCIÊNCIA OBJETIVA, ao QUARTO ESTADO, pode estudar as coisas em si mesmas, o mundo “tal qual é”. Quem chega ao quarto andar da casa é fora de qualquer dúvida um ILUMINADO, conhece por experiência direta os MISTÉRIOS DA VIDA E DA MORTE, possui a Sabedoria, seu sentido espacial está plenamente desenvolvido.

Durante o SONO PROFUNDO podemos ter lampejos do estado de VIGÍLIA. Durante o estado de VIGÍLIA podemos ter lampejos de AUTO-CONSCIÊNCIA; durante o estado de AUTO-CONSCIÊNCIA podemos ter lampejos de CONSCIÊNCIA OBJETIVA. Se queremos chegar ao DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA, à AUTO-CONSCIÊNCIA, teremos que trabalhar com a CONSCIÊNCIA aqui e agora. É precisamente aqui, neste mundo físico, onde devemos trabalhar para DESPERTAR CONSCIÊNCIA; quem desperta aqui, desperta em todas as partes, em todas as dimensões do Universo.


Síntese


Os Quatro Estados de Consciência são também denominados como se segue:

  • a) Eikasia
  • b) Pistis
  • c) Dianóia
  • d) Nous

Eikasia é ignorância, crueldade humana, barbárie, sono demasiadamente profundo, mundo instintivo e brutal, estado infrahumano. Pistis é o mundo das opiniões e crenças. Pistis são hipóteses, preconceitos, sectarismos, fanatismos, teorias nas quais não existe nenhum tipo de percepção direta da Verdade. Pistis é a consciência do nível comum da humanidade.

Dianóia é revisão intelectual de crenças, análise, sintetismo conceitual, consciência cultural-intelectual, pensamento científico, etc. O pensamento dianoético estuda os fenômenos e estabelece leis. O pensamento dianoético estuda os sistemas indutivo e dedutivo com o propósito de utilizá-los de forma profunda e clara. Nous é Consciência desperta perfeita. Nous é o estado de “Turiya”, a perfeita iluminação interior profunda. Nous é legítima clarividência objetiva. Nous é intuição. Nous é o mundo dos arquétipos divinos. O pensamento noético é sintético, claro, objetivo, iluminado.

Nous implica a ausência total do Ego, do Eu, do Mim Mesmo. Quem alcança as alturas do pensamento noético desperta a Consciência totalmente e se converte em Turiya. A parte mais baixa do homem é racional e subjetiva, e se relaciona com os cinco sentidos comuns. A parte mais elevada do homem é o mundo da Intuição e da Consciência objetiva espiritual. No mundo da Intuição estão os arquétipos de todas as coisas da Natureza. Somente aqueles que penetraram no mundo da Intuição objetiva, somente os que alcançaram as alturas solenes do pensamento noético estão verdadeiramente despertos e iluminados...


Um Exemplo de Nous


Neste momento me vêm à memória as lembranças de algo insólito. Faz uns dezessete ou dezoito anos, encontrando-me em um mercado da Cidade do México com minha esposa-sacerdotisa Litelantes, no momento em que reclamávamos um relógio que ela havia mandado consertar numa relojoaria, fomos de repente sacudidos por uma violenta explosão de dinamite. Litelantes, horrorizada, me pediu que voltássemos para casa de imediato. É óbvio que minha resposta foi francamente negativa; eu não queria de modo algum expor nossas vidas a uma segunda explosão que sabia que iria acontecer.
 
Foram inúteis seus pedidos... Nesse momento, soaram as sirenes e campainhas dos bombeiros. Aqueles mártires, humildes servidores da humanidade, se precipitaram para o lugar das explosões... “De todos estes bombeiros que acabaram de entrar no teatro dos acontecimentos, não se salvará nenhum; morrerão”- essas foram minhas palavras; Litelantes, horrorizada, ficou em silêncio. Instantes depois, uma segunda explosão fez estremecer terrivelmente a Cidade do México.

O resultado foi a morte de todos esses humildes servidores; se desintegraram automaticamente, pois não se encontraram nem os cadáveres; somente se achou por ali a bota de um sargento. Eu, francamente, fiquei assombrado com o grau de inconsciência em que se encontravam tais bombeiros; se eles tivessem estado despertos, de nenhuma maneira teriam perecido. Ainda me lembro do choro das mulheres que fugiam daquele mercado e dos filhos, que, horrorizados, se agarravam às saias de suas mães. Se eu não tivesse estado desperto, obviamente teria perecido, porque, no lugar onde devia tomar o ônibus, tão indispensável para voltar para casa, morreram centenas de pessoas.

Ainda não pude esquecer tantos e tantos cadáveres, que, estirados sobre a beira da calçada, jaziam cobertos com jornais. Inquestionavelmente, essas vítimas se deveram à curiosidade; tratava-se de curiosos, pessoas inconscientes, adormecidas, que, depois da primeira explosão, haviam acorrido ao lugar dos acontecimentos para contemplar o espetáculo. Se tais pessoas tivessem estado despertas, jamais teriam acorrido como curiosos àquele lugar. Infelizmente, dormiam profundamente; assim, encontraram a morte.

Quando regressamos à nossa casa, situada no bairro Caracol, nossos vizinhos estavam alarmados; supunham que havíamos morrido. Certamente se assombraram de que, apesar de estar tão próximos do lugar da catástrofe, ainda havíamos podido regressar vivos. Eis a vantagem de estarmos despertos.


Uma Didática para o Despertar


"Quando um homem qualquer chega a compreender profundamente que não pode lembrar-se de si mesmo, que não é consciente de si mesmo, está bem próximo do despertar da Consciência. Estamos dizendo algo sobre que há que refletir profundamente. Isto que estamos dizendo aqui é muito importante, e não se pode compreender se se lê mecanicamente. Nossos leitores devem refletir. As pessoas não são capazes de sentir seu próprio Eu enquanto se auto-observam, de fazê-lo passar de um centro a outro, etc..

Observar a própria forma de falar, rir, caminhar, etc., sem esquecer-se de si mesmo, sentindo esse Eu dentro, é muito difícil, e no entanto básico, fundamental, para conseguir o despertar da Consciência. O grande Mestre Ouspensky disse: “ A primeira impressão que me produziu o esforço por ser consciente de meu Ser, por ser consciente de mim mesmo como Eu, de dizer-me a mim mesmo: “Eu estou caminhando, Eu estou fazendo”, e de tratar de manter vivo este Eu, de senti-lo dentro de mim, foi o seguinte: o pensamento ficava como adormecido quando eu agarrava o Eu; não podia pensar nem falar, até que diminuía a intensidade das sensa-ções; além disso, podia manter-me em semelhante estado só por um tempo muito curto.

O Colar de Buddha"


Existem no homem uns noventa e sete por cento de Subconsciência e uns três por cento de Consciência. Falando em outros termos, diríamos que aproximadamente noventa e sete por cento da Consciência estão adormecidos, e que há somente uns três por cento de Consciência desperta. Entretanto, há pessoas que não alcançam os três por cento de Consciência desperta, normalmente chegam a dois por cento, e há quem tenha somente um por cento.

Mas, se disséssemos isto aos que têm a Consciência adormecida, não acreditariam, e ainda se ofenderiam; é trabalhoso dizer isso às pessoas que dormem, porque não acreditam em nós, crêem que estão despertas ou que os estamos ofendendo.

É necessário despertar, e, para isso, antes de tudo é necessário nos convencermos sinceramente de que estamos adormecidos; quando alguém aceita que está adormecido é sinal ou sintoma de que quer despertar. Isso é muito semelhante ao louco está louco; nenhum louco aceita que está louco; todos os loucos crêem que estão muito bem. Quando um louco aceita que está louco é sinal inequívoco de que está melhorando. Vocês podem evidenciar isto nos manicômios; não há louco que aceite que está louco. No entanto, por outro lado, observem aqueles loucos que estão prontos para sair do manicômio; aceitam que estão doentes, compreendem que não estão bem; esse é precisamente o sinal inequívoco de que já estão melhorando notavelmente.

O mesmo acontece com as pessoas que têm a Consciência adormecida: não aceitam que estão adormecidas; mas, quando já o aceitam, é sinal inequívoco de que querem despertar ou que começam a despertar. Não se trata, entretanto, de reconhecer isso intelectualmente, não; qualquer um pode dizer automaticamente: “Sim, estou adormecido”, mas outra coisa é estar consciente de que se está adormecido; isso é diferente. Existe pois, uma grande diferença entre o intelecto e a Consciência.

Mas como obter esse despertar? Obviamente já sabemos que o fundamento está na dissolução do Ego, isso é inquestionável, e esse é um assunto que vocês não ignoram; mas claro, temos que nos ajudar com diferentes métodos e procedimentos. Tudo que contribui para o despertar é útil. Vou explicar-lhes uma técnica, mas quero que prestem muita atenção. É necessário dividir a atenção em três partes:

  • 1ª) Sujeito
  • 2ª) Objeto ou objetos
  • 3ª) Lugar

SUJEITO - Não esquecer-nos de nós mesmos, autovigiar-nos em cada segundo, em cada momento. Isto implica o estado de alerta em relação a nossos pensamentos, gestos, ações, emoções, hábitos, palavras, etc., etc., etc. Quando alguém se esquece de si mesmo comete erros muito graves em sua vida. Por exemplo, se nos esquecemos de nós mesmos diante de um copo de bebida, que acontece? Que não apenas bebemos aquele copo, mas podemos tomar muitos outros e nos embebedarmos, de maneira que seria grave alguém esquecer-se de si mesmo diante de um copo de bebida.

Se nos esquecemos de nós mesmos frente a uma pessoa do sexo oposto, que aconteceria? Poderíamos chegar à fornicação ou ao adultério, não é verdade?

Se nos esquecemos de nós mesmos, por exemplo, diante de um insultador, é certo que terminamos também insultando, até trocando golpes com o insultador.

É portanto indispensável que alguém não se esqueça de si mesmo. Ouspensky, por exemplo, se propôs uma noite andar desperto pelas ruas de São Petersburgo (digo “andar desperto” para diferenciar de “andar adormecido”, que é o que fazem as pessoas comuns). Aquele homem andou e andou, autovigiando-se, auto-observando-se, controlando a mente e os sentidos; caminhou por toda parte. De repente, quis fumar um de seus charutos; ele fumava; viu uma loja e entrou para comprar tabaco. Quando saiu dali fumando, já não se lembrou do exercício que estava praticando; andou por muitas ruas de São Petersburgo até chegar em sua casa; ao entrar em seu quarto se lembrou outra vez de si mesmo; então, com dor, se deu conta de que se havia esquecido do exercício, de que sua Consciência havia adormecido ao entrar naquela loja e de que andara por muitos lugares como um verdadeiro sonâmbulo.

Vejam como é difícil não esquecer-se de si mesmo. Ao dizer “não esquecer-se de si mesmo”, a que estamos nos referindo? A estarmos auto-observando nossos sentimentos, nossos impulsos internos, nossos sofrimentos, nossas emoções, nossos instintos, nossos hábitos, etc, a estar vigiando os sentidos e a mente, pois, se alguém não controla os sentidos e a mente, cai no sono da Consciência.

OBJETO- Minuciosa observação de todos aqueles objetos ou representações que chegam à mente através dos sentidos. Este é o segundo aspecto da chave. Se alguém, por exemplo, vê um objeto bonito, um terno, um anel, um perfume, uma escrivaninha ou vitrine, o que seja, mas se encanta com aquele objeto que está vendo, o que sempre ocorre é que esta pessoa cai no sono da Consciência. Por que? Porque se esqueceu de si mesma. Ao ver o objeto, se identifica com ele, e a pobre Consciência dorme profundamente.

Necessitamos observar ao redor, as coisas que nos rodeiam, sem nos fascinarmos com elas. É urgente compreender que alguém jamais deve esquecer-se de si mesmo...

O carro é muito elegante e corre muito? O filme é apaixonante? A casa é muito luxuosa? Sim, mas por que temos que esquecer-nos de nós mesmos? Por que? Normalmente, ao ver os objetos ao nosso redor, há um processo de adormecimento; vejamos:

1) Identificação - A pessoa se esquece de si mesma e se identifica com aquele objeto. Uma força hipnótica nos toma os sentidos, levando toda nossa atenção até aquele objeto. Então dizemos: “Que lindo, que bonito, que belo é”...

2) Fascinação - Fica-se fascinado pelo objeto; se é um terno bonito, diz: “Esta cor é a que melhor combina comigo; que elegante estaria com ele; se tivesse dinheiro o compraria, etc., etc.”

3) Sono - Esse estado de atração forte, sedução e deslumbramento produz em nós uma dormência ou sonolência que conduz indubitavelmente ao sono profundo da Consciência. Então começamos a sonhar com a beleza daquele terno, com a festa em que o estrearíamos, com a linda moça a quem o mostraríamos, etc.

Todo tipo de identificação produz fascinação e sonho. Você vai andando por uma rua, de repente se encontra com a multidão que protesta por algum motivo diante do palácio do Presidente. Se não está em estado de alerta, se identifica com a multidão, se fascina, e logo vem o sono: você grita, joga pedras, faz coisas que em outras circunstâncias não faria nem por “um milhão de dólares”. Esquecer-se de si mesmo é um erro de conseqüências incalculáveis. Identificar-se com algo é o cúmulo da estupidez, porque o resultado vem a ser a fascinação e o sonho. É impossível que alguém possa despertar Consciência se se esquece de si mesmo, se se identifica com algo.

É impossível que um aspirante possa despertar Consciência se se deixa fascinar, se cai no sonho. Você está viajando em qualquer transporte urbano; tem que descer do veículo em determinada rua; sem saber como, lhe vem à mente a lembrança de uma pessoa querida. Você se identifica com essa lembrança, vem a fascinação e logo está sonhando acordado... De repente, dá um grito de exclamação: “Onde estou? Caramba!... passei da rua... tinha que descer em tal esquina, em tal rua”... então se dá conta de que sua Consciência havia estado ausente, desce do ônibus e volta a pé até a esquina onde devia ter descido.

LUGAR - Finalmente, alguém deve olhar qualquer lugar de forma detalhada, mesmo um lugar conhecido, a sala de sua casa, o quarto, olhá-los todos os dias como algo novo. Onde quer que chegue, a primeira coisa que deve dizer é: “Bem, por que estou aqui? Que tenho a ver com este lugar? Por que cheguei a este lugar, a este mercado, a este escritório, a este templo, etc.?” Isso é indispensável se se quer despertar Consciência, não somente aqui mas também nos Mundos Superiores.

Dentro deste fator “lugar” devemos incluir, pois, a questão DIMENSIONAL. Poderia acontecer de a pessoa encontrar-se realmente na Quarta ou na Quinta Dimensão da Natureza no momento da observação. Recordemos que a natureza tem sete dimensões; dentro do mundo tridimensional reina a Lei da Gravidade; nas DIMENSÕES SUPERIORES da natureza existe a Lei da LEVITAÇÃO. Ao observar um lugar, não devemos esquecer jamais a questão das sete dimensões da natureza. Convém então perguntar a si mesmo: ”Em que dimensão estou?” Em seguida é necessário, como verificação, dar um pequeno salto o mais longo possível, com a intenção de flutuar no ambiente circundante.

É lógico que, se flutuamos, é porque nos encontramos fora do corpo físico. Não devemos esquecer jamais que, quando o corpo físico dorme, o EGO, com os CORPOS LUNARES e a ESSÊNCIA dentro, perambula inconsciente como um sonâmbulo no MUNDO MOLECULAR.

Me vem agora à memória uma experiência vivida muito interessante. Há alguns anos aconteceu que cheguei a uma casa. Atravessei um lindo jardim, traspassei o umbral de uma sala e, por último, entrei num escritório onde havia uma banca de advogados. Diante da mesa encontrei uma senhora muito elegante, que me atendeu. De repente, conversando com ela, vi sobre a escrivaninha duas borboletas de vidro; eram muito bonitas, mas o que mais me assombrou é que aquelas borboletas tinham vida própria: moviam suas asas e suas antenas e eram de vidro, inclusive respiravam como as demais borboletas; eram de vidro e de múltiplas cores.

Então disse a mim mesmo: “Como é possível que estas borboletas de vidro façam tudo isto, que tenham vida própria? Obviamente, fenômenos desse tipo somente podem acontecer no Mundo Astral, porque no mundo físico isto é completamente impossível”. Olhei ao meu redor e disse a mim mesmo: “Que faço eu neste lugar, neste escritório de advogados?” Aquela senhora conversava amavelmente comigo. Resolvi pedir-lhe licença para retirar-me um momento. Ela cortesmente me deu licença para sair. Já lá fora, pensei: “Vou fazer uma experiência para ver”..., e dei um saltinho com a intenção de flutuar no meio-ambiente. Certamente fiquei flutuando. Então, disse a mim mesmo: “Estou em corpo Astral”.

Regressei àquele escritório, sentei-me diante da escrivaninha; a senhora estava ali me aguardando, e eu lhe disse: “Senhora, quero que saiba que nos encontramos agora em corpo Astral, lembre-se de que se deitou para dormir há algumas horas e seu corpo neste momento está dormindo, repousando na cama”. Eu esperava alguma resposta inteligente daquela senhora, mas o que vi nela foram olhos de sonâmbula. Obviamente, tinha a Consciência completamente adormecida, não entendeu nada de tudo o que eu estava lhe dizendo. Bem, em vista disso, do estado de sonho tão profundo em que estava aquela senhora, que fiz? Fui embora, me despedi dela e saí rumo à Califórnia. Eu precisava fazer algumas investigações naquele Estado...

Pelo caminho encontrei um homem que havia morrido fazia tempo. Levava um fardo pesado sobre suas costas; havia sido carregador de cargas pesadas em algum mercado. Aquele infeliz havia desencarnado fazia muito tempo, mas acreditava ainda estar vivo. Me aproximei dele e lhe disse: “Amigo, que está acontecendo? Por que carrega esse volume tão pesado em suas costas”? A resposta foi: “Estou trabalhando”. “Mas, que está dizendo, amigo, não percebe que morreu, que esse fardo que leva sobre suas costas não é mais que uma forma mental criada por você mesmo?” Não compreendeu nada, me olhou com olhos de sonâmbulo, não entendeu nada do que eu lhe dizia. Resolvi flutuar ao seu redor e sobre sua cabeça para ver se assim compreendia, mas foi inútil. Não compreendeu nada, estava adormecido; o infeliz não havia feito nada na vida para despertar a Consciência, e continuava adormecido, com a Consciência adormecida. Segui minha viagem até a Califórnia; necessitava fazer as investigações e as fiz - eram investigações sobre algumas escolas, etc. Depois, regressei ao corpo físico...

Recordo também que, há uns quarenta anos, me aconteceu um caso muito interessante... Me vi em uma sala; ali falávamos, um grupo de pessoas, sobre assuntos esotéricos. Mas como, em primeiro lugar, não acostumo esquecer-me de mim mesmo; segundo, me encanta observar em detalhe tudo que vejo, e, terceiro, não permaneço em lugar algum de forma inconsciente e pergunto a mim mesmo: “Por que estou aqui? Que estou fazendo neste lugar?”, é claro que naquela ocasião entraram em atividade esses três aspectos da divisão da atenção.

Assim, disse a mim mesmo: “Que faço aqui?” Não me esqueci e olhei o lugar... “Que estou fazendo?” Olhei as pessoas que estavam ao meu redor; “Por que estou falando com elas?” Tudo parecia físico, material; os objetos francamente eram normais, entretanto eu dizia a mim mesmo: “Por que tenho que estar aqui? Por que esta reunião, se não marquei com ninguém?” Aquilo parecia tão físico, tão material, que parecia que minhas perguntas eram excessivas. Não havia detalhes que acusassem que eu estava no Mundo Astral, mas instintivamente sempre dividi a atenção em três partes: sujeito, objeto e lugar...

Que fiz? Pedi licença também, como para ir ao banheiro ou respirar um pouco de ar fresco. Já fora da sala, dei um salto alongado com a intenção de flutuar, e certamente flutuei no ambiente. Regressei à sala, ocupei o lugar onde estava sentado e me dirigi a todos os presentes: “Amigos, tenho que informar a todos os aqui presentes que nos encontramos em Corpo Astral”... Todos me olharam surpresos (e alguns deles, no mundo físico, estudavam o esoterismo, o ocultismo). Ainda assim, não me compreenderam; olharam a si mesmos, e um deles me disse: “Não, estamos no mundo físico; você está louco! De onde tirou isso de que estamos em astral?” Lhes disse: “Sim, estamos em astral”, mas, como ninguém quis me acreditar, saí daquela sala e, depois de sair, me dirigi até determinado lugar com o propósito de fazer investigações esotéricas. Depois regressei, certamente, ao corpo físico... Mas vejam vocês como despertei: mediante a divisão da atenção em três partes (Sujeito, Objeto e Lugar).

De maneira que lhes esclareço que, para fazer corretamente este exercício da divisão da atenção, deve-se praticar de segundo em segundo, de instante em instante, até que se torne um hábito, até que se converta em instinto; no princípio, e durante longo tempo, é necessário que se pratique isto com rigorosa disciplina esotérica, até que um dia se faça instintivamente. Acontecerá então que tal exercício, praticado no estado de vigília, se gravará tanto no subconsciente que trabalhará depois automaticamente, durante as horas de sono.

Vocês sabem perfeitamente que muitas vezes sonhamos com acontecimentos do dia. Também pode acontecer que alguém tenha uma grande preocupação e sonhe com ela à noite. Conhecendo esse aspecto da mente, convém praticar este exercício intensivamente. Ao acostumar-se a realizá-lo, se repete automaticamente durante as horas do sono, e então vem o despertar da Consciência.
Convém saber que, durante as horas do sono, a Alma, ou, para ser mais exatos, a “Psique” (nossa Consciência engarrafada no Ego), se encontra fora do corpo físico. A pessoa vive ali como no físico, mas não se dá conta realmente de onde está. Se nesses instantes faz o exercício, o resultado vem a ser o despertar da Consciência. Uma vez que alguém desperta, pode dirigir-se a qualquer lugar da Terra, ir aos Templos de Mistérios, invocar os Seres Inefáveis, conversar com eles cara-a-cara, receber instruções diretas dos grandes Mestres, etc., etc.

Pergunta - Mestre: no momento de ir dormir, devemos seguir essas mesmas instruções?
Resposta - Na hora de dormir convém, naturalmente, que a pessoa observe rigorosamente seu quarto e diga a si mesma: “Este é meu quarto, estas são minhas coisas; o teto está pintado de tal ou qual cor, as paredes desta ou daquela cor”... observar rigorosamente todos os objetos, suas formas, suas cores, etc., e depois dizer a si mesma: “Se eu aparecer, depois deste momento, em outro lugar, é sinal de que estarei em Corpo Astral, e então me recordarei de mim mesmo, me recordarei, me recordarei..., e darei um saltinho com a intenção de flutuar... Farei isso, farei isso, farei isso!”...

Praticando este exercício pelo tempo médio de uma hora antes de dormir, combinado com a prática da divisão da atenção em três partes: Sujeito, Objeto e Lugar, estou absolutamente seguro de que conseguirão o despertar da Consciência muito rapidamente.

Na hora de despertar fisicamente pela manhã, depois do sono normal, deve-se permanecer quieto na cama, não mover-se, porque com qualquer movimento se agita a psique e se perdem as lembranças. Deve-se ficar quieto na cama e, a seguir, praticar um exercício retrospectivo, a fim de recordar minuciosamente os lugares por onde andou, as pessoas com as quais falou, o “estado” de consciência em que se encontrava (seja dormindo, seja desperto), etc. As próprias lembranças que vá obtendo lhe irão indicando se está despertando ou não, e em que grau...


A Identificação do Ser Humano


"Não devemos esquecer a MORTE. Com justa razão, os monges de “La Cartuja”, na Espanha, têm uma saudação muito especial:

- “Irmãos, morrer devemos”... Responde o outro monge:
- “Irmão, disso já sabemos”... Essa é sua saudação, cada vez que se encontram: “Irmão, morrer devemos”... “Irmão, disso já sabemos”...

Não nos interessa a morte do corpo físico; este podemos perdê-lo ao sair de casa, em qualquer momento; mesmo em casa, podemos cair da cama ao chão e morrer; escorregar em uma casaca qualquer na rua, matar-nos, isso não é o importante. O que nos interessa é a MORTE DO “EU”, do mim mesmo, desse “EU” que temos dentro e que nos torna tão horríveis.

Se vocês estivessem despertos, poderiam evidenciar o que estou lhes dizendo. As radiações que toda pessoa que tem o “EU” traz são muito semelhantes às do Conde Drácula: SINISTRAS! Quando estou sozinho em meditação, por exemplo, e vem alguém que tenha “EU”, sinto de longe suas vibrações que são sinistras; são as mesmas do Conde Drácula: desagradáveis, sinistras...

O “EU” nos torna verdadeiramente imundos, no sentido mais completo da palavra. Assim, quando alguém já tenha conseguido eliminar o “EU”, desintegrar todos os “elementos inumanos” que leva dentro, fica então radicalmente desperto, cem por cento desperto, isso é óbvio.

El Quinto Evangelio

Asociaciones Psíquicas que Conducen al Despertar”.


O mais importante é NÃO IDENTIFICAR-SE com as circunstâncias da existência. A vida é como um filme, e é de fato um filme que tem um princípio e tem um fim; diversas cenas vão passando pela tela da mente, e nosso erro mais grave consiste em nos identificarmos com essas cenas. Por que? Porque passam, simplesmente porque passam; são cenas de um grande filme, e finalmente passam... Felizmente, no caminho de minha vida aceitei sempre isso como lema: NÃO IDENTIFICAR-SE COM AS DIFERENTES CIRCUNSTÂNCIAS DA VIDA...

Me vêm à memória, diríamos, casos da infância. Como meus pais terrenos haviam se divorciado, cabia a nós, os irmãos de uma grande família, sofrer. Tínhamos ficado com o chefe da família e nos era proibido visitar nossa mãe terrena; no entanto, não éramos tão ingratos a ponto de esquecê-la. Eu fugia sempre de casa com um irmãozinho menor que me seguia; íamos visitá-la e depois voltávamos para casa, mas meu irmãozinho sofria muito; na volta se cansava, porque era muito pequeno, e eu tinha então que levá-lo em minhas costas. Ele chorava amargamente e dizia: “Agora, de volta para casa, papai vai nos açoitar, vai nos dar pauladas”. Eu lhe respondia dizendo: “Tudo passa, lembre-se de que tudo passa”... Quando chegávamos em casa, certamente nos esperava nosso pai terreno, cheio de grande ira, e nos dava chicotadas. Depois nos mandava para nosso quarto para dormir; mas, ao deitar-nos, eu dizia a meu irmão: “Viu? Já passou. Se convenceu de que tudo isso já passou?”

Um dia, nosso pai ouviu quando eu dizia a meu irmão “Tudo passa, isso já passou”; claro, ele, que era bastante iracundo, empunhou de novo o chicote terrível que trazia, e entrou em nosso quarto dizendo: “Então quer dizer que tudo passa, seus sem-vergonhas?”, e logo nos deu outra surra ainda mais terrível, retirando-se depois, aparentemente muito tranqüilo por haver-nos açoitado. Assim que ele se retirou, um pouco mais baixinho, disse a meu irmão: “Está vendo? Isso também já passou”... Ou seja, nunca me identificava com essas cenas; tomei como lema na vida jamais identificar-me com as circunstâncias, com os eventos, com os acontecimentos, pois sei que esses acontecimentos, essas cenas, vão passando. Alguém se preocupa tanto porque tem um problemão, que não sabe como resolver, e depois que passa vem outra cena completamente diferente; então, para que se preocupou? Se tinha que passar, com que objetivo se preocupou?

Quando alguém se identifica com os diversos acontecimentos da vida, comete muitos erros. Se alguém se identifica com um copo de bebida que lhe oferece um grupo de amigos embriagados, termina bêbado; se se identifica com uma pessoa do sexo oposto em um dado momento, acaba fornicando, e se se identifica com um insultador que o está ferindo com suas palavras, termina também insultando... Parece-lhes prudente que nós, que somos pessoas aparentemente sérias, terminemos insultando?

Crêem que isso estaria bem? Se alguém se identifica com uma cena, por exemplo, de sentimentalismo barato, em que todos choram amargamente, acaba chorando também; quer dizer que SE ESQUECEU DE SI MESMO, se esqueceu do trabalho que está fazendo, e então está perdendo o tempo miseravelmente...

As pessoas se esquecem completamente de si mesmas, se esquecem de seu próprio SER INTERIOR PROFUNDO; por isso se identificam com as circunstâncias. Normalmente as pessoas andam adormecidas por isso, porque estão identificadas com as circunstâncias que as rodeiam, e cada qual tem sua “cançãozinha psicológica”, como disse em meu livro “Psicologia Revolucionária”...

De repente encontramos alguém que nos diz: “Eu, na vida, tive que fazer isto, e isto, e isto... me roubaram, fui um homem rico, tive dinheiro e me roubaram; Fulano de Tal foi o malvado que me roubou”... Em resumo, canta sua “canção psicológica”. Dez anos mais tarde, encontramos esta mesma pessoa, e volta a cantar a mesma “canção”; vinte anos depois tornamos a encontrá-la e nos repete a mesma “canção”; essa é sua “canção psicológica”; ficou identificada com o evento para o resto de sua vida, e, nestas circunstâncias, como poderia dissolver o Ego, de que maneira, se o está fortificando?

Ao identificar-se fortificam-se os “Eus”. Se alguém se identifica com uma briga, acaba também dando murros. Me vem à memória o caso de um boxeador, de um campeão lutando contra outro nos Estados Unidos; no final todos os espectadores terminaram golpeando-se uns aos outros, perfeitamente loucos; todos dando-se murros, uns contra os outros, todos terminaram boxeadores...

Observem o que é a identificação. Já vi uma senhora assistindo a um filme onde os atores choram - bem, choram fingindo, é claro, mas aquela senhora que estava assistindo ao filme acabava chorando também, com uma angústia espantosa. Vejam o que é a identificação! Que fez essa pobre mulher que se identificou com o herói do filme? Ao identificar-se com o herói do filme, ou com a heroína, foi criado um novo “Eu”; criou dentro de si mesma esse novo “Eu”, que lhe roubou parte de sua Consciência; de maneira que essa pessoa, se já estava adormecida, segue agora ainda mais adormecida. Por que? Pela identificação, isso é óbvio...

As pessoas se esquecem de si mesmas diante da televisão e caem na fascinação daquilo que estão vendo; então, sonham profundamente. Desde que se inventou a televisão perdeu-se a unidade dos lares. Chega o marido, por exemplo, cansado de trabalhar, e a mulher já não sai com os braços abertos para recebê-lo; o homem já não tem essa felicidade, porque a senhora está vendo televisão. O homem pode necessitar dela, e está ocupada, está vendo a novela, está fascinada. Claro que a culpa não é unicamente das mulheres; os homens também se identificam com tudo o que vêem ali; a mulher pode querer sair para passear ou falar tranqüilamente com seu esposo, mas o homem está totalmente identificado com aquele filme, ou com o futebol, e até faz gestos ridículos e grita, esquecendo-se totalmente de tudo o que está acontecendo ao seu redor. Vejam, pois, quão absurdo e triste é alguém identificar-se com as coisas...