A questão do funcionamento equivocado dos centros é um tema que exige um estudo de toda a vida, através da observação do “si mesmo” em ação e do exame rigoroso dos sonhos. Não é possível chegar em um instante à compreensão dos centros; necessitamos infinita paciência para compreender suas formas incorretas de trabalhar.
Toda a vida se desenvolve em função dos Centros e é controlada por eles. Nossos pensamentos, sentimentos, esperanças, temores, amores, ódios, ações, sensações, prazeres, satisfações, frustrações, etc., se encontram nos centros.
O descobrimento de algum “elemento inumano” em qualquer um dos centros deve ser motivo mais que suficiente para trabalhá-lo esotericamente.
É necessário compreender o que é a mente e o que são o sentimento e o sentimentalismo. Se estudarmos o Ser cuidadosamente, veremos que a mente não é o Ser. Na Teosofia se fala muito do “Corpo Mental” e as diversas escolas de pensamento o citam. Não queremos com isto dizer que todos os “humanóides” já possuam o veículo mental. Haverá “manas”, como se diz em sânscrito, ou seja, substância mental, depositada em cada um de nós, porém isso não é possuir realmente o veículo da mente.
Em todo o caso, a mente, se é que o ser humano já possui tal veículo ou que está começando a criá-lo, e mesmo que ainda não o tenha, não é mais que um instrumento de manifestação; mas não é o Ser.
O sentimento tampouco é o Ser. No passado, me senti inclinado a crer que o sentimento, em si mesmo, correspondia ao Ser; mais tarde, depois de severas análises, me vi na necessidade de retificar tal conceito. Obviamente, o sentimento advém do Corpo Astral nos seres humanos.
Poderiam objetar-me dizendo que nem todos possuem esse precioso veículo kedsjano e nisso estamos de acordo, mas existe a emoção, a substância astral correspondente em cada um de nós.
De fato, quer tenhamos o veículo sideral ou não, surge evidentemente isto que se chama sentimento.
Em seu aspecto negativo, o sentimentalismo nos converte, pois, em entes demasiadamente negativos; mas o sentimento não é tampouco o Ser. Pode pertencer ao Centro Emocional, porém não é o Ser.
A mente tem seu Centro (o Centro Intelectual), mas não é o Ser. O Centro da Mente, o Intelectual, está localizado no cérebro - isto é óbvio - porém não é o Ser. O sentimento, que corresponde ao Centro Emocional, localiza-se na região do plexo solar e abarca os centros nervosos simpáticos e o coração, porém não é o Ser.
O Ser é o Ser, e a razão de ser do Ser é o mesmo Ser...
Por que temos que nos deixar levar pelos Centros da máquina? Por que permitimos que o Centro Intelectual ou Emocional nos controlem? Por que temos que ser escravos desta maquinaria? Devemos aprender a controlar todos os Centros da máquina, devemos nos converter em seus senhores.
Há cinco Centros na máquina, isto é óbvio: o Intelectual, o primeiro; o Emocional, o segundo; o Motor, que é o terceiro; o Instintivo, o quarto; e o Sexual, o quinto. Mas os Centros da máquina não são o Ser; podem estar a serviço do Ser, porém não são o Ser. Assim, pois, nem a mente nem o sentimento são o Ser...
Por que sofrem os seres humanos? Porque permitem que o pensamento e o sentimento intervenham nas diversas circunstâncias da vida. Se nos insultam, reagimos de imediato; se ferem nosso amor próprio, sofremos e até nos encolerizamos.
Quando contemplamos todo o panorama da vida, podemos evidenciar claramente que temos sido, diríamos, como pedaços de madeira no oceano, devido precisamente a que temos permitido que a mente e o sentimento se intrometam nas diversas circunstâncias da existência.
Não temos dado oportunidade à Essência, ao Ser, para que se expresse através de nós. Temos sempre tentado resolver as coisas por nossa conta, reagimos ante qualquer palavra dura, qualquer problema ou qualquer dificuldade; nos sentimos feridos quando alguém nos fere, ou contentes quando alguém nos agrada.
Temos sido, dissemos, como pedaços de madeira entre as embravecidas ondas do grande oceano; não temos sido senhores de nós mesmos.
Por que nos preocupamos? Pergunto a mim mesmo e pergunto a vocês. Por causa dos “problemas”, me diriam. A preocupação, meus caros irmãos, é um hábito de muito mau gosto, de nada serve, nada resolve; uma pessoa tem que aprender a viver de instante em instante, de momento a momento. Por que haverá alguém de preocupar-se ?
Assim, não devemos permitir que a mente e os sentimentos se intrometam nas diversas circunstâncias da vida; a personalidade humana deve tornar-se passiva, tranquila. Isto implica, de fato, em uma tremenda atividade da consciência; isto significa aprender a viver conscientemente, isto significa dispor a base para o despertar...
Disfunções no Trabalho do Centro Intelectual
“É lamentável que, por falta de sabedoria, os seres humanos estejam fabricando nos cinco cilindros da máquina orgânica inumeráveis Eus-Demônios que roubam parte de sua consciência e de suas vidas.”
Samael Aun Weor, Mensagem de Natal de 1966.
Se estudamos judiciosamente o porquê do trabalho equivocado dos Centros, encontramos a resposta nos múltiplos “eus-defeitos” que se encontram ali e os controlam. No que se refere ao Centro Intelectual, vemos que os “agregados psíquicos” aproveitam os conhecimentos adquiridos para auto-afirmar-se e fortalecer-se.
Quando algum conhecimento não é submetido à meditação profunda, então o Eu da psicologia utiliza essas informações, originando, consequentemente, uma forma muito peculiar de intelectualismo.
Os conhecimentos não prejudicam a ninguém, mas quando são capturados pelo “Ego”, produzem consequências por si só bastante graves, porque então o Eu se torna mais astuto, cauteloso e formula os piores crimes; busca maneiras de explorar o homem pelo homem, destrói as diversas manifestações científicas, artísticas, filosóficas e religiosas.
O Eu de que fala a Psicologia Profunda, armado de conhecimentos intelectuais, sabota os valores que sempre têm sustentado a humanidade, trata de tirar os valores espirituais do ser humano, destrói a obra dos grandes Homens.
O intelectualismo é o pólo oposto da Inteligência; é muito diferente da Intelecção Iluminada. O intelectualismo é uma mescla de Eu Psicológico com a informação adquirida através dos sentidos externos. A Inteligência é um atributo do Ser, é uma faculdade da Consciência Superlativa do Ser.
A humanidade consciente trabalha com a Inteligência; a humanidade mecânica e tenebrosa consegue seus níveis de prestígio social, político e econômico trabalhando com a astúcia intelectual, trabalhando com a parte mecânica do Centro Intelectual, ou seja, com a pior parte de si mesma.
Em realidade, nas atuais condições, o ser humano não é um verdadeiro indivíduo pensante, não tem mente individual.
Do Centro Intelectual surgem diversos pensamentos que provêm não de um Eu permanente, como supõem os “ignorantes ilustrados”, mas dos diferentes Eus em cada um de nós.
No entanto, quando pensa, o homem crê firmemente que em si mesmo e por si mesmo está pensando. O pobre “mamífero intelectual” não quer dar-se conta de que os múltiplos pensamentos que passam por seu entendimento têm sua origem nos distintos Eus que leva dentro de si.
Um trabalho sério e continuado sobre o Centro Intelectual inclui a não-identificação com tal ou qual pensamento negativo e prejudicial, porque todos os pensamentos desse tipo provêm deste ou daquele Eu que, em um momento dado, utiliza abusivamente nosso Centro Intelectual.
Vista esta questão desde o ângulo pluralizado de PENSADORES e PENSAMENTOS, o que ocorre é que cada um dos Eus que carregamos em nossa psique é de fato um pensador diferente. Não obstante, cada um desses “eus-pensadores”, apesar de constituir só uma parte, se crê o todo em um momento dado.
Assim, por exemplo, quando surge em nós um pensamento de ódio contra determinada pessoa, cremos que a totalidade de nós está odiando, com o que não só nos auto-negamos, senão que ainda fortalecemos o Eu autor do correspondente pensamento negativo através dos processos de identificação.
Obviamente, quem não vive em estado de ALERTA-NOVIDADE, em estado de PERCEPÇÃO ALERTA, isto é, quem não observa os processos de seu Centro Intelectual e “pensa que está pensando”, se identifica facilmente com qualquer pensamento negativo.
Se aceitamos estes pensamentos, estes “eus-pensadores” que em um momento qualquer controlam nosso Centro Intelectual, seremos então, incapazes de nos liberar de seus resultados.
Não devemos nunca esquecer que esses Eus negativos e briguentos se apoderam facilmente dos conhecimentos que não tenham sido devidamente compreendidos e dos conceitos adquiridos por imitação mecânica; ou seja, se apoderam dos “rolos mentais” armazenados em nosso Centro Intelectual, originando correntes mentais nocivas e prejudiciais.
Quando uma informação foi devidamente compreendida, não apenas no nível intelectual, mas também em todos os departamentos da mente, passa a formar parte da Essência ou Consciência, e então o Ser utiliza essa sabedoria para determinar circunstâncias no mundo físico.
Segundo a Gnose, eliminando o Ego deixamos de ser vítimas das circunstâncias e da maldade do próximo e nos advém a Intelecção Iluminada, que é uma mescla da Razão Objetiva com a Intuição; e, com essa poderosa chave em nossa mente, poderíamos abrir, sem temor algum, a porta que conduz aos Mundos Superiores, poderíamos investigar os Mistérios da Vida e da Morte.
Daí a importância de descobrir o Ego em ação porque, no que se refere ao Centro Intelectual, quando a pessoa já aprendeu a viver em estado de alerta, os “eus-pensadores” não podem enganá-la, pois compreende que uma parte de si mesma quer levá-la, por exemplo, ao adultério, ao orgulho místico, aos ciúmes, ou pretende afastá-la dos ensinamentos gnósticos.
Inquestionavelmente, quando uma pessoa observa, compreende e a seguir elimina o Eu a que se refere a Psicologia Experimental e Revolucionária, cessam os auto-enganos, termina o trabalho equivocado dos Centros.
Disfunções no Trabalho do Centro Emocional
“Como poderia existir em nós o real sentimento de nosso verdadeiro Ser quando esses Eus estão sentindo e pensando por nós? O mais grave desta tragédia é que a pessoa pensa que está pensando, sente que está sentindo, quando é outro que em dado momento pensa com nosso martirizado cérebro e sente com nosso dolorido coração. Infelizes de nós: quantas vezes cremos estar amando e o que acontece é que outro dentro de nós mesmos, cheio de luxúria, utiliza o centro do coração!Somos uns infelizes: confundimos a paixão animal com o amor e, entretanto, é outro dentro de nós mesmos, dentro de nossa Personalidade, quem passa por tais confusões!”
A transformação do Centro Emocional Inferior está intimamente relacionada com a não-expressão de emoções negativas. Quando cometemos o erro de nos esquecermos de nós mesmos e de nos identificarmos com o mundo dos sentidos externos, novos eus vêm à existência e se fortalecem os que já vivem em nosso espaço psicológico.
No Plexo Solar ou Centro Emocional, sabiamente colocado pela Natureza na região do umbigo, os “agregados psíquicos” se expressam sentimentalmente, quase sempre com um sentimentalismo mórbido que a nada conduz.
Concretamente, as emoções negativas têm sua causa-raiz nas associações mecânicas e na identificação consigo mesmo e com os demais.
O “animal intelectual” olha a vida através das informações armazenadas nos Centros, e, quando um evento exterior não coincide com determinada informação, o resultado é uma emoção negativa. As idéias falsas que temos sobre nós mesmos provocam sempre emoções inferiores.
Quando alguém se identifica com essas falsas idéias, então ama demasiado a si mesmo, se auto-considera e pensa que sempre tem se portado bem com Fulano, com Beltrano, com a mulher ou o marido, com seus filhos; e supõe que ninguém tem sabido apreciá-lo. Ou seja, a emoção negativa da auto-consideração conduz de maneira inevitável à auto-comiseração.
É claro que a falsa educação, somada à pobreza espiritual, criou no “animal intelectual” formas estereotipadas de reagir, maneiras equivocadas de pensar e de sentir, mecanismos que se manifestam como pensamentos negativos e emoções inferiores.
Porém, quando trabalhamos sobre o Centro Emocional, podemos saber em que momento e por que surge uma emoção negativa.
A Psicologia Gnóstica ensina o método exato para transformar ou purificar o Centro Emocional e, a este respeito, assinala: “é necessário aprender a ver o ponto de vista alheio”; “precisamos aprender a nos colocar no lugar dos outros”; “é necessário aprender a receber com agrado as manifestações desagradáveis de nossos semelhantes”.
A presença de um sentimento negativo não deve ser condenada nem justificada, mas auto-observada em um ato de “recordação de si”. Quando fazemos isto, podemos então conhecer nossos estados equivocados de consciência.
A energia consciente que se acumula com cada ato de “recordação de si”, se cristaliza finalmente em um CENTRO PERMANENTE DE CONSCIÊNCIA, capacitando-nos a receber as influências do Ser através dos Centros Superiores (Intelectual e Emocional).
Mas, se vivemos lamentando o perdido, chorando pelo que desprezamos, recordando os velhos tropeços e calamidades, sentindo piedade por nós mesmos, manifestando um amor-próprio exagerado, nos preocupando com o que os outros possam pensar de nós, nada poderá crescer em nosso interior, nunca poderemos passar a um Nível Superior do Ser.
Na luta contra essas fraquezas, um preceito deve ser urgentemente posto em prática: “se queremos nos modificar radicalmente, devemos sacrificar nossos próprios sofrimentos.”
Estabeleçamos uma exata diferenciação entre sofrimentos mecânicos e padecimentos voluntários.
Os sofrimentos mecânicos se apresentam por causa de nossa consciência adormecida, por nossa própria culpa, devido a nossos erros e defeitos psicológicos. Os padecimentos voluntários são aqueles que o aspirante gnóstico impõe a si mesmo, para poder aniquilar o Ego animal, para alcançar a Alta Iniciação e “perder-se no Ser”.
As pessoas que trabalharam muito na vida sem obter o que desejam, aqueles que sofreram muito e que obviamente se sentem defraudados; os que pensam que a vida lhes deve aquilo que nunca foram capazes de conseguir, normalmente sentem uma tristeza interior, uma sensação de monotonia e tédio espantoso, um cansaço íntimo ou frustração em cujo redor se amontoam os pensamentos.
O sentimento de que nos devem honras e satisfações, a dor que sentimos pelos males que outros nos causaram, etc., detêm todo o progresso interior da Alma. Os que são incapazes de sacrificar seus próprios sofrimentos criam diariamente Eus muito perversos, Eus ressentidos, Eus que odeiam e estão muito perto da maldição.
Pessoas assim, incapazes de sacrificar os sofrimentos mecânicos, estão de fato “mortas” para o trabalho esotérico, fecham o caminho para a Auto-Realização Íntima do Ser.
Em nossa tão cacarejada civilização moderna, a humanidade inteira vive identificada com as emoções inferiores, a ponto de não poder existir sem elas; as emoções inferiores constituem hoje uma enfermidade terrível e difícil de curar. Por isso, o aspirante gnóstico não deve admitir sentimentos de vingança, ressentimentos, ansiedades pelos males que outros lhe tenham causado ou emoções negativas de violência, inveja, ciúmes, medo, desconfiança de si mesmo e dos demais, etc.
Só assim, sacrificando nossos próprios sofrimentos, poderemos conseguir o objetivo fundamental dos estudos gnósticos, isto é, converter-nos em seres diferentes.
Disfunções no Trabalho do Centro Motor
“Transformar reações mecânicas é possível mediante a confrontação lógica e a Auto-Reflexão Íntima do Ser. É evidente que as pessoas reagem mecanicamente diante das diversas circunstâncias da vida. Pobres pessoas, costumam sempre se converter em vítimas! Quando alguém as adula, sorriem; quando as humilham, sofrem; insultam se são insultadas, ferem se são feridas. Nunca são livres; seus semelhantes têm poder para levá-las da alegria à tristeza, da esperança ao desespero.”
Samael Aun Weor: "Psicologia Revolucionária".
Quando uma pessoa estuda a si mesma, sabe muito bem que o centro de gravidade do Centro Motor está situado na parte superior da espinha dorsal, e conhece também a notória influência deste Centro sobre todo o organismo.
Para trabalhar seriamente sobre o Centro Motor e corrigir seu mau funcionamento, é necessário exercitar o sentido da auto-observação psicológica, colocando a atenção dinâmica ou voluntária em todas as atividades relacionadas com este Centro. As atividades do Centro Motor são as seguintes :
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A imitação mecânica.
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A criação de auto-imagens, com a cumplicidade da fantasia (a infra-imaginação e o sonho).
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Os hábitos.
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As tensões musculares desnecessárias, os movimentos inconscientes, as ações automáticas.
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A conversação insubstancial de fala ambígua, o palavreado inútil, o “falar por falar”, etc.
Devemos entender, em princípio, que os “humanóides intelectuais” nada podem fazer; tudo nos ACONTECE, tal como quando chove, troveja ou relampeja.
O “animal intelectual” é uma máquina, porém uma máquina muito especial, porque pode deixar de sê-lo, se a isso se propõe e se conhece os métodos exatos.
Assim, a primeira coisa que o estudante deve compreender e eliminar é sua própria mecanicidade, se é que realmente almeja o despertar da Consciência.
Todas as nossas ações são completamente mecânicas. Isto ocorre porque o Ego se apodera do Centro Motor para nos obrigar a realizar movimentos de todo tipo, convertendo-nos em simples marionetes, em míseros bonecos acionados por diferentes Eus. Entretanto, com o auxílio do terceiro estado de Consciência, que é o da Íntima Recordação de Si Mesmo, podemos ir eliminando uma a uma as possibilidades de mecanicidade em todas as atividades do Centro Motor.
A Personalidade Mecânica ou Falsa Personalidade, que pertence ao infra-mundo das 96 leis, é formada precisamente por todas as coisas que adquirimos ou aprendemos durante a vida, ou seja, modos de pensar, sentir e atuar meramente mecânicos.
Sem sombra de dúvida, o homem-máquina, o robô-humanóide, perde desde criança essa faculdade conhecida como “Percepção Instintiva das Verdades Cósmicas”, e fica sujeito, devido a uma educação equivocada, a atuar em função dos múltiplos eventos exteriores e de choques acidentais que originam em seu interior determinadas mudanças, quase sempre errôneas ou não coincidentes com o acontecimento em questão.
Os Eus que desde cedo assumem o controle dos Centros da máquina orgânica, vêm à existência devido à pressão dos dramas, tragédias e comédias que, queira ou não o “animal intelectual”, acontecem na “escola” da vida.
Por culpa de nossa própria mecanicidade, a Essência perdeu suas possibilidades de manifestação, já que toda forma de ação consciente foi substituída pelo automatismo, a materialidade grosseira e a ignorância do que realmente somos. O Eu a que se refere a Psicologia Gnóstica, ao não transformar as impressões, desenha novas auto-imagens, nova série de hábitos, costumes, movimentos, ilusões, palavras, etc., que finalmente servem para nos converter em autômatos com a consciência profundamente adormecida.
Quando uma impressão entra na máquina orgânica sem ser transformada, é imediatamente interceptada pela personalidade mecânica e, mediante certos dispositivos, enviada a lugares ou Centros equivocados, prejudicando o funcionamento normal dos Centros e adormecendo ainda mais a Consciência.
Obviamente, quando uma impressão é captada sem a intervenção do terceiro estado de Consciência, ou seja, quando a pessoa está em estado de identificação, os diversos “elementos psicológicos” se movem sem controle algum, reagindo mecanicamente. A auto-observação permite que a luz da Consciência ilumine esses aspectos mecânicos de si mesmo, tendo como resultado o Auto-Conhecimento.
As primeiras tentativas de auto-observação do Centro Motor encontram um sério obstáculo nos automatismos inconscientes, especialmente nos hábitos e costumes ligados à Falsa Personalidade.
Certamente, nunca é tarefa fácil perder toda identificação com os acontecimentos de nossa própria vida. No entanto, se queremos corrigir o trabalho equivocado do Centro Motor, devemos nos despojar de certas atuações mecânicas que comumente adotamos por imitação, mas que são na realidade inúteis e prejudiciais.
A tendência a imitar os gestos e atitudes dos outros é uma característica muito marcante no animal intelectual equivocadamente chamado Homem.
Os esportes violentos (boxe, futebol, levantamento de pesos, karatê, etc.) constituem um atentado contra o Centro Motor, pois esgotam os valores energéticos que a Natureza colocou neste cilindro. Note-se, entretanto, como se têm massificado esses esportes brutais, devido precisamente à imitação.
Tampouco escapam do derrame de energia motora os artistas de cinema e da TV, os fanáticos de todos os esportes, os que abusam do trabalho físico, os que se deixam dominar pela ira corporal e pela cólera ou ira da língua, os que não podem deixar de falar nem um só momento, os que vivem sob tensões desnecessárias, etc.
A luta contra o automatismo só pode ter sucesso com a ajuda da atenção consciente, plena, natural, espontânea, frente a cada movimento que realizamos. Porém, o controle definitivo sobre as infinitas possibilidades deste Centro somente pode ser adquirido com a aniquilação total do Eu psicológico.
As práticas gnósticas, a vocalização, meditação e oração conscientes colocam o Centro Motor em plena harmonia com o Infinito, obtendo-se então estados de relaxamento voluntário que ajudam a equilibrá-lo. Finalmente, na vida diária é necessário aprender a relaxar conscientemente o corpo físico, tratando de recordar-se de si mesmo, assim como aprender a não gritar, a não gesticular, tudo com o propósito de se auto-conhecer e de economizar energia motora.
Disfunções no Trabalho do Centro Instintivo
“O corpo planetário ou corpo físico às vezes se encontra doente, às vezes são e assim sucessivamente. Cremos sempre ter algum conhecimento de nosso corpo físico mas, em realidade, nem os melhores cientistas do mundo sabem muita coisa sobre o corpo de carne e osso. Não há dúvida de que o corpo físico, dada sua tremenda e complicada organização, está muito além de nossa compreensão. Pode acontecer o caso concreto de que estejamos equivocadamente relacionados com o corpo físico e em consequência disto ficamos doentes. Quando uma pessoa se dá o choque da RECORDAÇÃO DE SI, produz-se realmente uma mudança milagrosa em todo o trabalho do corpo, de modo que as células recebem um alimento diferente.”
O centro de gravidade deste cilindro se encontra na parte inferior da espinha dorsal; entretanto, sua influência abarca todo o organismo humano.
As funções específicas do Centro Instintivo não devem ser confundidas com as do Centro Motor, pois são diferentes, mesmo quando, conjuntamente com o Centro Sexual, estão destinadas a trabalhar coordenada e harmoniosamente. Por isso, no Gnosticismo Universal se fala dos TRÊS CÉREBROS, a saber: Cérebro Intelectual, Cérebro Emocional e Cérebro Motor-Instintivo-Sexual.
Deve ter-se em conta, no entanto, que as funções motrizes são adquiridas, devem ser aprendidas, ao passo que as funções instintivas são inatas.
As funções do Centro Instintivo são a respiração, a circulação do sangue, a digestão e, em geral, todo o trabalho interno do organismo físico; as funções externas se reduzem unicamente aos reflexos.
As atividades relacionadas com os cinco sentidos (visão, olfato, audição, paladar e tato) pertencem também a este Centro.
O pensar instintivo, a intuição prática, o amor materno ou paterno, o sentido de espaço, as noções de equilíbrio, de temperatura, etc., também lhe pertencem.
O instinto sexual, o instinto de conservação da vida e outras funções instintivas normais estão lamentavelmente adulteradas.
O Centro Instintivo trabalha de forma independente e possui, em si mesmo, as condições necessárias para enfrentar a vida.
A Consciência deveria manejar as funções instintivas, pois tem poder para fazê-lo; porém, nas atuais condições do “humanóide”, essas funções se realizam sem a intervenção da Vontade e da Consciência.
Convém assinalar que toda enfermidade física é provocada pelo trabalho equivocado dos Centros, pelo domínio que sobre eles exerce o Eu da Psicologia Experimental.
Os impactos do Eu adoecem o Corpo Vital e o danificam, com repercussão imediata em todos os Centros, muito particularmente no Centro Instintivo.
À medida que este e todos os Centros vão ficando a serviço da Essência, toda possibilidade de enfermidade desaparecerá.
Trabalhar esotericamente sobre o Centro Instintivo implica auto-observar as sensações, questão esta de suma importância, dado que as impressões chegam até nós pela via dos cinco sentidos físicos.
Ao Centro Instintivo corresponde o papel principal na ciência da transformação das impressões. Em outras palavras, o trabalho equivocado dos Centros não pode corrigir-se se não se estudam, se compreendem e eliminam as atividades errôneas do Centro Instintivo, o que de fato exige um saber adequado e um método que permita seu desenvolvimento harmônico.
Nos momentos de inconsciência total, as funções normais do Centro Instintivo entram em um processo involutivo, descendente, infra-normal, e as impressões que se recebem do mundo exterior não são transformadas. Ao tratar de adaptar-se às condições desfavoráveis para a vida, este Centro traz à existência alguns Eus infra-instintivos, terrivelmente negativos.
O estudante gnóstico que almeje estabelecer o equilíbrio deste Centro deverá trabalhar na eliminação de certas formas bestiais, infra-humanas e infra-conscientes, como a brutalidade instintiva, os instintos criminosos, o ódio, a luxúria, as psicopatias, etc.
Qualquer Ego pode ocasionar graves danos em algum dos cilindros, porém, os que provocam explosões difíceis de controlar são precisamente os “agregados” que se situam no Centro Instintivo, o qual é trinta mil vezes mais rápido que o Centro Intelectual.
Os Eus instintivos são a representação real da parte animalesca de cada um de nós, vale dizer, são entidades que se desenvolvem no estado de “Eikasia”, ou sono absoluto da Consciência.
Por isso, os sonhos relacionados com este Centro são demasiado confusos, quase impossíveis de decifrar. Algumas dessas entidades ou Eus provocam, ao se manifestarem, os crimes mais espantosos: estupros, paixões sangrentas, etc.
Tais defeitos psicológicos, que tergiversam os instintos normais do ser humano, têm sua origem no “Órgão Kundartiguador”, inserido precisamente no Centro Instintivo.
Resta dizer que o estudo da função instintiva, assim como o dos outros Centros, escapa sempre às análises normais do racionalismo especulativo e aos métodos intelectuais da Psicologia Ocidental. Nunca devemos esquecer, neste sentido, que o Auto-Conhecimento, ou Auto-Gnose, é um atributo da Consciência Superlativa do Ser.
Num passado remoto, a humanidade possuía RAZÃO OBJETIVA, elaborava seus conceitos com os dados da Consciência, que por sua vez utilizava um Centro Instintivo absolutamente perfeito. Então, não existia o Ego e o Ser percebia o mundo e seus fenômenos através de uma Consciência iluminada, desperta.
Restituir essa pureza original é o objetivo do trabalho sobre os cinco Centros da máquina orgânica, muito especialmente do Centro Instintivo. A degeneração dos cinco sentidos físicos, somada ao fato de que o animal intelectual elabora seus conceitos a partir das percepções externas, explica porque foram adulteradas as diferentes manifestações da Ciência, da Arte, da Filosofia e da Religião.
O SENTIDO DE NOVIDADE, a CAPACIDADE DE ASSOMBRO, o OLHAR tudo de uma maneira nova, ou seja, em estado de PERCEPÇÃO ALERTA, é um auxílio extraordinário para a percepção correta do mundo físico.
Obviamente, quando aprendemos a olhar a vida sem nenhum tipo de associações, as impressões são transformadas e atingem diretamente a Consciência.
O trabalho correto sobre o Centro Instintivo consiste portanto em capturar as impressões sem traduzi-las. Há que aprender a ver, degustar, ouvir, cheirar e apalpar em estado de profunda concentração, em estado de “RECORDAÇÃO DE SI”, o que somente é possível observando o ponto por onde entram as impressões e utilizando, como já dissemos, o PRIMEIRO CHOQUE CONSCIENTE.
A ação do Ego através do Centro Instintivo se dá mediante as sensações e a satisfação dos desejos. Primeiro vem a sensação, ou seja, o impacto do mundo exterior através dos cinco sentidos. A seguir vem o desejo, produzido pela identificação do sujeito com o objeto.
O Eu pluralizado busca sempre aquelas sensações que lhe possam dar a tão almejada satisfação. O Ego deseja riquezas, poder, luxos. O Ego busca, sobretudo, sensações e satisfações instintivo-sexuais.
Quando uma pessoa aprende a se dividir entre observador e observado, pode então conhecer a causa dos desejos.
Para auto-comprazer-se, o Ego busca sensações cada vez mais fortes: drogas, pára-quedismo, corridas de automóveis, etc., o que sem dúvida o fortalece terrivelmente e degenera ainda mais o Centro Instintivo.
O estudante gnóstico deve auto-explorar seu próprio Ego a fim de compreender o que são os DESEJOS e as VONTADES enfrascados entre os Eus.
Essas VONTADES nos obrigam a satisfazer os desejos, convertendo-nos em criaturas impotentes, fracas, miseráveis, incapazes de se sobrepor às circunstâncias.
Por outra parte, as condições inadequadas e desumanas nas quais se desenvolve a vida moderna, os alimentos artificiais e contaminados com produtos químicos, o empilhamento nas grandes metrópoles, a fumaça, o escasso contato com a natureza, etc., fazem difícil a regeneração definitiva e profunda do Centro Instintivo.
No entanto, mediante um processo de seleção das impressões, ingestão de alimento puro e ar igualmente puro, é possível criar as energias necessárias ao bom funcionamento do Centro Instintivo.
Disfunções no Trabalho do Centro Sexual
“Cada Centro da máquina deve funcionar com sua própria energia; porém, infelizmente, os outros Centros roubam a energia do sexo. Quando os Centros Intelectual, Emocional, Motor e Instintivo funcionam erradamente, roubam a energia do sexo, e existe então o abuso sexual. O abuso sexual termina quando estabelecemos, dentro de nós mesmos, um Centro de Gravidade Permanente. O sexo trabalha, então, com sua própria energia.
Segundo a Gnose de ontem, de hoje e de sempre, no Centro Sexual se encontra o poder que pode facilmente escravizar ou libertar o homem.
Todos os Centros da máquina são fundamentais para a existência. O Centro Sexual, porém, é o mais importante, pois ali se encontram as próprias raízes de nossa vida.
Os Centros da máquina humana são ao mesmo tempo positivos e negativos. Isto significa que no Centro Sexual, por exemplo, se apresenta a luta entre Eros e Anteros, entre a castidade científica e a luxúria, entre a transmutação alquímica e o derrame do ens-seminis.
Naturalmente, o Centro Sexual é o ponto físico onde se elabora o Hidrogênio Sexual Si-12, síntese maravilhosa do que comemos, do ar que respiramos e do alimento das impressões.
Sob o ponto de vista transcendental e Gnóstico, destacam-se as seguintes atividades do Centro Sexual:
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A reprodução da espécie humana.
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A transmutação da “libido genética” ou libido sexual, ou seja, da Alma Metálica do Esperma Sagrado.
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A criação dos Corpos Existenciais Superiores do Ser.
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A eliminação dos defeitos psicológicos com o auxílio da Lança de Eros, empunhada eficientemente por Devi-Kundalini, nossa Mãe Divina particular, individual.
Inquestionavelmente, o Centro Sexual pode servir como instrumento de manifestação do Ser, sempre e quando nos liberemos dos diferentes “agregados psíquicos” ou “eus-defeitos”.
O trabalho equivocado do referido Centro é provocado pelos “elementos indesejáveis” (Eus, “Egos” ou agregados psíquicos) da Luxúria, do adultério secreto ou manifesto, do homossexualismo, do lesbianismo e, em geral, por todo tipo de psicopatia sexual.
Quando os Eus infra-instintivos obstaculizam os delicados mecanismos do Centro Sexual, provocam toda classe de perversões que o degeneram.
O sexo pode, portanto, GERAR novas criaturas, pode REGENERAR e pode também DEGENERAR.
O Gnosticismo Universal, fundamentado no legítimo e autêntico “Tantrismo Branco” das antigas Escolas de Regeneração, afirma enfaticamente que só através do bom uso do Centro Sexual é possível chegar à Auto-Realização Íntima do Ser.
Obviamente, o adúltero, o libidinoso, o traidor, o que contrai matrimônio por meras conveniências, o psicopata, o drogadito, o paranóico, etc., jamais poderão conquistar a esfera da Supra-Sexualidade, pois o culto ao Ego é um gravíssimo obstáculo para a conquista da sexualidade transcendente.
A maioria dos seres humanos, que só busca a gratificação de seus sentidos e de seus instintos sexuais pervertidos, nunca poderia aceitar o sistema Gnóstico de transmutação sexual ou Krya-Shakti, pois isto unicamente é possível para aqueles rebeldes inteligentes que querem transcender o estado de humanóides e se converter em seres diferentes.
Por isso, só são capazes de praticar a Magia Sexual aqueles que tratam de superar o dualismo entre o mundo anímico e o dos sentidos, quem se acha absolutamente livre de qualquer espécie de hipocrisia e dissimulação, quem não nega nem desvaloriza a vida. Ânsia sexual e anelo ou aspiração espiritual são os dois elementos necessários para transmutar as energias criadoras.
O sábio manejo do Centro Sexual conduz à unidade da Alma e da sensualidade, ou seja, à sexualidade vivificada.
Este assunto da Sexo-Yoga é questão de experimentação íntima direta, é algo demasiado pessoal.
É evidente a tremenda dificuldade que apresenta o estudo do Centro Sexual; não é nada fácil querer apresentar como assimilável e visível a Sexo-Yoga, com seu governo das delicadas correntes nervosas e as múltiplas influências subconscientes, infra-conscientes e inconscientes que atuam sobre o ânimo do praticante.
No instante em que se pratica a transmutação, deve haver transformação de impressões; a mente e o sentimento não devem intervir, e a Personalidade deve ficar em estado passivo. Utilizando a auto-observação e a recordação de si, o Yogue e a Yoguina transformarão, durante seu trabalho com o Centro Sexual, as impressões luxuriosas em elementos de devoção, cumprindo assim com o Santo Sacramento da Igreja do Amor.
Assim, pois, um trabalho sério sobre o Centro Sexual implica em renunciar à concupiscência animal em prol da espiritualidade transcendente.
Qualquer tentativa de Auto-Realização que exclua o trabalho com o Centro Sexual está, desde o início, condenada ao fracasso.
Acesso ao Centro Emocional Superior
É necessário que nunca nos deixemos levar por emoções negativas, do ponto de vista psicológico.
Os estudantes querem poder visitar ou entrar nas regiões sefiróticas do espaço. Uma coisa é captar um sefirote e outra coisa é penetrar nele. Obviamente, os sefirotes são atômicos e nós somos gnósticos e temos que penetrar na Árvore da Vida.
Devemos saber que há distintas regiões sefiróticas no espaço, penetrar nelas é maravilhoso. Como poderíamos entrar na região cabalística de Hod se não temos um corpo psicológico? Existem desdobramentos psicológicos. Os diversos agregados psicológicos podem integrar-se, em um dado instante, para penetrar no sefirote Hod, porém seria uma entrada muito subjetiva, não teria a objetividade de quando se criou um segundo corpo. Criar um corpo para essas emoções. A que classe de emoções me refiro? São as emoções superiores.
As emoções inferiores são obstáculos para a experiência do real e para o crescimento anímico do Ser.
Se queremos criar um segundo corpo para entrar na região sefirótica de Hod, é óbvio que não devemos gastar nossas energias estupidamente, deixando-nos levar pelas emoções negativas, sejam de violência, ódio, ciúmes, orgulho ou do que seja. Se gastamos as energias em emoções inferiores, com que energia vamos criar o corpo psicológico? De que maneira, se as estamos gastando?... Para criar o corpo psicológico é necessário economizar as energias.
Para explorar depois essas regiões de Hod (nos foi dito que essas imensas regiões estão governadas por seres inefáveis, por seres solares, os Beni-Elohim, os filhos de Deus que moram em tão vastas e profundas regiões). Somente o que economiza energias pode penetrar nas profundezas de Hod.
Nos mistérios da vida e da morte não seria possível penetrar ou ter acesso sem o cabalista Hod. Isto é óbvio.
Comecemos por economizar a energia. Quando uma emoção negativa nos sacode, bem vale a pena que nós conheçamos que tipo de agregado psicológico a produziu e, depois de havê-lo observado em ação, submetê-lo à técnica de meditação para desintegrar tal agregado. Do contrário, como faríamos?
O mais grave é que as emoções negativas tornam mentiroso o ser humano. A mentira produz uma conexão equivocada, porque a energia do Ancião dos Dias flui harmoniosa e perfeita através dos dez sefirotes da cabala hebraica até chegar a Malchut, o Reino, à pessoa física, ou psicofísica. O mentiroso se conecta mal, produz uma deslocação intencional de sua mente; como conseqüência surge a mentira. Uma conexão equivocada. Pode-se ser mentiroso por uma emoção negativa, que nos torna caluniadores e mentirosos, ou pode-se ser mentiroso conscientemente e à vontade. Em todo o caso, é uma conexão negativa da mente com os Centros Superiores do Ser, se produz um deslocamento da mente com relação aos Centros Superiores do Ser.
De todos os Centros que temos em nosso organismo, não há dúvida de que o mais difícil de controlar é o Centro Emocional. O Centro Intelectual, ainda que custe muito trabalho, ao final de certas disciplinas podemos controlá-lo mais ou menos. O Centro Motor, que produz os movimentos e está situado na parte superior da espinha dorsal, também é controlável. Uma pessoa pode controlar os movimentos de seu corpo, caminhar se quer caminhar, levantar ou não um braço se assim o quiser, enrugar a testa ou não enrugá-la, etc. Assim, toda a atividade do Centro Motor está sob o controle da vontade.
Mas o Centro Emocional é terrível. Essa questão das emoções negativas, do sentimento e do sentimentalismo, é muito difícil de se controlar. Na Índia, por exemplo, comparam o Centro Emocional a um elefante, um elefante louco. Que fazem para controlá-lo? Colocam-no lado a lado com dois elefantes sãos, obedientes, e os amarram para não irem embora. Por fim, os dois elefantes cordatos ensinam o louco a ser obediente, e este torna-se então um elefante cordato. É um sistema que os indianos usam muito bem.
O Centro Emocional é um elefante, o Motor e o Intelectual também o são. Estes dois elefantes, o Intelectual e o Motor, podem controlar o elefante louco das emoções. Se em um momento estamos para explodir de desespero ou de angústia, se nos identificamos com uma emoção negativa, estamos mal. Que devemos fazer? Deitar-nos na cama, relaxar e pôr a mente em branco. Ao relaxarmos, estamos atuando com o Centro Motor; visto que relaxamos todo o corpo, afrouxamos os músculos e aliviamos a tensão no organismo.
Ao pôr a mente em branco, isto é, ao levar a mente à quietude e ao silêncio, que acontece? Ao Centro Emocional não resta outro remédio que se acalmar um pouco, ir serenando. Por fim, o Centro Intelectual e o Motor vêm a dominar o Emocional. São dois elefantes obedientes que terminam dominando o elefante louco.
Também é possível se controlar as emoções inferiores mediante as emoções superiores. Há muitos tipos de emoções inferiores, vocês o sabem. Se morre um de nossos familiares, gritamos, choramos, ficamos desesperados... Por que? Porque não queremos cooperar com o inevitável. Isso é o pior. Qualquer pessoa, na vida, deve aprender a cooperar com o inevitável. Se morreu um ser querido, não nos conformamos e gritamos cheios de angústia; não aceitamos. Vemos seu corpo dentro do féretro e, no entanto, não nos parece que esteja morto, não o cremos, para nós não é possível que esse ser tenha morrido e nos entregamos à angústia e à desolação. Isso é terrível. Como poderíamos dominar este estado?
De duas maneiras. Poderíamos apelar ao par de elefantes: o Centro Motor e o Centro Intelectual. Relaxar o corpo e pôr a mente em silêncio seria um sistema.
O outro seria apelar para uma emoção diferente, uma emoção superior. Talvez nos faça muito bem nesses momentos escutar uma sinfonia de Beethoven ou "A Flauta Mágica" de Mozart. Podemos ainda submergir cheios de emoção em uma meditação profunda, refletindo sobre os mistérios da vida e da morte. Portanto, através de uma emoção superior, controlamos as emoções inferiores e anulamos a dor que nos causa a morte de um ser querido.
O Centro Emocional é muito interessante, mas temos que dominar as emoções inferiores, controlá-las e submetê-las; isso é possível de acordo com nossa didática. As emoções inferiores causam muito prejuízo.
Emoções inferiores como as das touradas, emoções inferiores como as do cinema, emoções inferiores como as das orgias e das grandes jogatinas, emoções inferiores como as de quem ganha na loteria, como as de quem se emociona com as notícias dos jornais sobre uma guerra ou sobre tantas coisas que há no mundo, emoções inferiores como as de quem bebe aguardente, emoções inferiores como as que as pessoas desenvolvem em todas as suas bestialidades, não servem senão para fortificar os agregados psíquicos inumanos que carregamos em nosso interior e para criar outros novos. Precisamos eliminar as emoções inferiores através das emoções superiores; isso é possível. Precisamos aprender a viver uma vida edificante e essencialmente dignificante; isso é fundamental. Do contrário, progresso algum será possível.
Como? De que maneira? Precisamos ser mais sinceros para conosco mesmos a fim de desenvolver o Centro Emocional Superior e nos libertarmos das emoções meramente negativas e superficiais.
Há pessoas que são gentis conosco, são decentes. Há pessoas que brindam os outros com sua amizade. Mas esse é o procedimento público ou exotérico, diríamos, porém não é tudo.
Sabendo que se tem uma psicologia interior, não basta se comportar decentemente diante de outras pessoas, não basta apenas a fragrância da amizade do ponto de vista externo. Qual é o comportamento que se tem internamente para com as outras pessoas? Normalmente, quem oferece amizade às outras pessoas tem duas facetas: a de dentro e a de fora. A de fora é magnífica, aparentemente, mas a de dentro, quem a conhece?
Estamos seguros de que não criticamos o amigo a quem temos dedicado tanta estima? Estamos seguros de que não sentimos alguma antipatia por alguma de suas facetas? Estamos seguros de que não o estamos atraindo para a caverna secreta que temos na mente, para torturá-lo, para fazer escárnio dele enquanto lhe sorrimos docemente?
Quantos estimam alguém, mas não deixam de criticá-lo em seu interior, ainda que não exteriorizem suas críticas? Fazem escárnio de seus melhores amigos, ainda que sorriam docemente em sua presença. Realmente, devemos ser mais completos, mais íntegros. Tratemos de, por um momento, pôr os dois relógios, o de fora e o de dentro, o exterior e o psicológico, em igualdade de marcha; que andem em perfeita harmonia um com o outro.
De nada serve que estejamos nos comportando bem com nossas amizades, que estejamos oferecendo a elas nosso carinho, se por dentro zombamos delas, se por dentro as estamos criticando, se interiormente as estamos torturando... O melhor é que os dois relógios, o exterior e o interior, caminhem uníssonos de segundo a segundo, de instante em instante. Devemos ser mais íntegros, mais completos, abandonar a crítica mordaz, psicológica, interna, às pessoas que estimamos.
Como é possível esta contradição, que estimemos a uma pessoa e por dentro a estejamos criticando? Estamos até falando bem dessa pessoa a quem estimamos, mas por dentro a estamos devorando viva.
Ora, vocês sabem muito bem que dentro de cada um de nós vive muita gente; vivem todos os eus. Quando alguém pega um desses eus e o estuda com o sentido da auto-observação psicológica, pode evidenciar que ele possui os Centros Intelectual, Emocional e Motor-Instintivo-Sexual, isto é, que tem os três cérebros.
Todo eu tem mente engarrafada, tem vontade engarrafada... é uma pessoa completa. Assim é que dentro de nós existem muitas pessoas; dentro de cada pessoa vivem muitas pessoas: os agregados psíquicos.
Assim, qualquer amizade que tenhamos merece ser devidamente tratada. Por exemplo, vocês têm um amigo. Há coisas desse amigo que lhes agradam e há coisas dele que lhes desagradam. Isto é, vocês são amigos de algum Eu de seu amigo ou de alguns Eus, mas há outros Eus de que vocês não gostam, que lhes causam antipatia.
Temos de ter em conta que dentro de cada pessoa se manifestam muitas outras pessoas. Vocês são amigos de determinados agregados de tal ou qual amigo, de tal ou qual pessoa, porém não são amigos de todos os agregados desse seu amigo em questão.
Por isso, dizem: "Há coisas em tal sujeito que me agradam e há coisas que não tolero. Ele tem coisas boas e tem coisas más." Esta é a maneira que usamos para falar. Tudo depende do agregado que em dado momento esteja falando. Logo, a amizade que sentimos por outra pessoa não é completa. Só sentimos amizade por uns quantos agregados dessa pessoa. Não sentimos carinho por todos os agregados dela. Pode ser que a pessoa física e psicológica que estimamos tenha agregados psíquicos que não estimamos. Em certas horas, essa pessoa nos desagrada justamente porque nela estão se expressando agregados pelos quais não temos amizade alguma. Esta é a crua realidade dos fatos.
Se tivéssemos um eu permanente, diríamos: Sou amigo de Fulano de forma total, completa; não encontraríamos nele nem mas nem porém de espécie alguma. Acontece que não há um eu permanente e sim muitos eus; então, qual desses agregados ou quais desses eus do sujeito é que estimamos? Não será a todos. Por causa disso, precisamos ser compreensivos na questão do relacionamento.
Por que brigam os amigos? Simplesmente porque de repente intervém dentro da personalidade de um deles um agregado que não é amigo do amigo e surge a discórdia. Mas, se esse agregado se retira e intervém outro que seja amigo do amigo, ah... fazem as pazes.
Quão fátuas e passageiras são as amizades! Não são completas e não são completas porque não são compreensivas, não entendem isso da pluralidade do Eu. Se entendessem isso, seriam completas, saberiam desculpar os defeitos do amigo e não brigariam com ele. Falta-nos este conhecimento para que não briguemos com nossos amigos. Precisamos nos tornar mais conscientes disso. Assim, melhoraremos o relacionamento, a convivência.
Há simpatias e antipatias que poderíamos chamar de mecânicas. Nem uma nem outra servem porque são mecânicas... Às vezes, dizemos que alguém não nos é simpático... Mas, o que é isso que nos desagrada nele? Um agregado psíquico que possivelmente não é nosso amigo; isso é tudo. Não devemos tratar de criar simpatia à força por alguém com quem antipatizamos e sim, antes de tudo, descobrir qual é a causa da antipatia. Quando descobrimos, à base de reflexões, que essa antipatia é mecânica, ela desaparece e, por este motivo, sobra a simpatia.
Como poderíamos ou que base poderia nos servir para chegar à conclusão de que uma simpatia é mecânica? Respondo simplesmente: compreendendo a pluralidade do eu, já que é indubitável que dentro de uma pessoa vivem muitas pessoas.
Há vezes em que em determinado sujeito expressam-se alguns agregados que não nos agradam; isso é mecânico. Reflitamos no fato de que dentro dessa pessoa a quem temos antipatia também há agregados que podem simpatizar conosco, que podem nos ser prestativos e amigos... Que nem todos os agregados que se manifestam em tal sujeito são desagradáveis a nós. Pode ser que se manifeste no certo Fulano que não nos agrada algum agregado que nos agrade.
Se refletirmos nisso, compreenderemos que, do ponto de vista da pluralidade do Eu, desaparece a antipatia mecânica, que é bastante prejudicial, pois desenvolve cada vez mais os elementos psíquicos inumanos que estão relacionados com o Centro Emocional negativo. Quanto mais formos eliminando os agregados psíquicos do centro emocional, mais e mais irá se desenvolvendo em nós o Centro Emocional Superior. Acrescento que o Centro Emocional Superior é grandioso, muito mais poderoso que o intelecto.
Com o Centro Emocional Superior poderemos compreender a natureza do Fogo. Os livros sagrados foram escritos com carvão em brasa, isto é, com Fogo. A linguagem da Bíblia, por exemplo, a linguagem das parábolas bíblicas, é a linguagem do Centro Emocional superior. As experiências místicas e incorpóreas tomam, obviamente, a forma de parábolas e somente podem ser entendidas pelo Centro Emocional Superior. Os mistérios da vida e da morte são perfeitamente cognoscíveis através do Centro Emocional Superior.
Já lhes disse que a Mônada é o que há de mais importante em nós e que, quanto mais formos eliminando os elementos psíquicos inferiores, mais e mais iremos recebendo as radiações da Mônada. Ela é Atman-Buddhi, e Atman é o Inefável. É ele quem recebe a força que vem do Demiurgo criador. O Demiurgo, por sua vez, a recebe de Adi-Buddha, a Seidade Incognoscível. Atman, como desdobramento do Divino Arquiteto do Universo, é inefável, é o que se poderia chamar Paramatman ou Shivatatwa.
Buddhi, apesar de ser também espiritual, resulta mais corpóreo, mais concreto que Atman. Buddhi-Eros, como princípio ígneo, obviamente vai se tornando cada vez mais evidente para nós, suas radiações nos vão chegando cada vez mais fundo à medida que formos dissolvendo as emoções negativas do Centro Emocional e conforme o centro emocional superior for se desenvolvendo. Atman-Buddhi é a Mônada, é a realidade dentro de nós, aquilo que conta, o Real Ser em nós.
Temos de lutar muito, eliminando emoções negativas, para irmos nos aproximando cada vez mais da Mônada, e esta nos ajuda, porque justamente do Buddhi emana Eros, que é a força sexual extraordinária com a qual podemos desintegrar os agregados psíquicos na Forja dos Cíclopes. Que seria de nós sem Eros?
A Eros se opõe Anteros, personificação das potências do mal, as quais não estão fora e sim dentro de nós, aqui e agora. São todos esses agregados do centro emocional inferior; isto é Anteros. Conforme formos eliminando as emoções negativas e desenvolvendo o Centro Emocional Superior, iremos penetrando cada vez mais na essência do Fogo, iremos nos aproximando cada vez mais de nossa Mônada interna, a qual sempre nos sorriu.
Não se esqueçam de que o Centro Emocional em princípio é puro, radiante... São as emoções inferiores situadas nas partes e nos pontos inferiores do centro emocional que constituem o emocional inferior. Por isso, se eliminarmos as emoções inferiores, tudo fica perfeito. O Centro Emocional Superior é como uma deliciosa flor de lótus.
Em todo o caso, Atman é o raio que nos liga ao Logos e ao Adi-Buddha. A força do Adi-Buddha e do Logói interior chega a Atman e fica contida em Buddhi, porém a aproximação a Buddhi é impossível enquanto se tenha emoções negativas. Em outros termos, a aproximação à Mônada torna-se difícil se continuamos com emoções inferiores.
Não devemos aceitar emoções inferiores dentro de nós; devemos cultivar as emoções superiores. Quanto à música, devemos escutar Beethoven, Mozart, Listz, Tchaikowsky, etc. Devemos aprender a pintar; porém, que os quadros que pintemos não sejam infra-humanos. Devemos verter neles nossos sentimentos mais nobres. Tudo o que fizermos deverá ser dignificante e essencialmente edificante.
Quanta gente não se enche de êxtase ao contemplar as colunas coríntias dos tempos antigos, feitas com os mármores de Roma e de Atenas; ou as magníficas esculturas de uma Ísis morena na terra dos faraós, de um Apolo, de uma Vênus de Milo, de uma casta Diana, etc. Quanta gente não se enche de êxtase, vibra com emoção superior, ao escutar, por exemplo, a lira dos tempos antigos, ao entregar-se à meditação profunda no seio da Natureza, ao passear pelas ruínas da antiga Roma, ao caminhar pelas margens do Ganges ou ao cair de joelhos diante do Guru nas neves perpétuas dos Himalaias; é então que vibra a emoção superior.
Nos antigos tempos, na Lemúria, nas épocas em que os rios de água pura vertiam leite e mel, quando a lira de Orfeu não tinha ainda caído no pavimento do templo fazendo-se em pedaços, o Centro Emocional Superior vibrava intensamente em cada ser humano. Essa foi a época dos Titãs, a época em que os seres humanos que povoavam a superfície da Terra podiam ver a aura dos mundos e perceber mais que a metade de um holtapamnas (tonalidades de cor); bem sabemos que um holtapamnas tem mais de cinco milhões de tonalidades. Porém, quando o centro emocional inferior se desenvolveu com as paixões violentas, com a luxúria, com o ódio, com as cruéis guerras entre irmãos, aquele sentido se atrofiou e a humanidade ficou presa neste mundo tridimensional de Euclides.
Chegou a hora de entender que só mediante o Centro Emocional Superior é possível penetrarmos mais profundamente em nós mesmos. Se procedemos com retidão, se aprendemos a viver, se aprendemos a nos relacionar com nossos semelhantes de uma bela maneira, então nos aproximaremos mais e mais da Mônada sagrada e diferentes cintilações de Consciência Cósmica irão nos surpreendendo, irão se fazendo cada vez mais contínuas. Por fim teremos todos, na realidade e de verdade, a Consciência desperta, a Consciência Superlativa Do Ser, Buddhi. Nesse dia, seremos felizes; nesse delicioso amanhã, as vibrações de Buddhi nos saturarão totalmente e saberemos viver de verdade em estado consciente e perfeito.
Aqui termino esta exposição.
“Se cumpríssemos com nosso dever cósmico, nos converteríamos em homens verdadeiros. Qual é nosso dever cósmico, ou Dever Parlock do Ser? Vou dizer a vocês qual é....
Primeiro: Não permitir que os conceitos intelectuais passem por nossa mente de forma mecânica. Em outras palavras: fazer-nos conscientes de todos os dados intelectivos que venham à mente. Como fazer-nos conscientes destes dados? Por meio da meditação. Se lemos um livro, devemos meditar nele, tratar de compreendê-lo.
Segundo: Devemos fazer-nos conscientes de todas as atividades do Centro Emocional. É lamentável ver como as pessoas se movem sob o impulso de todas as emoções, de forma completamente mecânica, sem controle algum. Devemos fazer-nos conscientes de todas as nossas emoções.
Terceiro: Hábitos e costumes do Centro Motor. Devemos fazer-nos auto-conscientes de todas as nossas atividades, de todos os nossos movimentos e de todos os nossos hábitos, e não fazer nada de forma mecânica.
Quarto: Devemos ser donos de nossos próprios instintos e submetê-los. Devemos compreendê-los a fundo e integramente.
Quinto: Transmutar a energia sexual. Mediante certo procedimento alquimista, transmutaremos nossas energias criadoras.
Assim, cumprindo com nosso dever, é óbvio que nossa vida se desenvolverá harmoniosamente, e se formarão em nós os Corpos Existenciais Superiores do Ser. Então, em harmonia com o Infinito e em sintonia com a Grande Lei, poderemos chegar à velhice cheios de êxtase e alcançar a Maestria e a Perfeição.”
Samael Aun Weor: “Os Planetas Metálicos da Alquimia”.