12 - Enigmas da Morte


A MORTE: UMA OPERAÇÃO MATEMÁTICA


A vida é energia determinada e determinadora. Desde o nascimento até a morte, fluem dentro do organismo humano diversos tipos de energia. O único tipo de energia ao qual o organismo humano não pode resistir é o RAIO DA MORTE. Este raio possui uma voltagem elétrica demasiadamente elevada. O organismo humano não pode resistir a semelhante voltagem. Assim como um raio pode despedaçar uma árvore, assim também o Raio da Morte, ao fluir pelo organismo humano, o destrói inevitavelmente. O Raio da Morte conecta o fenômeno da morte ao fenômeno do nascimento. O Raio da Morte origina tensões elétricas muito íntimas e certa nota-chave que tem o poder determinante de combinar os genes dentro do óvulo fecundado. O Raio da Morte reduz o organismo humano a seus elementos fundamentais.

Educação Fundamental


O QUE SOMOS


A primeira coisa que uma pessoa necessita saber na vida é de onde vem, para onde vai, qual é o objetivo da existência, para que existimos, por que…

Inquestionavelmente, se queremos saber algo sobre o destino que nos aguarda e sobre o que é a vida em si, se faz indispensável, antes de tudo, saber o que somos. Isso é urgente, inadiável, impostergável. O corpo físico em si mesmo não é tudo. Um corpo é formado por órgãos e cada órgão é composto por células. Cada célula, por sua vez, é composta por moléculas, e cada molécula por átomos. Se fracionamos qualquer átomo, liberamos energia. Os átomos se compõem de elétrons que giram ao redor do centro, de prótons, de nêutrons, etc., etc., etc. Tudo isso é conhecido pela Física Nuclear. Em última instância, o corpo físico se resume em distintos tipos e subtipos de energia, e isso é interessantíssimo.

O próprio pensamento humano é energia. Do cérebro partem determinadas ondas que podem ser registradas sabiamente. Já sabemos que os cientistas medem as ondas mentais com aparelhos muito precisos e as catalogam em microvolts. Assim, em última instância, nosso organismo se resume em diversos tipos e subtipos de energia. A chamada matéria nada mais é que energia condensada. Por isso Albert Einstein disse: “Energia é igual a massa multiplicada pela velocidade da luz ao quadrado”. Também afirmou de forma enfática: “A massa se transforma em energia, a energia se transforma em massa”. Assim, em última síntese, a chamada Matéria não é mais que Energia condensada.

O corpo físico tem um fundo vital orgânico. Quero referir-me ao Lingam Sarira dos Teósofos, a condensação bio-termo-eletromagnética. Este corpo é a base da vida orgânica. Nenhum organismo poderia viver sem o Corpo Vital. Cada átomo do Corpo Vital penetra dentro de cada átomo do corpo físico e o faz vibrar e cintilar. Todos os fenômenos químicos, fisiológicos e biológicos, todo fenômeno de percepção, todo processo metabólico, toda ação das calorias, etc., tem sua base no Corpo Vital. Este corpo é realmente uma espécie de duplo orgânico. Se, por exemplo, um braço desse duplo vital sai do braço físico, sentimos que a mão “dorme”, que o braço “dorme”. Quando cada átomo do corpo vital volta a entrar dentro de cada átomo do corpo físico, produz-se uma vibração, como a que se sente quando um braço “dorme” e queremos “despertá-lo”, uma espécie de formigamento. Se tirássemos definitivamente o corpo vital de uma pessoa física e não o trouxéssemos de volta, a pessoa física morreria. É muito interessante esta questão do corpo vital. Sem dúvida, este corpo não é mais que a seção superior do corpo físico, é sua parte tetradimensional. Os adeptos da filosofia Vedanta consideram o corpo vital e o corpo físico como um todo, uma unidade.

Um pouco além desse corpo físico, com sua base vital orgânica, encontramos o Ego. O Ego é uma soma de diversos elementos inumanos que carregamos em nosso interior. Tais elementos são denominados Ira, Cobiça, Luxúria, Inveja, Orgulho, Preguiça, Gula, etc. São tantos os nossos defeitos que, ainda que tivéssemos mil línguas para falar e um palato de aço, não conseguiríamos enumerá-los cabalmente. Muitas pessoas entronizam o Ego no coração, constroem-lhe um altar e adoram-no. São equivocados sinceros, supõem que o Ego é divino, e nisto estão perfeitamente equivocados. Há quem divida o Eu em dois: Eu superior e Eu inferior; e querem que o Eu superior controle o Eu inferior. Essas pessoas não querem dar-se conta de que seção inferior e seção superior de uma mesma coisa são a mesma coisa. O Eu é tempo, é um livro de muitos volumes. No Eu estão todas as nossas aberrações, todos os nossos defeitos, aquilo que faz de nós verdadeiros animais intelectuais no sentido mais completo da palavra. Alguns dizem que o “Alter-Ego” é divino e o adoram; é outra forma de buscar escapatórias para salvar o Eu, para divinizá-lo. O Eu é o Eu, e isso é tudo.


O QUE RESTA


Obviamente, para o Cemitério vão três coisas:

  1. O corpo de carne e osso, que apodrece no sepulcro.
  2. O Corpo Vital, ou “Corpo Bioplástico” (como o chamam os russos), que flutua próximo do cadáver e vai se decompondo pouco a pouco, conforme o corpo físico também vai se decompondo. Sabemos muito bem que a cada sete anos o corpo físico muda totalmente, e não permanece nele nem um só átomo antigo. Porém, o Corpo Vital não muda; nele estão contidos todos os átomos da infância, adolescência, juventude, maturidade, velhice e decrepitude.
  3. A Personalidade humana. A Personalidade não é o corpo físico, a Personalidade é energética; não se pode vê-la com os olhos físicos, mas existe. Quando alguém vem ao mundo, não traz consigo a Personalidade. Esta se forma com o exemplo dos pais, com o que se aprende na escola, com as experiências da vida, etc. Na realidade, a Personalidade se forma durante os primeiros sete anos da infância e se robustece com o tempo e com as experiências. A personalidade é filha de seu tempo, nasce em seu tempo e morre em seu tempo; não existe nenhum amanhã para a personalidade do morto. 

Depois da morte do corpo físico, a Personalidade fica dentro do sepulcro, mas sai quando alguém lhe leva flores, quando algum parente em luto a visita; caminha pelo cemitério e volta a seu sepulcro. A Personalidade humana é perceptível para os “clarividentes”; qualquer pessoa que tenha um pouco de percepção extrasensorial poderá ver como a “ex-personalidade” vai se desintegrando lentamente no cemitério. Vou contar-lhes, em relação a isto, um fato insólito. Em uma festa, certa mulher soube distinguir-se por sua imensa alegria, pois obviamente destacava-se entre todos os convidados por seu caráter jovial e por sua beleza física.

Muitos jovens dançaram com ela até as três da manhã, hora em que a mulher disse sentir muito frio. Um dos admiradores lhe emprestou uma jaqueta, para que se agasalhasse. A mulher não recusou tal atenção cavalheiresca, e saiu então da sala onde se realizava a festa. Num automóvel veloz, a mulher, acompanhada pelo jovem que lhe oferecera companhia e por alguns outros rapazes amigos deste, chegou à porta de sua casa. Os acompanhantes se despediram dela, e esta entrou em sua casa. No dia seguinte, o dono da roupa emprestada à jovem, junto com seus amigos, bateu à porta daquela mansão com o propósito de recuperar a peça. Uma velha senhora abriu a porta, enquanto perguntava: “O que desejam?” “Viemos - disse um dos jovens - buscar uma jaqueta que emprestei à noite à senhorita fulana de tal”. “Oh! - disse a anciã - se vocês querem essa roupa, devem procurá-la no cemitério; lá a encontrarão sobre a tumba de minha neta; ela foi a mulher que dançou com vocês à noite; faz muitos anos que morreu”.

Os jovens, alarmados, se dirigiram ao cemitério, procuraram o sepulcro da mulher e o acharam, e sobre este encontraram a jaqueta. Vejam vocês, meus amigos, um caso extraordinário de materialização. Realmente, para os incrédulos, os céticos, isso parecerá uma história para crianças, mas não será assim para quem experimentou essa terrível realidade. Porque uma coisa é conceituar sobre algo em que não se crê, e outra é experimentar na própria pele. Então, o que foi que se fez visível e tangível para aqueles jovens? O que foi que dançou com eles, em meio à festa? Pois foi, realmente, a expersonalidade. Esta costuma, às vezes, fazer-se visível e tangível. A Personalidade é energética, permanece no sepulcro. Porém, às vezes sai dele e até se dá ao luxo de andar por diversos lugares.


O QUE CONTINUA


Mas, nem tudo vai parar no cemitério; existe algo que continua. Refiro-me aos “valores”, tanto os positivos como os negativos, os “Eus” bons e os “Eus” maus. Já expliquei a vocês que dentro de toda pessoa existem muitas pessoas, quer dizer, muitos “Eus”. Uma coisa é o “Eu invejo” e outra o “Eu não invejo”; uma coisa é o “Eu amo” e outra é o “Eu não amo”; uma coisa é o “Eu odeio” e outra coisa é “Eu não odeio”. Todos estes defeitos nos fazem entender que o “Eu” não existe de forma meramente individual; o “Eu” é um montão de “Eus”, cada um com sua própria mente, sua própria vontade e seu próprio sentimento. Isto que estamos dizendo já está plenamente demonstrado; vocês têm a prova disto no fato de que ninguém é o mesmo, nem sequer por meia hora. Conclusão: a morte é uma subtração de frações. Terminada a operação matemática, o que permanece são os “Valores”, isto é, certa soma de “eus- diabos” que personificam nossos defeitos psicológicos.

A Eternidade os traga, os devora. Na Luz Astral, nossos valores se atraem e se repelem de acordo com as leis de Imantação Universal. Estes valores às vezes se chocam entre si, ou simplesmente se atraem ou se repelem. Assim, o que continua depois da morte não é algo muito bonito. Aquilo que não é destruído com o corpo físico não passa de um montão de diabos, de agregados psíquicos, de defeitos. A única coisa decente, no fundo de todas essas entidades cavernárias que constituem o Ego, é a Essência, a Consciência, o Budhatta…

A morte é o regresso ao ponto de partida original. Se um homem não trabalha sua própria vida, e não trata de modificá-la, obviamente está perdendo o tempo miseravelmente, porque um homem não é mais do que isto, o que é sua vida. Nós devemos trabalhar nossa própria vida para fazer dela uma obra-prima. A vida é como um filme; quando termina o filme, nós o levamos para a Eternidade. Na Eternidade, revivemos nossa própria vida que acaba de passar. Durante os primeiros dias, o desencarnado, o defunto, costuma ir à casa onde morreu e até mora nela. Se morreu, por exemplo, aos oitenta anos de idade, continuará vivendo com seus netos, sentando-se à mesa, etc. O Ego está perfeitamente convencido de que ainda está vivo, e não há nada na vida que possa convencê-lo do contrário.

Para o Ego, nada mudou, infelizmente. Ele vê a vida como sempre, se sentará à mesa e pedirá seus alimentos costumeiros. Obviamente, seus familiares não o verão; porém, no subconsciente, lhe responderão. Em seu subconsciente, colocarão na mesa os alimentos indicados. É óbvio que não serão os alimentos físicos, porque isso seria impossível, mas formas mentais, muito similares aos alimentos que o defunto costumava consumir. O desencarnado pode ver um velório, mas jamais suporia que esse velório tivesse alguma coisa a ver com ele. Pensa que o velório corresponde a alguém que morreu, a outra pessoa, mas nunca creria que é o seu próprio velório. Sente-se tão vivo que nem remotamente suspeita de sua defunção. Sai às ruas e vê tudo tão absolutamente igual que nada poderia fazêlo pensar que aconteceu algo. Se vai a uma Igreja, verá ali o padre dizendo missa, assistirá ao rito e muito tranqüilamente sairá da igreja, perfeitamente convencido de que está vivo; nada poderia fazê-lo pensar que morreu. E, se alguém lhe fizesse tal afirmação, ele sorriria cético, incrédulo, não aceitaria.


OS ANJOS DA VIDA E DA MORTE


A Morte e a Concepção estão intimamente relacionadas. Os extremos se tocam. O caminho da vida é formado com as pegadas dos cascos do cavalo da morte. Os últimos instantes do agonizante estão associados às delicias eróticas dos casais que se amam… No último segundo da vida, no momento preciso em que exalamos o alento final, transmitimos ao futuro organismo, que nos aguarda além do tempo e da distância, certo desenho cósmico particular que vem a cristalizar-se no óvulo fecundado… É por meio do cordão de prata - o famoso antakarana - que somos conectados com o espermatozóide fecundante… Não é exagero afirmar que a Essência só penetra no corpo físico no instante em que fazemos nossa primeira inalação…

O Mistério do Áureo Florescer


Como já dissemos, nas Dimensões Superiores do Espaço vivem Seres Inefáveis, Homens no sentido mais completo da palavra, Anjos, Arcanjos, Deuses, etc. Cada uma dessas Inteligências Divinas desempenha um trabalho no mundo em que habita. Todos os processos da vida e da morte do ser humano são regidos por ondas desses Seres Inefáveis.

A fim de ilustrar mais amplamente nosso tema, queremos referir-nos enfaticamente aos Anjos da Vida e da Morte. Os Anjos que regem os processos da concepção vivem normalmente na Quarta Dimensão, no Mundo Etérico ou Vital; os que governam a morte, na Quinta Dimensão, o famoso Mundo Astral do ocultismo. Os primeiros conectam o Ego com o espermatozóide; os segundos rompem a conexão que existe entre o Ego e o corpo físico. Os Anjos da Vida têm aspecto de crianças, conhecem muito de medicina oculta, têm poder sobre as águas da vida, sobre a matriz, sobre o líquido amniótico, sobre os órgãos criadores, etc.

Não há dúvida de que os Anjos da Vida trabalham com as mulheres durante o parto. Eles podem abrir toda matriz e ajudar em todo nascimento; são médicos maravilhosos. Realmente, eles são os encarregados de conectar o Fio da Vida com o zoosperma fecundante; são os agentes secretos que ajudam toda mulher parturiente. A criatura é gestada no ventre, mas a Alma que regressa só entra realmente no corpo no instante em que a criança faz a primeira inalação de ar. Compreender isto é vital e indispensável. Assim, antes da vida que temos atualmente, tivemos não só uma existência passada mas muitas outras.

Os Anjos da Morte, encarregados de cortar o fio da vida, acorrem aos leitos dos agonizantes quando chega a hora da morte. No instante preciso em que exalamos o último suspiro, o Anjo da Morte tira a Alma do corpo e corta com sua gadanha o Cordão de Prata, certo fio misterioso, prateado, que conecta a Alma com o Corpo Físico. Tal cordão magnético corresponde ao cordão umbilical, e pode encurtar-se ou alongar-se até o infinito. Diz-se que o sono é uma pequena morte. É sabido que durante o sono a Alma não fica dentro do corpo, viaja a remotas distâncias e, então, o Fio de Prata se alonga infinitamente.

Graças a tal fio, a Alma pode regressar ao Corpo Físico no momento do despertar depois do sono. Os moribundos costumam ver o Anjo da Morte como uma figura espectral, esquelética, ataviada com os trajes funerais. É claro que só assumem esta aparência tão sinistra quando estão trabalhando. Fora de seu trabalho assumem belas figuras, seja de crianças, seja de mulheres ou de veneráveis anciãos. Os Anjos da Morte nunca são maus ou perversos. Eles sempre trabalham de acordo com a Grande Lei. Cada qual nasce em sua hora e morre exatamente em seu tempo. Na vida prática, o policial veste seu uniforme, o médico seu avental branco, o juiz sua toga, o sacerdote seu hábito religioso, etc. As vestes funerais e a esquelética figura dos Anjos da Morte horrorizam aqueles que ainda não despertaram a Consciência.

Os Anjos da Morte são homens perfeitos. É muito amarga a perda de um ser querido, e poderia parecer que os Anjos da Morte são demasiado cruéis, porém eles realmente não o são, ainda que pareça incrível. Os Anjos da Morte trabalham de acordo com a Lei, com suprema sabedoria e muitíssimo amor e caridade. Isto só podemos entender claramente quando nos identificamos com eles nos Mundos Internos. Os símbolos funerais dos Anjos da Morte são a foice que ceifa vidas, a caveira da morte, o relógio de areia, a coruja, etc.

Os Anjos da Morte se distribuem em hierarquias. Entre eles há diversos graus e escalas. Os Anjos da Morte têm seus templos no Mundo Astral. Também têm ali seus palácios e bibliotecas. Ali, na imensidade do grande Oceano da vida, existe um palácio funeral onde tem sua morada um dos principais Gênios da Morte. Seu rosto é como o de uma donzela inefável, e seu corpo como o de um varão terrível. Esse Ser maravilhoso é um “Andrógino Divino”. Sob sua direção trabalham milhares de Anjos da Morte. Em sua biblioteca existem milhares de volumes, onde estão escritos os nomes e dados kármicos de todos aqueles que devem morrer, cada qual em seu dia e em sua hora, de acordo com a Lei do Destino (Karma). A Ciência da Morte é terrivelmente divina…


OS TRÊS JULGAMENTOS PELOS QUAIS PASSA O DESENCARNADO


Os Mistérios da Morte são grandiosos. Jesus, na solidão do deserto, conheceu a adorável Deusa da Morte depois de haver subido do Jordão. A Deusa-Mãe Morte é conhecida entre os astecas com o nome de “Mictlancihuatl” ; ela é o chefe supremo dos Anjos da Morte. Ela é a única que nos liberta da dor e da amargura. Ela nos tira milhões de vezes deste vale de lágrimas, sempre cheia de imenso amor maternal, cheia de caridade, adorável e boa. A bendita Deusa da Morte é amor e caridade. Os astecas a representam com um diadema de nove crânios. Nove é a Iniciação. Aquele que realiza o arcano Treze se liberta totalmente. Ela recebe e dá, por isso a representaram com quatro mãos.

Mistérios Maiores


O “Livro Tibetano dos Mortos” diz: “Estiveste em um desmaio durante os últimos três dias e meio. Tão logo te recobres deste desmaio, terás o pensamento: O que se passou? Nesse momento todo o Samsara (Universo fenomênico) estará em revolução”. O Livro Tibetano dos Mortos assegura, pois, que todos os homens caem, no momento da morte, em um desmaio que dura três dias e meio. Max Heindel, Rudolf Steiner e muitíssimos outros autores sustentam que, durante esses três dias e meio, o Ego desencarnado vê passar toda sua vida em forma de imagens e em ordem retrospectiva. No momento da morte e durante os três dias e meio seguintes, nossa Consciência e nosso Juízo Interno são liberados por uma descarga eletrônica. Então, vemos passar toda a nossa vida de forma retrospectiva.

A descarga é tão forte que o homem cai depois em um estado de coma e de sonhos incoerentes. Só aqueles que possuem isso que se chama Alma (falando em linguagem rigorosa), podem resistir à descarga eletrônica sem perder a Consciência. (Se empregamos de forma genérica o termo “Alma” é para que as pessoas nos entendam. Realmente, o ser humano ainda não tem “Alma”, possui apenas um embrião chamado Consciência, Essência, com as possibilidades latentes em seu interior para que germine, cresça e acabe convertendo-se em autêntica Alma). Passados três dias e meio, portanto, a Essência entra em um estado de consciência de tipo lunar. No momento da morte, revivemos a vida de forma retrospectiva, sob a descarga eletrônica, porém de forma muito rápida e terrível. (Muitos são os que narraram este primeiro juízo ou retrospecção rápida que a Essência vive diante de um iminente perigo de perder o corpo físico).

Depois, como dissemos, o defunto tem que passar por um segundo julgamento ou retrospecção. Tem que reviver no Mundo Astral toda a vida que acaba de passar, mas a revive de uma forma natural e através do tempo. O defunto, identificado com sua existência, saboreia de verdade cada uma das idades da vida que terminou. Se tinha oitenta anos, por exemplo, por um tempo permanecerá acariciando seus netos, sentando-se à mesa, recostando-se em sua cama, etc.

Porém, à medida que vai passando o tempo, ele vai se adaptando a outras circunstâncias de sua própria existência; logo se sentirá vivendo a idade dos setenta e nove anos ou dos setenta e sete, ou dos sessenta, etc.; e se viveu em outra casa na idade de sessenta anos, se verá vivendo naquela outra casa, e dirá o mesmo que disse, e até seu aspecto psicológico será o mesmo que tinha quando tinha sessenta anos; e, se viveu com a idade de cinqüenta anos em outra cidade, nessa idade se verá vivendo nessa outra cidade. Com o tempo, seu aspecto psicológico e sua fisionomia vão se transformando de acordo com a idade que tenha que reviver; à idade de vinte anos, por exemplo, terá exatamente a fisionomia que teve quando tinha vinte anos, e à idade de dez anos se verá como um menino, e quando chegar o instante em que tenha terminado de revisar sua existência passada, toda a sua vida terá ficado reduzida a somas e subtrações matemáticas; isto é muito útil para a Consciência. Terminado o trabalho retrospectivo, é claro que temos plena consciência do resultado final da vida que acaba de passar. Então, e só então, todo aquele que não esteja definitivamente perdido toma a decisão de emendar seus erros e pagar o que deve.

O Juízo Final é que decide a sorte dos desencarnados. Quando o defunto tiver revivido de forma retrospectiva toda a vida que acaba de passar, então tem de apresentar-se ante os Tribunais do Karma para ser julgado. (Veja-se a apostila intitulada “A Lei do Karma”). A lenda de Zoroastro diz: “Todo aquele cujas boas obras excedam em três gramas seu pecado, vai ao céu; todo aquele cujo pecado é maior, ao inferno; ao passo que aquele em quem ambos sejam iguais, permanece no Hamistikan até o corpo futuro ou ressurreição”. É inevitável que, uma vez que se tenha repassado a vida tal como sucedeu, o defunto tenha que apresentar-se ante os Tribunais da Lei, ante os Senhores do Karma. Isto é o que se chama apresentar-se ante os Tribunais de Deus ou da Justiça Objetiva; tais Tribunais são completamente diferentes dos da justiça subjetiva ou terrena. Nos Tribunais da Justiça Objetiva só reinam de verdade a Lei e a Misericórdia, porque é óbvio que ao lado da Justiça sempre está a Misericórdia.

De tal juízo, de tal sentença, resulta o futuro do desencarnado. São três os caminhos que se abrem: 1º. Umas férias nos Mundos Superiores antes de regressar a este mundo. Este caminho é para pessoas que o merecem de verdade. 2º. Retornar, de forma mediata ou imediata, a uma nova matriz. Esse retornar ou regressar a este mundo costuma ser bastante doloroso. 3º. Descer aos Mundos-Infernos até a Segunda Morte de que falam o Apocalipse de São João e o Evangelho do Cristo. Obviamente, aqueles que conseguem ascender aos Mundos Superiores passam por uma temporada de grande felicidade. Normalmente, a Alma, ou, o que é mais exato, a Consciência, se encontra engarrafada dentro do Eu da psicologia experimental, dentro do Ego, que, como já dissemos, é uma soma de distintos elementos inumanos; mas aqueles que sobem aos Mundos Superiores abandonam o Ego temporariamente. Nestes casos, a Consciência, a Essência, o Budhatta, ou como queiramos chamá-la, sai de dentro dessa prisão horrível que é o Ego, o Eu, para ascender ao famoso “Devachan” de que nos falaram os indianos, uma região de felicidade inefável no Mundo da Mente Superior do Universo. Ali se goza de autêntica felicidade; ali os desencarnados se encontram com os familiares que abandonaram há tempos; encontram, diríamos, a Alma deles. Posteriormente, essa Essência, ou Consciência, abandona também o Mundo da Mente para entrar no Mundo das Causas Naturais. O Mundo Causal é grandioso, maravilhoso. No Mundo Causal ressoam as harmonias do Universo, ali se sente de verdade as melodias do infinito. Em cada planeta há múltiplos sons, os quais, somados entre si, dão uma nota síntese, que é a nota-chave do planeta.

O conjunto das notas-chaves de cada mundo ressoa maravilhosamente no coral imenso do espaço estrelado. Isto produz um gozo inefável na Consciência de todos aqueles que desfrutam a felicidade no Mundo Causal. Também encontramos no Mundo das Causas Naturais os Senhores da Lei, os que castigam e premiam os povos e os homens. Encontramos no Mundo das Causas Naturais os verdadeiros Homens, os Homens Causais; ali os achamos trabalhando pela Humanidade. Encontramos no Mundo das Causas Naturais os Principados, ou Príncipes do Fogo, do Ar, das Águas e da Terra. A vida palpita intensamente no Mundo das Causas Naturais. O Mundo Causal é precioso, resplandece ali um azul profundo, intenso como o de uma noite cheia de estrelas iluminada pela Lua.

Não quero dizer que não haja outras cores, mas a cor básica, fundamental, é o azul intenso, como o de uma noite profunda, luminosa, estrelada. Aqueles que vivem nessa região são felizes no sentido mais transcendental da palavra. Mas todo prêmio por fim se esgota, qualquer recompensa tem um limite e chega o instante, é claro, em que a Essência que entrou no Mundo Causal deve retornar, regressar e descer inevitavelmente para meter-se novamente dentro do Ego, dentro do Eu da psicologia experimental. Posteriormente, esse tipo de Essências vem a impregnar o óvulo fecundado para formar um novo corpo físico, se reincorporam em um novo corpo físico, voltam ao mundo. Outro é o caminho que aguarda os que descem aos Mundos-Infernos. Trata-se de pessoas que já cumpriram seu tempo, seu ciclo de manifestação, ou que foram demasiadamente perversas. Tais pessoas involuem indubitavelmente nas entranhas da Terra…(Veja-se a apostila intitulada “A Transmigração das Almas”).


PERGUNTAS E RESPOSTAS


Por estranho que pareça a muitas pessoas, nos cemitérios há salões de magia negra dentro do plano astral. Estes tétricos salões aspiram toda a podridão do cemitério, e os magos negros de tais salões utilizam para seus propósitos infernais todos os horríveis elementos do cemitério. Existem, no ambiente astral dos cemitérios, muitos vampiros astrais que se nutrem das emanações cadavéricas e das podridões; estes vampiros são utilizados pelos magos negros para causar mal a seus odiados inimigos. Como a terra inspira e expele como nós, os cemitérios constituem grandes focos de infecção para as cidades. Dos cemitérios saíram as grandes pestes, dos cemitérios saíram o tifo, a varíola e todo tipo de epidemias. A terra de cemitério inspira oxigênio e expele epidemias. Os cientistas já comprovaram que a terra inspira e expele, e, portanto, estas nossas afirmações são rigorosamente científicas; chegou a hora de as autoridades de higiene e saúde pública estabelecerem fornos de cremação no lugar de cemitérios.

Medicina Oculta e Magia Prática


Pergunta - Fazem muitos anos, quando morreu meu pai, estávamos velando-o, outras pessoas e eu. Acompanhado por estas pessoas, adormeci por um momento e, subitamente, vi que meu pai entrou no quarto onde o estávamos velando. Levava suas mãos nos bolsos de suas calças e me perguntou quem havia morrido, quem era aquele que estava estendido, e eu pensei que era meu pai que acabava de morrer e estava falando comigo. Poderia dizer-me a que se deveu este fenômeno?

Resposta - É indispensável compreender que as pessoas jamais se preocupam na vida em despertar a Consciência. Realmente, todas as pessoas do conglomerado social têm a Consciência profundamente adormecida. É óbvio que, depois da morte, o animal intelectual equivocadamente chamado homem continua com sua vida de sonho. Se disséssemos a algum desencarnado que está morto, obviamente não acreditaria.   

É evidente que os desencarnados pensam sempre que estão vivos, pois não encontram nada de estranho ao morrer. Vêem sempre o mesmo Sol, as mesmas nuvens, as mesmas aves ensaiando vôo dos salgueiros do jardim. Os chamados mortos, depois do grande passo, perambulam pelas ruas da cidade ou pelos diversos setores do subúrbio onde faleceram. Normalmente continuam com seu trabalho cotidiano, sentam-se à mesa em sua casa e até se dão ao luxo de deitar em sua cama; jamais pensariam que passaram ao além. Eles se sentem vivendo aqui e agora. Nestas condições, ao ver seu corpo no caixão, supõem que se trata de outra pessoa; nem remotamente suspeitam de que se trata de seu próprio veículo falecido; essa é a crua realidade dos fatos; por isso não estranhe de modo algum haver tido essa experiência íntima.

Pergunta - Por que as crianças podem ver desencarnados e os adultos não? Meu filho pequeno via meu pai recém-desencarnado e conversava com ele.

Resposta - Em nome da verdade devemos ser claros e enfatizar certas idéias.

Não é demais dizer que todos as crianças são clarividentes. Foi-nos dito que, antes de fechar-se a fontanela frontal dos recém-nascidos, isso que se chama moleira, as criaturas humanas têm o poder de ver o suprasensível, aquilo que não pertence ao mundo físico, isso que é invisível para os adultos. Se os seres humanos reconquistassem a inocência da mente e do coração, é inquestionável que recobrariam a divina clarividência, o poder de ver o oculto, o misterioso, o desconhecido.

Pergunta - Quando morremos, não corremos o perigo de perder-nos, ou alguém nos espera?

Resposta - Que é isso de nos perdermos, distinta senhora ? Que é isso de perder-nos, cavalheiros? Até quando continuarão tendo medo? Perdese alguém por acaso em sua casa? Já falei claro e demasiado; já disse que, durante os primeiros dias, continuamos vivendo na mesma casa onde falecemos, e disso há muitos testemunhos. Ao morrer, nos encontramos com aqueles defuntos queridos que nos precederam, quer dizer, com nossos parentes e amigos.

Pergunta - Podemos reconhecer esses parentes e amigos que encontramos ao desencarnar?

Resposta - Podes reconhecer tua mãe falecida, teu pai, teus amigos e parentes. Supões que alguém possa desconhecer seus entes queridos? Tua pergunta é bastante estranha, é óbvio que nenhum filho poderia desconhecer sua mãe; é evidente que todos temos a capacidade de reconhecer o que havíamos conhecido.

Pergunta - Quando morremos, não sofremos de solidão?

Resposta - Cada qual é cada qual; o egoísta, aquele que se auto-encerra, o misantropo, aquele que não ama ninguém, é óbvio que, aqui mesmo, terá que passar pela amargura da solidão; depois da morte, resulta patente, claro e definido seu doloroso estado solitário na região dos mortos.

Pergunta - Por que sentimos medo ao pensar na morte e por que nos apegamos à vida?

Resposta - O desejo de viver é muito grande; todos os seres humanos querem viver, estão apegados à vida sensual. É óbvio que a adesão, o apego, o desejo de existência material nos mantêm fascinados. Nestas condições, de nenhuma maneira queremos morrer, temos medo da morte, não queremos deixar de existir. Se as pessoas, à base de compreensão, perdessem o desejo de vida material, então o medo da morte desapareceria. Chega-se a perder tal temor quando se compreende o ilusório da existência, quando se vê que nada neste mundo é permanente. Passam as idéias, as coisas e as pessoas.

Pergunta - Por que sempre que sonho com meus parentes defuntos converso com eles e me afirmam que não morreram e que estão em perfeito estado de saúde?

Resposta - Distinto cavalheiro, agrada-me sua pergunta, e com o maior gosto lhe respondo. Antes de tudo, quero que você entenda o que é o processo do sono. É inquestionável que o sono é uma pequena morte, como diz o ditado popular. Durante as horas em que nosso corpo jaz dormindo na cama, a Alma (falando genericamente) perambula fora dele; vai a distintos lugares, se põe em contato com os que morreram e até se dá o luxo de conversar com eles. É claro que os mortos jamais crêem que estão mortos, porque em sua vida jamais se preocuparam por despertar a Consciência; sempre pensam que estão vivos. Agora você entenderá o motivo pelo qual as Almas de seus mortos queridos lhe fazem tais afirmações.

Pergunta - Por que os espíritas têm especial predileção por chamar ou invocar os defuntos?

Resposta - Bem, assim aprenderam com seus Mestres; Allan Kardec, Leon Denis e muitos outros. O grave é que tais autores não investigaram a fundo esta questão. Antes de tudo quero, estimado cavalheiro, quero que você saiba que todos os seres humanos têm dentro um Eu, um Ego, o Mim Mesmo, o Si Mesmo. Por favor, não pense que o tal Eu é boa coisa; estude o “Livro dos Mortos” dos antigos egípcios e compreenderá o que estou dizendo. Você leu o “Fausto” de Goethe? Ah! Se você conhecesse o que é esse Mefistófeles, me daria razão; é inquestionável o caráter tenebroso de Mefistófeles, o Ego, o Eu, o Mim Mesmo. Quem se mete no corpo do Médium espírita é o Eu do defunto, Ahriman, Mefistófeles. É indubitável que tal Eu personifica todos os nossos defeitos psicológicos, todos os nossos erros. O Ser do defunto jamais vem a uma sessão espírita; distinga entre o Ser e o Eu; quem acode a tais sessões é Satã, o Mim Mesmo. Quero que você compreenda o que é a Lei de Ação e Conseqüência; as pessoas que emprestam seu corpo, sua matéria aos Eus dos mortos, a Mefistófeles, a Satã, em seu futuro nascimento terão que padecer muito com a epilepsia.

Pergunta - Poderia dizer-me o que é o Ser?

Resposta - “O Ser é o Ser, e a razão de ser do Ser é o próprio Ser”; o Ser é o Divino, a chispa imortal de todo ser humano, sem princípio nem fim, terrivelmente divino. Os seres humanos não possuem ainda essa chispa dentro de seus corpos, mas, se nos santificarmos e eliminarmos o Eu Pecador, o Mefistófeles, é claro que um dia a chispa poderá entrar em nossos corpos. Agora o convido a compreender o que é o Ser.

Pergunta - Depois da morte, a pessoa recorda toda a vida que acaba de passar?

Resposta - Saiba, senhorita, que depois de haver abandonado o corpo físico todo defunto revive de forma retrospectiva a vida que acaba de passar. O desencarnado começará revivendo aqueles instantes que precederam sua morte; por tal motivo, durante os primeiros dias, como já dissemos, viverá entre os seus, em sua casa, em sua aldeia, em sua cidade, em seu escritório, em seu trabalho; depois, continuando, viverá em todos aqueles lugares anteriores; em cada faceta de sua existência passada repetirá os mesmos dramas, as mesmas palavras, as mesmas cenas, etc. A última parte da retrospectiva corresponde aos processos da infância. Terminada a retrospecção, temos que nos apresentar ante os Tribunais da Justiça Divina; os Anjos da Lei nos julgarão por nossos atos, por nossas obras. Três caminhos se abrem diante do desencarnado: primeiro, umas férias nas regiões luminosas do espaço infinito antes de voltar a tomar corpo; segundo, voltar a uma nova matriz de forma imediata ou depois de algum tempo; terceiro; entrar nos Mundos-Infernos, no interior do planeta em que vivemos.

Pergunta - É possível que essa retrospecção se faça em vida?

Resposta - Muitas pessoas que estiveram a ponto de morrer afogadas viram passar sua vida de forma retrospectiva; o mesmo aconteceu a pessoas que estiveram perto da morte por algum outro motivo.

Pergunta - Faz muito tempo, uma tia me contou que, quando era dona de uma mercearia, numa noite muito chuvosa, chegou um senhor muito misterioso cujo rosto não podia ver, já que usava um chapéu de aba muito larga e vinha coberto por um manto negro de lapelas muito grandes e levantadas. O tal senhor lhe pediu que lhe fizesse o favor de guardar um pequeno cofre, já que naquele momento não ia para sua casa e estava chovendo, que ele o pegaria no outro dia de manhã. Minha tia tomou o cofre e o colocou na prateleira da loja. Ao sair novamente o misterioso senhor, observou que não via seus pés e que instantaneamente desapareceu como uma sombra na noite. Imediatamente sentiu um calafrio, e lhe ocorreu que não era nada normal tudo o que lhe estava acontecendo. No dia seguinte, relatou a outras pessoas o sucedido e, dado que em um ano e meio o tal senhor não se apresentou para pegar o cofre, as pessoas que sabiam do caso lhe recomendaram que o abrisse, pois podia tratar-se de um defunto. Assim o fez e, ao abrí-lo, se deram conta de que efetivamente continha a ossada de um morto, mas no fundo tinha uma quantidade nada desprezível de moedas de ouro. Dado o estado de nervos em que se encontrava, ela determinou presentear o referido cofre a outras pessoas, já que não queria saber mais do assunto. Seria tão amável, Mestre, a ponto de nos explicar algo sobre este acontecimento?

Resposta - Com o maior gosto vou explicar este assunto. Certamente, o personagem tão estranhamente vestido que se apresentou naquele lugar era, sem dúvida, um desencarnado, o fantasma de um defunto. Ressalta com claridade meridiana o fato concreto de que o fantasma abandonou por um instante a dimensão desconhecida para entrar neste mundo físico de três dimensões. É inquestionável que tal fantasma presenteou esse cofre à pessoa do relato. Lamentavelmente, a referida senhora não foi capaz de compreender o fato e, cheia de pavor, presenteou a outros o que havia sido destinado a ela própria. Veja o que significa o medo. Tal senhora poderia melhorar sua situação financeira com tão bela fortuna. Infelizmente, são soube aproveitar a oportunidade que se apresentou. É interessante compreender que tal fantasma, além de materializarse no mundo físico, pôde fazer o que chamaríamos um aporte, passando tal cofre do lugar onde se achava até colocá-lo em mãos daquela senhora. Estes tipos de materializações são realmente sensacionais.

Pergunta - Então, Mestre, não se deve perder estas oportunidades quando se apresentam, apesar de ter medo?

Resposta - Distinta senhora, permita-me dizer-lhe que o medo é algo execrável. As nações se armam por medo, se lançam à guerra por medo. Por que temer? Todos temos que morrer, cedo ou tarde. O melhor que aquela senhora do relato teria podido fazer era devolver os ossos ao cemitério e aproveitar o dinheiro fazendo muitas obras de caridade e beneficiando também a si mesma.

Pergunta - No povoado onde vivíamos, havia um velhinho que me contava todos os acontecimentos estranhos que sucediam nas redondezas. Em uma ocasião, relatou-me o caso de um camponês que tinha uma desavença com um dos guarda-rios do lugar e que tal questão acabou em uma luta a machadadas, morrendo o guarda-rios, cujo corpo o camponês ocultou entre os carriçais que se encontravam no rio. Pouco tempo depois, os vizinhos começaram a saber que o camponês todos os dias era arrastado pelo morto, segundo dizia ele, à noite, e que algumas pessoas chagaram a ouvir que dialogava com o defunto, pedindo-lhe piedade e perdão pelo assassinato cometido. Os vizinhos decidiram interrogá-lo sobre o crime mencionado, confessando ele que se tratava do guarda-rios desaparecido, indicando-lhes que encontrariam o cadáver entre os carriçais daquele lugar. Efetivamente, mais tarde o acharam em estado de putrefação. Tempos depois, o camponês mandou celebrar-lhe missas, com o que deixou de molestá-lo para sempre. Seria possível que isto ocorresse segundo o relato, Mestre?

Resposta - Extraordinário este relato, grande amigo. Creio firmemente que a ex-personalidade do morto pode fazer-se visível e tangível em alguns lugares antes de sua dissolução final. Me permito agora repetir que não é a Alma nem o Espírito dos defuntos que se fazem visíveis ou se manifestam de alguma maneira no mundo físico, mas suas ex-personalidades. Estas, por ser de natureza quase física, podem manifestar-se neste mundo de três dimensões, muito especialmente nos primeiros dias de seu falecimento. Assim é como devemos entender o caso por você relatado. É claro que com as orações e rituais pode-se afastar o fantasma vingador. Não há dúvida de que o sangue tem um poder magnético muito especial. Com justa razão disse Goethe: “este é um fluido muito peculiar”. O autor de “Zaratustra”, Friedrich Nietzsche, disse: “Escreve com sangue e aprenderás que o sangue é espírito”. Existe certa relação entre o assassino e sua vítima, devido ao sangue. Com o derramamento desse fluido vital, a vítima, graças a tal agente, pode fazer-se visível e até tangível diante de seu assassino. No mundo oriental, existem certas seitas de magia negra que invocam os falecidos: os fanáticos dançam de forma cada vez mais frenética, ferindo-se mutuamente com punhais. É óbvio que sangue é derramado e, mediante tal agente fluídico, os demônios invocados se materializam, fazendo-se totalmente visíveis e tangíveis no mundo físico. É claro que tais feiticeiros dançarinos são candidatos seguros ao Abismo e à Segunda Morte. Conheci casos muito extraordinários de materialização. Faz alguns anos, quando esteve por estas terras mexicanas o Mestre Gargha Kuichines (Júlio Medina), fomos testemunhas de um caso destes realmente insólitos. Caminhávamos pela Avenida Cinco de Maio quando, em uma esquina, vimos um advogado amigo, cujo nome não menciono, o qual se dedicava a práticas de Hatha-Yoga. Nós nos aproximamos dele. Eu, pessoalmente, estreitando-lhe a mão, saudei-o muito atenciosamente, pois éramos amigos. Os três ficamos conversando na esquina. As pessoas, para não tropeçar no advogado, davam uma pequena volta. Nos despedimos. O advogado seguiu pela citada avenida, indo até a alameda central. Como coisa estranha, usava um chapéu branco com fita negra, coisa que não deixou de chamar-nos a atenção, pois ele em sua vida jamais usava chapéu. Expliquei a Júlio Medina que não lhe havia apresentado o citado amigo devido a que considerava que, como tal senhor se dedicava à HathaYoga, não poderia haver afinidade nenhuma com esse sujeito. Esclareci dizendo que tal advogado ocupava a posição de juiz, e que algumas vezes havia estado conosco estudando Gnose. Depois, continuamos nosso caminho.

Dias mais tarde, encontrei-me com meu amigo Salas Linares no povoado de Santiago de Tepalcatlalpan e lhe contei o ocorrido. Grande foi minha surpresa quando meu amigo me fez saber que o mencionado advogado com o qual havia me encontrado na Avenida Cinco de Maio havia falecido já há vários dias. Manifestou certa ênfase com o propósito de explicar-me o caso. “Te encontraste com um morto”, me disse Alejandro, “falaste com um falecido”. Quando isso sucedeu, no dia de tal encontro, esse defunto havia morrido em um acidente automobilístico fora da cidade do México, no norte do país. Como vocês podem ver, trata-se de outra materialização, e penso que a ex-personalidade desse defunto foi realmente o que se fez visível e tangível ao meio-dia diante de todas as pessoas e à luz do Sol.

Pergunta - Mestre, o Senhor não poderia distinguir, ao dar-lhe a mão, se essa pessoa estava viva ou morta?

Resposta - Distinta senhorita, quero dizer a você que a ex-personalidade de um morto é tão exata em relação à pessoa física que vivia que, francamente, não se nota nenhuma diferença entre vivos e mortos. A única coisa que senti um pouco estranha foi a frieza daquela mão, frio próprio de sepulcro, é claro, frio de cadáver. Aquele homem falava com certo tom um pouco mortuário, e pressenti algo sobre a morte; senti como se estivesse morto, e nisto não me equivocava. Quando enfatizo a idéia de que é a ex-personalidade dos defuntos o que se faz visível e tangível, não descarto a possibilidade de que os próprios desencarnados podem também, em algumas ocasiões, materializarse neste mundo de três dimensões, na ausência total da ex-personalidade funerária.

Pergunta - Certa senhora minha amiga um dia me contou que, quando seu pai faleceu, sua irmã se encontrava na cidade de Los Angeles, na Califórnia, tendo chegado à casa de seu pai quando este já estava sepultado, pelo que não conseguiu vê-lo. Desde esse dia, sua irmã se deitava todas as noites no quarto de seu pai e lhe pedia que se materializasse para que o pudesse ver. Certa noite, estando ela deitada, viu uma mão que pousava sobre um dos móveis do quarto, dando um grito de espanto no mesmo momento em que ouvia uma voz que lhe dizia: “Não te assustes, Maria, sou eu, teu pai, que quis ver se podias suportar ver-me totalmente, mas, como vejo que não é assim, me vou e te suplico que não me chames mais e me deixes em paz. Poderia o senhor explicar-me, Mestre, se foi a Alma ou a ex-personalidade do defunto o que se fez visível e tangível?

Resposta - A pergunta da senhora aqui presente me parece certamente muito interessante. Quero dizer a vocês, meus amigos, que a ex-personalidade dos defuntos normalmente vive no cemitério, embora às vezes escape da fossa sepulcral para fazer-se visível em algum lugar ou simplesmente para visitar alguém. É inquestionável que, neste caso do relato, não foi propriamente a ex-personalidade do falecido o que se fez visível e tangível em parte, mas o fantasma do defunto, a Alma do falecido. Assim o indica o discernimento dele, suas palavras, sua prudência, etc.

Pergunta - Mestre, o senhor nos disse que não há nenhum amanhã para a personalidade do morto e que o Corpo Etérico vai se desintegrando pouco a pouco. Queria saber se a personalidade dura mais que o Corpo Físico na desintegração.

Resposta - A pergunta que sai do auditório me pareceu interessante e, com o maior prazer, me apresso a respondê-la. Inquestionavelmente, a ex-personalidade tem maior duração que o fundo vital eliminado. Quero com isto afirmar que o Corpo Vital vai se decompondo conforme o Físico vai se desintegrando na sepultura. A personalidade é diferente. Como ela se fortalece através do tempo com as distintas experiências da vida, obviamente dura mais. É uma nota energética mais firme, costuma resistir durante muitos anos. Não é exagerado de modo algum afirmar que a personalidade descartada pode sobreviver por séculos inteiros. É curioso contemplar várias personalidades descartadas conversando entre si.

Estou falando agora de algo que a vocês pode parecer estranho. Pude contar até dez personalidades descartadas correspondentes a um mesmo dono, quer dizer, a dez retornos de um mesmo Ego. Eu as vi em intercâmbio de opiniões subjetivas, reunidas entre si por afinidade psíquica. Entretanto, quero aclarar um pouco mais isto para evitar confusões. Eu disse que não se nasce com a personalidade, que se deve formá-la, que isso é possível durante os sete primeiros anos da infância. Também afirmei que, no instante da morte, tal personalidade vai ao cemitério e que às vezes perambula dentro do mesmo, ou se esconde dentro de sua sepultura. Pensem agora por um momento em um Ego que, depois de cada retorno, escapa do Corpo Físico. É claro que deixa atrás de si a personalidade. Se reunimos, por exemplo, dez vidas de um mesmo Ego, teremos dez personalidades diferentes, e estas podem reunir-se por afinidade para conversar nos cemitérios e fazer intercâmbio de opiniões subjetivas. Indubitavelmente, tais ex-personalidades vão se debilitando pouco a pouco, vão se extinguindo até, por fim, desintegrarem-se radicalmente. Porém, a lembrança de tais personalidades continua no Mundo Causal, nos Arquivos Akáshicos da Natureza. No instante em que converso com vocês aqui esta noite, me vem à memória uma antiga existência que tive como militar durante a época do Renascimento na velha Europa. Num dado momento, enquanto trabalhava no Mundo das Causas Naturais como Homem Causal, me ocorreu tirar dos Arquivos Secretos, nessa Região, a lembrança de tal ex-personalidade. O resultado foi certamente extraordinário. Vi, então, aquele militar vestido com o uniforme da época em que viveu; desembainhando sua espada, me atacou violentamente. Não me foi difícil conjurá-lo para guardá-lo novamente dentro dos Arquivos. Isto significa que, no Mundo das Causas Naturais, toda lembrança está viva, tem realidade, e isto é algo que pode surpreender muitos estudantes esoteristas e ocultistas.

“As pessoas não se interessam por compreender realmente o significado profundo da Morte; a única coisa que lhes interessa é continuar no Além; isto é tudo”.

Samael Aun Weor