14 - A Transmigração das Almas

“A evolução e sua irmã gêmea, a Involução, são duas leis que se manifestam simultaneamente em toda a Criação; constituem o eixo mecânico da Natureza, mas jamais nos levarão à liberação”.

Samael Aun Weor


EVOLUÇÃO E INVOLUÇÃO


Em questões de esoterismo, orientalismo, ocultismo, etc., os eruditos têm plena liberdade para escrever o que lhes agrade; porém, não devem esquecer o Livro de Ouro. Quero referir-me ao Padrão de Medidas: o Tarot...

Ninguém poderia violar impunemente as Leis do Tarot sem receber o que merece; lembrem-se de que existe a Lei da Katância, o Karma superior... Há responsabilidade nas palavras...

O Dogma da Evolução rompe as Leis cósmicas do Arcano 10 do Tarot; viola os desideratos do Livro de Ouro... conduz muitas pessoas ao erro.

Obviamente, todo erudito ocultista e esoterista deve sempre apelar ao Padrão de Medidas, ao Tarot, se não quiser cair no absurdo.

O Mistério do Áureo Florescer

Do ponto de vista rigorosamente acadêmico, a palavra evolução significa: desenvolvimento, construção, progresso, adiantamento, avanço, edificação, dignificação, etc., etc., etc.

Fazendo um enfoque gramatical, ortodoxo e puro, esclareço: o termo involução quer dizer progresso ao inverso, retrocesso, destruição, degeneração, decadência, etc.

Atualmente estão se difundindo, tanto no Oriente como no Ocidente, muitas doutrinas filosóficas fundamentadas no Dogma da Evolução.

A evolução e a involução são forças mecânicas que se manifestam simultaneamente em toda a Natureza. Não negamos a realidade destas duas forças, mas as explicamos.

As bases científicas da evolução são as teorias nebulares sobre a origem do Universo, com todas as suas inumeráveis alterações, modificações, adições, restrições, etc., que nada mudam realmente na concepção original errônea do processo mecânico de construção, e a caprichosa teoria de Darwin sobre a Origem das Espécies, com todas as suas correções e mudanças posteriores.

Na realidade, o aparecimento de novas espécies como resultado da evolução não é mais que uma simples hipótese, porque jamais pôde ser verificado; ninguém jamais viu aparecer uma nova espécie.

O pensamento moderno, ao criar a Teoria da Evolução, se esqueceu dos processos destrutivos da Natureza. A razão se fundamenta no campo de visão intelectual, demasiado limitado atualmente.

Devido a isto se elaboram teorias de brilho enganoso, muito bonitas, mas com um número insuficiente de fatos.

Nenhum dos processos é certamente conhecido de forma íntegra, e observamos somente parte do processo; os homens dizem que este processo consiste em mudanças de tipo evolutivo.

A mente humana, nestes tempos modernos, está tão engarrafada no Dogma da Evolução que só sabe pensar em função de seu próprio engarrafamento; e, aos demais fenômenos de destruição, decadência e degeneração, aplicam-se os qualificativos de “evolução”, “desenvolvimento” e “progresso”.

As chamadas raças primitivas europeias da Idade de Pedra, tais como a de Cro-Magnon, que viveram nas cavernas da terra, foram muito bonitas; mas o impulso cíclico descendente involutivo pesava terrivelmente sobre essas raças de origem Atlante. Finalmente, o homem Paleolítico deixou o lugar a seu sucessor, desaparecendo quase por completo de cena.

Nenhum dos povos verdadeiramente selvagens encontrados pelos exploradores mostrou sinal algum de evolução; pelo contrário, em todos os casos, sem exceção, se observaram sinais inconfundíveis de degeneração e involução.

Dentro de todo processo evolutivo existe um processo involutivo. A Lei de Evolução e sua irmã gêmea, a Lei de Involução, trabalham de forma coordenada e harmoniosa em toda a criação.

Obviamente, urge enfatizar a ideia transcendente de que a Lei das Antíteses coexiste com qualquer processo cruamente natural. Este conceito é absolutamente irrecusável, irredutível, irrefutável.

Exemplos concretos: dia e noite, luz e trevas, construção e destruição, crescimento e decrescimento, nascimento e morte, etc., etc.

A exclusão de qualquer dessas duas Leis acima citadas (Evolução e Involução) originaria a estática, o quietismo, a paralisação radical dos mecanismos naturais.

Negar, pois, qualquer dessas duas normas significa de fato cair em um barbarismo...

Existe evolução em todo organismo que se gesta, nasce e se desenvolve; existe involução em toda criatura que caduca e morre.

Existe evolução em qualquer unidade cósmica que surge do caos; existe involução em todo planeta em estado de extinção chamado a converter-se em lua, em cadáver...

Há evolução em toda civilização ascendente; há involução em qualquer cultura de tipo descendente...

É evidente que essas duas Leis citadas constituem o eixo mecânico fundamental da Natureza. Inquestionavelmente, sem esse eixo básico a roda dos mecanismos naturais não poderia girar.

No entanto, é triste ver que, hoje em dia, o homem, engarrafado no Dogma terrível da Evolução, quer ver o progresso em tudo. Para cúmulo dos cúmulos, até a espantosa degeneração social é, para o homem atual, evolução, progresso, avanço, etc. Realmente, não há pior cego que aquele que não quer ver...

Se contemplamos o panorama atual da humanidade, podemos ver os milhões de seres que povoam a face da Terra. Essas multidões são por acaso os inocentes da antiga Arcádia? São esses aqueles que adoravam o Sol e os Espíritos da Aurora, na época em que a terra era bela em todo o seu esplendor?

Creem vocês que estes que vivem agora poderiam entrar no Éden? Onde estão as perfeições de todos estes milhões de seres? Não as encontramos, não é verdade? Isso é evolução? Não, realmente se involuiu.

Não sei em que se afiançam os fanáticos do Dogma da Evolução para assegurarem que tudo está progredindo, se perdemos tudo! Os sentidos se degeneraram, tudo se tornou monstruoso, horrível; não estamos naqueles tempos em que os rios de água pura manavam leite e mel, estes não são os momentos em que a Lira de Orfeu ressoa em todos os âmbitos do Universo, estes não são os instantes em que rendemos culto aos Deuses Santos.

Vemos pelas ruas casaizinhos aparentemente muito inocentes, como os do Jardim do Éden. Quão ingênuos, não é verdade? Com que carinho se dão as mãos! Porém, vejamos o fundo disso: quantas fornicações, quanta perversidade! Assim está o mundo, por toda parte.

Assim, o Dogma da Evolução é cansativo; asseguram que todos estamos evoluindo até nos tornarmos Deuses; é mentira, pois os fatos estão demonstrando o contrário. Em que ficaram os Sagrados Mistérios do passado? Onde estão os Templos? Que são as Pirâmides de Teotihuacán ou do Egito? Sim, são montes de pedras bonitas, ensolaradas, suportando o peso dos séculos.

Porém, onde estão seus Hierofantes? Agora andam por aí perambulando, caídos, metidos no lodo da terra. Em geral, tudo nesta época são trevas profundas, Anjos caídos, Santuários profanados, Iniciados vencidos, dor, amargura... Seria possível dizer que isto é evolução?


A TRANSMIGRAÇÃO DAS ALMAS


Nestes tempos tenebrosos do Kali-Yuga, a vida celestial entre a morte e o novo nascimento se torna cada vez mais impossível… A causa dessa anomalia consiste no robustecimento do Ego animal; a Essência de cada pessoa está demasiado aprisionada pelo Eu pluralizado.

Os Egos normalmente submergem dentro do reino mineral nos mundos-infernos, ou retornam de forma imediata ou mediata em um novo organismo. O ego continua na semente de nossos descendentes; retornamos incessantemente para repetir sempre os mesmos dramas, as mesmas tragédias.

Devemos insistir no fato de que nem todos os agregados psíquicos conseguem tal retorno humano; realmente, muitos Eus-Diabos se perdem: ou submergem dentro do reino mineral, ou continuam se reincorporando em organismos animais, ou ainda se aferram resolutamente, se aderem a determinados lugares.

O Mistério do Áureo Florescer

Isso que se chama Consciência, Essência ou simplesmente Alma também vive estes processos evolutivos e involutivos de todas as coisas, ainda que tal fato possa surpreender-nos: ondas de Essências iniciam sua evolução no reino mineral, prosseguem com o estado vegetal, continuam na escala animal e, por último, alcançam o nível do humanoide intelectivo.

Ondas de vida descem depois involuindo de acordo com a Lei da Queda, revivendo processos animais, vegetais e minerais até o centro de gravidade terrestre. Em todo caso, amável leitor, para entender estes processos é necessário compreender o que é isso que diversos autores qualificaram com o nome de “Elementais”.

É necessário saber, pois, que os Elementais são as Consciências dos elementos; porque bem sabemos que os elementos do Fogo, Ar, Água e Terra não são algo meramente físico, como supõem os “ignorantes ilustrados”, mas, melhor dizendo, veículos de Consciências ingênuas, simples e inocentes, no sentido mais transcendental da palavra.

Assim, os Elementais são os princípios conscientes ou princípios de consciência dos elementos, no sentido transcendental ou essencial da palavra, e isso é tudo. Existem Elementais da Natureza de vários tipos. Como autoridades nessa matéria temos Franz Hartmann, cujo livro “Os Elementais” é bastante interessante, e também Paracelso, o grande médico, Phillipus Teofrastus Bombastus de Hohenheim (Aureola Paracelso).

É óbvio que existem Elementais evolutivos e involutivos. Muitos pensam, por exemplo, que os símios, monos, orangotangos e gorilas são evolutivos, e alguns até supõem que o homem vem do macaco; mas tal conceito cai estrepitosamente quando observamos os costumes dessas espécies animais. Ponha-se um símio dentro de um laboratório e observe-se o que acontece. As diversas famílias de símios são involutivas, descendem do humanoide intelectual.

O humanoide não vem do macaco, a verdade é o inverso: os símios são humanoides involuídos, degenerados. Observemos a família dos porcos: nos tempos de Moisés, os israelitas que chegavam a comer essa carne eram decapitados. É óbvio que este tipo de Elementais se encontra em franca involução.

Outro é o estado dos corvos; estes, ainda que se alimentem da morte - pelo fato de que se desenvolvem no raio de Saturno - possuem certos poderes maravilhosos, que indicam evolução…

Obviamente, é bastante estranho que tudo isto seja dito em pleno século XX. As pessoas se tornaram agora tão complicadas…, a mente se desviou tanto das simples verdades da Natureza que já é difícil que possa aceitar de boa vontade essas coisas. Mas as pessoas simples, aquelas que não têm tantas complicações intelectuais, aceitam melhor este tipo de conhecimento.

Em todo caso, quero dizer-lhes que os Elementais minerais, em sua ascensão evolutiva, são interessantíssimos. É extraordinário ver os Gnomos ou Pigmeus dentro das rochas; parecem pequenos anões, com seus grandes livros e sua longa barba branca.

Quando estão preparados, é óbvio que os Elementais mais avançados do reino mineral dão o salto ao reino vegetal. Cada organismo vegetal é o corpo físico de um Elemental vegetal.

Toda árvore, toda erva, por insignificante que seja, possui seu Elemental particular. Isto não quer dizer que os Elementais das plantas, árvores e flores, etc., estão todo o tempo dentro de seu corpo imóvel; isso seria absurdo e também injusto.

Os Elementais vegetais têm plena liberdade para entrar e sair de seus corpos à vontade; alguém se assombra quando os encontra na quarta vertical. Normalmente, as criaturas Elementais do reino vegetal se classificam em famílias; uma família é a dos laranjais, outra das hortelãs, outra dos pinheiros, etc.

Estes Elementais das plantas têm consciência, são inteligentes, e existem grandes esoteristas que sabem manipulá-los ou manejá-los à vontade. São belíssimos; quem os conhece pode atuar sobre os elementos da Natureza por meio deles. Os Elementais avançados do reino vegetal entram mais tarde nos diversos departamentos do reino animal.

Estas criaturas, distribuídas em múltiplas famílias ou espécies, têm também seus guias e seus templos localizados no Paraíso Terrestre, ou seja, na quarta coordenada, chamada pelos ocultistas Mundo Etérico.

Sempre se começa a evolução no reino animal por organismos animais simples; porém, à medida que se vai evoluindo, a vida vai também se complicando; e chega o instante em que o Elemental animal pode tomar corpos orgânicos muito complexos.

As criaturas Elementais mais avançadas do reino animal entram sempre no reino dos humanoides intelectuais; não há dúvida de que estes bípedes tri cerebrados ou tri centrados são muito mais perigosos. Muito foi dito sobre a Doutrina da Transmigração das Almas, exposta pelo Senhor Krishna na terra sagrada dos Vedas uns mil anos antes de Cristo.

A cada Alma são atribuídas 108 existências para sua Autorrealização Íntima. É óbvio que aqueles que não chegam à Autorrealização dentro deste número de existências descem dentro do Reino Mineral submerso, involuem inevitavelmente nas entranhas da Terra.

Mas analisemos um pouco mais detalhadamente isto que estamos afirmando… Dante Alighieri nos fala em sua “Divina Comédia” dos Nove Círculos Dantescos, e vê esses Nove Círculos no interior da Terra. Nossos antepassados de Anahuac, na grande Tenochtitlán, falam claramente do Mixthlan, a região infernal que eles também situam no próprio interior de nosso globo terrestre.

À diferença de algumas outras seitas ou religiões, para nossos antepassados de Anahuac - como vimos em seus códices - a passagem pelo Mixthlan é obrigatória, e o consideram como um mundo de provação, onde as Almas são testadas, e, se conseguem passar pelos Nove Círculos, inquestionavelmente entram no Éden, ou seja, no Paraíso Terrestre.

Para os Sufis Maometanos, o Inferno não é tampouco um lugar de castigo, mas de instrução para a Consciência e de purificação. Para o Cristianismo, em todas as regiões do mundo, o Inferno é um lugar de castigo e de penas eternas. Entretanto, o círculo secreto do Cristianismo, a parte oculta da religião Cristã, é diferente.

Na parte oculta de qualquer movimento cristão, na parte íntima ou secreta, se encontra a Gnose. O Gnosticismo Universal vê o Inferno não como um lugar de penas eternas e sem fim, mas como um lugar de expiação, de purificação e de educação para a Consciência.

Obviamente, tem que haver dor nos Mundos-Infernos, já que a vida é terrivelmente densa no interior da terra, e sobretudo no Nono Círculo, onde está esse núcleo, diríamos, concreto, de uma matéria terrivelmente dura.

Ali se sofre o indizível; em todo caso, quem entra na involução submersa do reino mineral cedo ou tarde deve passar por isso que se chama, no Evangelho Crístico, “A Segunda Morte”.

Ao estudar esta questão do Inferno Dantesco no Gnosticismo Universal, não pensamos jamais que o castigo não tenha limite. Consideramos que Deus, sendo eternamente justo, não poderia cobrar a ninguém mais do que deve, pois toda culpa, por grave que seja, tem um preço; pago seu preço, pareceria absurdo continuar pagando.

Aqui mesmo, em nossa justiça terrena, que não passa de uma justiça perfeitamente subjetiva, vemos que, se um preso entra no cárcere por tal ou qual delito, uma vez que tenha pagado seu crime, lhe é dada a liberdade.

Nem as próprias autoridades terrestres aceitariam que um preso continuasse na prisão depois de haver pagado pelo delito. Já houve casos de presos que se acomodaram tanto na prisão que, uma vez chegado o dia da sua saída, não queriam sair, e foi necessário tirá-los à força.

Assim, toda falta, por muito grave que seja, tem um preço. Se os juízes terrestres sabem disto, quanto mais não saberá a Justiça Divina? Por mais grave que tenha sido o delito ou os delitos que alguém haja cometido, tem seu preço; pago o preço, vem a liberdade.

Se não fosse assim, Deus seria então um grande tirano, e bem sabemos que, ao lado da Justiça Divina, nunca falta a Misericórdia. Não poderíamos de modo algum qualificar Deus como um tirano; isto seria blasfemar e, francamente, não gostamos da blasfêmia. Assim, a Segunda Morte é o limite do castigo no Infernus dantesco. Pouco importa que a esse Infernus lhe chamem Tártaros na Grécia, ou Averno em Roma, ou Avitchi na Índia, ou Mixthlan na antiga Tenochtitlán…

Cada país, cada religião, cada Era e cada cultura soube da existência do Infernus e o qualificou sempre com algum nome. Para os antigos habitantes da grande Hespérides, como vemos ao ler a divina Eneida de Virgílio, o poeta de Mântua, o Infernus é a morada de Plutão; é naquela região cavernosa que Enéas, o Troiano, encontra Dido, aquela rainha que se matou por amor a ele mesmo, depois de haver jurado lealdade às cinzas de Siqueu.

Entendido tudo isto, podemos prosseguir: é óbvio que a Divina Mãe Kundalini, a Serpente Ígnea de nossos mágicos poderes, tenta obter nossa Autorrealização Íntima no curso das 108 existências que são atribuídas a cada um de nós; evidentemente, dentro desse ciclo de vidas sucessivas temos inumeráveis oportunidades para a Autorrealização; deve-se aproveitá-las.

Infelizmente, reincidimos incessantemente no erro, e o resultado, no fim, é o fracasso. É claro e evidente que nem todos os seres humanos querem seguir o caminho que há de conduzi-los à liberação final.

Os diversos mensageiros que vêm do alto, profetas, Avatars e grandes apóstolos, sempre quiseram mostrar-nos com precisão exata a pedregosa senda que conduz à autêntica e legítima felicidade. Infelizmente, as pessoas nada querem com a sabedoria divina; encarceraram os Mestres, assassinaram os Avatars, se banharam com o sangue dos justos, odeiam mortalmente tudo o que tenha sabor de Divindade.

Entretanto, todos lavam as mãos como Pilatos, se creem santos, julgam seguir pelo caminho da perfeição. Não podemos negar o fato contundente e definitivo de que existem milhões de equivocados sinceros que muito honradamente se presumem virtuosos e pensam de si mesmos o melhor.

No Tártaros vivem anacoretas de toda espécie, místicos equivocados, sublimes faquires, sacerdotes de muitos cultos, penitentes de toda espécie, que aceitariam tudo menos a tremenda verdade de que estão perdidos e seguem pelo caminho da maldade. Com justa razão disse o Grande Kabir Jesus: “De mil que me buscam, um me encontra; de mil que me encontram, um me segue; de mil que me seguem, um é meu.”

O “Bhagavad Gita” diz textualmente o seguinte: “Entre milhares de homens, talvez um tente chegar à perfeição; entre os que tentam, possivelmente um consiga a perfeição, e, entre os perfeitos, talvez um me conheça perfeitamente”. Assim, paciente leitor, se a Alma humana esgota as 108 existências - que por certo guardam estrita concordância matemática com o número de contas que formam o colar do Buda - de acordo com as Leis do Tempo, Espaço e Movimento, tal Alma involui inevitavelmente no Reino Mineral submergido até o Centro de Estabilidade Planetária, para reascender evolutivamente um pouco mais tarde.

No entanto, qualquer novo re-ascenso a partir do Centro de Gravidade terrestre exige prévia desintegração do Mim Mesmo, do Ego, do Eu Psicológico. Esta, como dissemos, é a “Segunda Morte”.

Como a Essência está engarrafada dentro do Ego, a dissolução deste se faz indispensável a fim de que ela se libere. No Centro de Estabilidade Planetária se restaura a prístina pureza original de toda Essência. Ascendem aqueles que dissolveram o Ego.

Descem aqueles que não o dissolveram. Os vitoriosos se convertem em Budas, em Mestres. Os fracassados, depois da Segunda Morte, se transformam em elementais da Natureza. Grave seria se o Ego não tivesse limites e continuasse eternamente progredindo, desenvolvendo-se; o mal do mundo jamais teria limite, se estenderia vitorioso pelos espaços infinitos e dominaria todos os cosmos.

Neste caso, sim, haveria injustiça. Felizmente, o Grande Arquiteto do Universo interpôs um dique ao mal. Aqueles que querem Autorrealizar-se intimamente com o propósito de evitar a descida aos mundos-infernos devem meter-se pela Senda da REVOLUÇÃO DA CONSCIÊNCIA; isto significa separar-se e apartar-se completamente das Leis de Evolução e Involução. Descer ao Mundo Soterrado é radicalmente diferente da ascensão evolutiva sobre a superfície da Terra.

A recapitulação animal no abismo é degenerativa, involutiva, descendente, dolorosa. A recapitulação vegetal nas entranhas da Terra é espantosa; os que passam por tal processo parecem mais sombras que deslizam por aqui e por ali em sofrimentos indescritíveis. A recapitulação involutiva descendente mineral nas entranhas do mundo em que vivemos é mais amarga que a própria morte; as criaturas se fossilizam, se mineralizam e se desintegram lentamente entre tormentos impossíveis de explicar com palavras.

É evidente que a destruição do Si Mesmo, a aniquilação do Ego, a dissolução do Si Mesmo nas regiões submergidas do Averno é absolutamente indispensável para a destruição do mal dentro de cada um de nós. Obviamente, só mediante a morte do Ego se torna possível a liberação da Essência; então esta ressurge e sai à superfície do planeta, à luz do Sol, para reiniciar um novo processo evolutivo de acordo com estas duas leis mecânicas da Natureza.

A re-ascensão se verifica sempre atravessando os estados mineral, vegetal e animal até reconquistar o estado humanoide que outrora se havia perdido. É claro que, com o reingresso neste estado, novamente nos são destinadas 108 existências, que também têm relação com as 108 voltas que o Brâmane hindu faz ao redor da Vaca Sagrada, e que, se não as aproveitamos devidamente, nos conduzirão pelo caminho descendente de regresso ao Averno. A Consciência sofre tanto os processos evolutivos como os involutivos.

Milhões de humanoides têm a Consciência adormecida, mas, ao entrar no Abismo, depois das 108 existências, despertam inevitavelmente no mal e para o mal. O importante neste caso é que de todas as maneiras despertem, ainda que seja para justificar seus erros nos mundos-infernos.

Aqueles que creem poder chegar à Autorrealização com o tempo e mediante a evolução, adquirindo muita experiência, estão de fato equivocados; estes que assim pensam estão postergando e adiando o erro de século em século, de existência em existência, e a realidade é que, no fim, se perdem no Abismo.

A descida nas entranhas do reino mineral com o propósito de liberar a Essência dos elementos indesejáveis, que de uma ou outra forma aderem à Psique, se repete até um total de 3.000 vezes. Concluídos os 3.000 períodos da Grande Roda, qualquer tipo de Autorrealização Íntima torna-se impossível.

Entretanto, há nesta Lei da Transmigração das Almas algo que não dissemos; citamos a lei do Eterno Retorno, mencionamos essa outra lei conhecida como Recorrência; mas devemos aclarar que estas duas leis citadas se desenrolam e se desenvolvem sobre a linha espiral da vida. Isto significa que cada ciclo de manifestação se processa em espirais ou curvas cada vez mais altas dentro da grande linha espiral do Universo.

Como isto também é um pouco abstrato, me vejo na necessidade de aclarar melhor, a fim de que todos vocês possam compreender profundamente o ensinamento. Ao escapar-se a Essência depois da Segunda Morte, ao ressurgir, ao sair novamente à luz do Sol, obviamente transformada em gnomo, haverá de reiniciar um novo processo evolutivo, porém em uma oitava superior.

Isto significa que tal criatura elemental mineral se encontrará indubitavelmente dentro do reino mineral com um estado de Consciência superior ao que tinha quando iniciava evolução similar no ciclo anterior de manifestação. Ao prosseguir com estas explicações, não devem esquecer que qualquer ciclo de manifestação inclui evoluções nos reinos mineral, vegetal, animal e humano (neste último sempre nos são atribuídas 108 existências).

Se examinarmos um caracol, veremos curva sobre curva, algo semelhante a uma escada de tipo espiral; é evidente que cada um destes ciclos de manifestação se desenvolve em curvas cada vez mais altas. Agora poderão explicar por que motivo existe tanta variedade de elementais minerais, vegetais e animais, e diversos graus de inteligência entre os humanoides.

Inquestionavelmente, é muito grande a diferença entre os Elementais minerais que começam pela primeira vez como tais e aqueles que já repetiram o mesmo processo muitas vezes. O mesmo podemos dizer sobre os Elementais vegetais e animais, ou sobre os humanoides. Como os ciclos de manifestação são sempre 3.000, o último destes realmente se encontra em uma oitava muito alta.

Aquelas Essências que não alcançaram a Maestria nas 3.000 voltas da Roda se absorvem em sua Chispa Virginal para submergir definitivamente no Espírito Universal de Vida.

É notório, claro e evidente que, durante os ciclos de manifestação cósmica, temos de passar por todas as experiências práticas da vida. Indubitavelmente, qualquer Essência que haja passado pelos 3.000 ciclos de manifestação experimentou também 3.000 vezes os horrores do Abismo, e, portanto, aperfeiçoou-se e adquiriu Autoconsciência.

Assim, tais Essências têm de fato pleno direito à felicidade divina. Infelizmente, não gozarão da Maestria; não a adquiriram, e por isso não a possuem. Evidentemente, não são as Chispas Virginais ou Mônadas Divinas que sofrem, mas a Essência, a emanação das citadas Chispas, o que cada um de nós tem de Alma.

As dores passadas por toda Essência certamente vêm a ser bem recompensadas, porque, em troca de tantos sofrimentos, se adquire Autoconsciência e felicidade sem limites. Maestria é diferente; ninguém poderia conseguir o Adeptado sem os três Fatores da Revolução da Consciência, expressos claramente por Nosso Senhor, o Cristo: “Aquele que queira vir depois de mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me”.

Negar-se a si mesmo significa dissolução do “Eu”; tomar a Cruz, colocá-la sobre nossos ombros, representa o nascimento alquímico, o trabalho com a Maithuna (aspecto do qual falaremos em conferências posteriores). Seguir o Cristo equivale a sacrificar-se pela humanidade, a dar a vida para que outros vivam.

Se em 3.000 ciclos de 108 vidas cada um não se vivem estes Três Fatores da REVOLUÇÃO DA CONSCIÊNCIA, todas as portas se fecham, e a Essência, convertida em um Elemental inocente, submerge no seio da Grande Realidade, ou seja, no grande Alaya do Universo, no Espírito Universal da Vida ou Parabrahatman, como o denominam os hindus.

Aqueles que fracassam definitivamente, que não sabem aproveitar as inumeráveis oportunidades que estes 3.000 períodos nos oferecem, ficarão para sempre excluídos da Maestria.

Neste último caso, aquela Chispa Imortal que todos levamos dentro, a Mônada sublime, recolhe sua Essência, ou seja, seus princípios anímicos, a absorve em si mesma e a seguir submerge para sempre no Espírito Universal de Vida. É óbvio que as Mônadas fracassadas não obterão a Maestria; possuem a Felicidade Divina, mas não têm legítima Autoconsciência; são apenas Chispas da Grande Fogueira, não puderam converter-se em chamas…

Estas Chispas Virginais veem os Mestres, os Deuses, de forma similar ao modo como as formigas veem os humanoides. Estas Mônadas que não obtiveram ou não quiseram a Maestria ficam excluídas definitivamente de toda escala hierárquica. Esclareço: nem todas as Chispas imortais, nem todas as Mônadas sublimes querem a Maestria.

Quando alguma Mônada ou Chispa Divina quer de verdade alcançar o sublime estado de “Mônada-Mestre”, é indubitável que então trabalha sua Essência, sua Alma, despertando nesta Alma anseios infinitos de espiritualidade transcendente.


PERGUNTAS E RESPOSTAS


Pergunta: Querido Mestre, por tudo que o senhor acaba de expor, parece, se não estou equivocado, que isso é precisamente o que quis dizer o Senhor Krishna quando falou da Transmigração das Almas, e também o Mestre Pitágoras quando se referiu à “Metempsicoses”. É verdade?

Resposta: Escuto a palavra do cavalheiro que fez a pergunta, e é claro que me apresso a respondê-la. Amigos, senhoras, certamente isto que estou afirmando esta noite tem documentação na Índia e na Grécia, na primeira com a maravilhosa doutrina exposta por aquele antigo Avatar hindu chamado Krishna, e na segunda com a doutrina de Pitágoras.

Obviamente, a Metempsicose daquele grande filósofo grego e a doutrina da Transmigração das Almas ensinada pelo Avatar hindu são idênticas na forma e no fundo; infelizmente, as pessoas deturpam o ensinamento e finalmente o rejeitam de forma arbitrária.

Pergunta: Preclaro Mestre, o que não compreendo é a razão pela qual distintas figuras reconhecidas como Mestres, como a Senhora Helena Petrovna Blavatsky e Charles Leadbeater, assim como Annie Besant, fundadores da Sociedade Teosófica, e pessoas com faculdades de clarividência, clariaudiência e outros poderes, nunca repararam nos fatos que tanto o Grande Kabir Jesus como Krishna, Pitágoras e o Senhor, Mestre Samael, ensinaram; pelo contrário, preconizaram em vários tratados de grande popularidade no mundo das escolas pseudo-esotéricas que o homem caminha inexoravelmente pela via ascendente da evolução até que algum dia, no decorrer do tempo, chega à perfeição e a ser uno com o Pai. Pode nos explicar tal incongruência?

Resposta: Escuto um senhor que faz uma pergunta muito importante, e é inquestionável que me apresso a responder-lhe da melhor forma. Certamente as leis da Evolução e da Involução trabalham de forma harmoniosa e coordenada em toda a Natureza.

É indubitável que a toda subida sucede uma descida, a todo ascenso um descenso; seria, pois, absurdo supor que a lei da Evolução fosse algo diferente. Se ascendemos por uma montanha, indubitavelmente chegaremos ao topo, e depois haveremos de descer.

Assim é a lei da Evolução e da Involução, meus queridos irmãos. Estas duas grandes leis constituem o eixo mecânico de toda a Natureza; se qualquer destas duas leis deixasse de funcionar por um momento sequer, se paralisariam de fato todos os mecanismos naturais.

Há evolução no grão que germina, cresce e se desenvolve; existe involução no vegetal que murcha e morre. Há evolução na criatura que se desenvolve dentro do ventre materno, no menino que nasce, no adolescente, no jovem; e existe involução naquele que envelhece e morre.

Os processos evolutivos e involutivos estão completamente ordenados dentro desta grande Criação. Infelizmente, aqueles que se engarrafaram no Dogma da Evolução já não são capazes de compreender os infinitos processos destrutivos e decadentes de tudo o que existe, de tudo o que existiu e de tudo o que existirá.

Nem a Evolução nem a Involução poderão levar-nos jamais à Autorrealização Íntima do Ser. Se nós de verdade queremos nos liberar, se de forma séria almejamos a autêntica felicidade, necessitamos de forma urgente e inadiável meter-nos no caminho da Revolução da Consciência.

Não é demais enfatizar a ideia transcendental e transcendente de que não é possível chegar à Grande Realidade enquanto giremos incessantemente com a roda do SAMSARA. De que serve, senhores e senhoras, retornar incessantemente a este vale de lágrimas, evoluir e involuir constantemente e sempre baixar outra vez aos Mundos-Infernos?

É nosso dever despertar Consciência para ver o caminho que há de conduzir-nos com precisão absoluta à liberação final. Inquestionavelmente, muitas notáveis inteligências do saber oculto transmitiram à humanidade, em fins do século passado e no início do presente, um ensinamento elementar, simples.

É claro que tais pessoas somente se propuseram a ensinar publicamente as primeiras letras da doutrina secreta. Então não se detiveram demasiadamente na análise das leis evolutivas e involutivas.

Já Rudolf Steiner assegurou, em 1912, que eles, os iniciados daquela época, somente haviam entregado um ensinamento incipiente, elementar, mas que mais tarde se daria à humanidade uma doutrina esotérica superior, de ordem transcendental. Agora estamos entregando este tipo de doutrina esotérica superior.

É, pois, indispensável não condenar ou criticar aqueles que no passado trabalharam de alguma forma pela humanidade. Eles fizeram o que puderam; agora devemos elucidar e aclarar.

Pergunta: Mestre, o Senhor dizia que algumas Mônadas têm interesse em Autorrealizar-se e outras não, apesar de que todas emanam do Absoluto; eu pensava que todas tinham o dever de buscar sua Autorrealização. Poderia explicar-me um pouco mais sobre isto?

Resposta: Escuto a palavra de um jovem e com o maior gosto vou lhe responder: antes de tudo, amigos, quero que compreendam que o Divino, Deus, o Espírito Universal de Vida, não é ditatorial. Se Isso que é o Real, se Isso que é a Verdade, se Isso que não é do tempo, fosse ditatorial, que sorte poderíamos esperar?

Amigos, Deus respeita sua própria liberdade; com isto quero dizer-lhes que dentro do divino não existem ditaduras. Toda chispa virginal, toda Mônada, tem plena liberdade para aceitar ou rejeitar a Maestria. Entendido?

Pergunta: Com isto que acaba de nos explicar, Mestre, poderíamos dizer que a Mônada é responsável pela ida da Essência ao Inferno?

Resposta: Vejo no auditório uma senhora que com toda sinceridade me fez uma pergunta, e é evidente que me alegra responder-lhe. Senhores e senhoras, quando uma Mônada Divina quer a Maestria, é evidente que a consegue trabalhando incessantemente a Essência desde o interior, desde o mais profundo. Resulta claro e evidente que, se a Mônada não está interessada na Maestria, jamais despertará na Essência incorporada qualquer aspiração íntima.

Obviamente, neste caso, a Essência, desprovida de todo anseio, enfrascada no Ego, embutida dentro do Mim Mesmo, ingressará nos Mundos-Infernos. Assim, respondo de forma enfática dizendo: sim, a Mônada é culpada do fracasso de toda Essência. Se a Mônada trabalhasse a Essência realmente, profundamente, é inquestionável que esta última jamais desceria fracassada ao Tártaros.

Pergunta: Mestre, me apavora pensar que minha Essência tenha que passar por sofrimentos durante 108 vidas multiplicadas por 3.000, ou seja 324.000 existências humanas, para no final das contas viver no Absoluto na forma de uma Mônada fracassada, ou seja, sem Autorrealização. Nestas circunstâncias, bem vale a pena fazer todos os esforços e sacrifícios possíveis para Autorrealizar-se, por mais sofrimentos que isto implique, já que não são absolutamente nada em comparação com os que a Natureza me imporá se escolho o caminho do fracasso, não crê o Senhor assim?

Resposta: Distinto senhor, grande amigo, permita-me dizer-lhe de forma enfática que toda Chispa Divina, que toda Mônada, pode escolher o caminho. É indubitável que existem no espaço infinito trilhões de Mônadas absolutamente inocentes, além do bem e do mal.

Muitas destas tentaram obter a Maestria; infelizmente fracassaram. Milhões de outras jamais quiseram a Maestria; agora, submergidas no seio do Espírito Universal de Vida, gozam da autêntica felicidade divina porque são centelhas da Divindade; infelizmente não possuem a Maestria.

É claro que o cavalheiro que faz a pergunta tem enormes inquietudes; isto se deve a que sua Mônada interior o anima e o trabalha incessantemente; seu dever é, portanto, marchar com firmeza pela Senda do Fio da Navalha até obter a Autorrealização Íntima do Ser.

Pergunta: Mestre, esta é a razão pela qual muitas pessoas a quem se fala dos ensinamentos Gnósticos, apesar de captarem perfeitamente o que lhes explicamos, não se decidem a seguir pelo Caminho da Revolução da Consciência? Quer dizer que sua Mônada não as trabalha para que sigam pelo caminho da Autorrealização?

Resposta: Vou responder ao jovem que faz a pergunta. Necessitamos reflexão profunda para enfocar esta questão de diversos ângulos: acontece que a muitas Mônadas lhes agrada caminhar lentamente, com o risco de que suas Essências fracassem em cada ciclo de existências humanas; outras preferem trabalhar suas Essências de forma intermitente, de vez em quando, e, por último, temos Mônadas que, definitivamente, jamais trabalham sua Essência.

É, portanto, este o motivo pelo qual nem todas as pessoas que escutam o ensinamento o aceitam realmente. Entretanto, é conveniente saber que alguém que, por exemplo, não aceita o Evangelho da Nova Era de Aquário na presente existência, poderia aceitá-lo em vidas subsequentes, desde que não haja chegado ainda às 108.

Pergunta: Mestre, estas Mônadas que jamais estão interessadas em trabalhar sua Essência pertencem apenas ao planeta Terra ou também existem em outros planetas?

Resposta: Jovem amigo, recorde a lei das analogias filosóficas, a lei das correspondências e da numerologia: “Tal como é acima, é abaixo”. A Terra não é o único planeta habitado do espaço estrelado; a pluralidade dos mundos habitados é uma tremenda realidade; isto nos convida a compreender que as Mônadas de outros planetas também dispõem de plena liberdade para aceitar ou rejeitar a Maestria.

Personalidade, Essência, é diferente. Com isto quero dizer de forma enfática o seguinte: nem todas as personalidades humanas existentes nos outros mundos habitados do espaço infinito caíram tão baixo como nós, os habitantes da Terra.

Amigos, nas diversas esferas do infinito existem humanidades planetárias maravilhosas que caminham de acordo com as grandes leis cósmicas, porém, repito, nem todas as Mônadas querem a Maestria. Infernos existem em todos os mundos, em todas as galáxias, mas nem todos os infernos planetários estão habitados. O Sol, por exemplo, é um astro maravilhoso que ilumina com sua luz todos os planetas do Sistema Solar de Ors.

É interessante saber que os Mundos-Infernos do Astro-Rei estão completamente limpos; obviamente, neste brilhante Sol não é possível encontrar fracassos cósmicos; nenhum de seus habitantes marcha na Involução submergida; as criaturas que vivem no Astro-Rei são completamente Divinas, Espíritos Solares. É conveniente não esquecer que qualquer unidade cósmica que vem à vida possui inevitavelmente um Reino Mineral Submergido dentro das infra dimensões naturais.

Existem mundos cujo Reino Mineral Submergido está densamente povoado, entre eles nosso planeta Terra. Isto indica, assinala, o fracasso de muitas Mônadas. Precisamos, entretanto, nos aprofundar um pouco mais nesta questão e entender com plena clareza que a descida de qualquer Essência à morada horripilante de Plutão não significa sempre fracasso definitivo.

É evidente que o fracasso final é só para as Essências, para as Mônadas que não obtiveram a Autorrealização Íntima em 3.000 ciclos ou períodos de existências, ou seja, em 3.000 voltas da Roda do SAMSARA, pois, ao chegar a última destas, como já disse tantas vezes, as portas se fecham.

Pergunta: Venerável Mestre, ao princípio desta importante dissertação, nos disse que ao descer a Essência aos Mundos- Infernos vão se recapitulando estados animalóides, vegetalóides e mineralóides. Teria a gentileza de nos explicar a palavra “recapitular”?

Resposta: Com o maior prazer darei resposta à pergunta do cavalheiro: quero que os senhores, meus amigos, compreendam bem o que é a recapitulação animalóide, vegetalóide e mineralóide no abismo. Descer involuindo nas entranhas do mundo soterrado é radicalmente diferente da ascensão evolutiva sobre a superfície da Terra. A recapitulação animalóide no Abismo é degenerativa, involutiva, descendente, dolorosa.

A recapitulação vegetalóide nas entranhas da Terra é espantosa; os que passam por tais processos mais parecem sombras que deslizam por aqui e por ali em sofrimentos indescritíveis. A recapitulação involutiva descendente mineral nas entranhas do mundo em que vivemos é mais amarga que a própria morte; as criaturas se fossilizam, se mineralizam e se desintegram lentamente entre tormentos impossíveis de explicar com palavras.

Depois da Segunda Morte, a Essência escapa, ressurge à Luz do Sol para recapitular processos similares de forma evolutiva, ascendente, inocente e feliz. Eis aí, meus amigos, a diferença entre recapitulações involutivas e evolutivas. Em todo caso, todos estes infinitos processos involutivos e evolutivos são de tipo exclusivamente lunar e se desenvolvem claramente dentro do caracol universal.

Pergunta: Mestre, o Senhor nos explica que, com cada ciclo de existências, os Elementais no processo evolutivo vão despertando Consciência, porque vão se manifestando em oitavas mais elevadas. Este despertar de Consciência é acaso o resultado dos sofrimentos pela involução ou do processo ascendente?

Resposta: Distinto amigo, é bom que o Senhor entenda que a Consciência sofre tanto nos processos evolutivos como nos involutivos, e que, portanto, à base de tantos esforços e sacrifícios, vai despertando progressivamente. Milhões de humanoides têm a Consciência profundamente adormecida, mas, ao entrar no Abismo depois das 108 existências de qualquer ciclo de manifestação, despertam inevitavelmente no mal e para o mal.

O interessante neste caso é que, de qualquer modo, despertam, ainda que seja para justificar seus erros nos Mundos-Infernos. Qualquer iluminado clarividente poderá evidenciar por si mesmo o fato de que os Elementais inocentes estão despertos no sentido positivo, evolutivo. Vemos, pois, dois tipos de Consciência despertas: primeiro, a das criaturas inocentes da Natureza; segundo, a dos humanoides involucionantes do Abismo.

Existe um terceiro tipo de pessoas despertas: me refiro aos Mestres, aos Deuses, mas não estamos nos ocupando deles neste momento. Inquestionavelmente, dentro da Roda do Samsara, girando com a mesma, existem Consciências inocentes despertas e também criaturas involucionantes abismais, despertas no mal e para o mal.


LEMBRANÇAS ANCESTRAIS


Pitágoras repreendeu em certa ocasião um discípulo que quis dar pontapés num cachorro que uivava, dizendo-lhe: “Não bata neste cão, porque em seu lastimoso uivo reconheci um amigo que morreu faz algum tempo. Esta é a sábia Lei da Metempsicose, tão odiada pelos fanáticos do Dogma da Evolução.

Revelações de Um Avatar

Tendo por cenário o anfiteatro cósmico, quero verter nestas páginas algumas lembranças… Muito antes de que surgisse do Caos aquela cadeia lunar da qual falaram tantos insignes escritores teosofistas, existiu certo universo do qual somente restam agora vestígios nos registros íntimos da Natureza… Foi em um mundo desses que aconteceu o que relato a seguir, com o evidente propósito de esclarecer a Doutrina da Transmigração das Almas...

De acordo com os desideratos cósmicos, em tal planeta evoluíram e involuíram sete raças humanas muito semelhantes às de nosso mundo… Na época de sua quinta raça-raiz, muito parecida com a nossa, existiu a abominável civilização do Kali-Yuga ou Idade de Ferro, tal como atualmente a temos aqui na Terra…

Então eu, que era apenas um pobre animal intelectual condenado à pena de viver, vinha de mal a pior, reincorporando-me incessantemente em organismos masculinos ou femininos, segundo os débitos e créditos do Karma…

Confesso sem rodeios que minha Mãe Natureza trabalhava inutilmente criando-me corpos; eu sempre os destruía com meus vícios e paixões. Como se fosse uma maldição insuportável, cada uma de minhas existências se repetia dentro da linha espiral, em curvas cada vez mais baixas…

Obviamente, eu havia me precipitado pelo caminho involutivo, descendente. Me revolvia como o porco no lodo abjeto de todos os vícios, e nem remotamente me interessavam os temas espirituais…

É inquestionável que havia me transformado em um cínico irredento: é claro que qualquer tipo de castigo, por grave que fosse, estava de fato condenado ao fracasso… Dizem que o colar de Buda tem cento e oito contas, e isto nos indica o número de vidas que se destinam a toda Alma…

Devo fazer certa ênfase ao dizer que a última dessas cento e oito existências foi para mim algo definitivo… então entrei na involução do reino mineral submergido. A última dessas personalidades foi do sexo feminino, e é evidente que, depois de revolver-me no leito de Procusto, me serviu de passaporte para o Inferno…

Dentro do ventre mineral daquele mundo, blasfemava, maldizia, feria, insultava, fornicava espantosamente e me degenerava cada vez mais, sem jamais dar mostras de arrependimento…

Me sentia caindo na remota lonjura do passado; a forma humana me desgostava; preferia assumir nesses abismos figuras bestiais; depois parecia uma planta, sombra que deslizava por aqui e por ali; por último, senti que me fossilizava… Converter-me em pedra? Que horror!…

Porém, como já estava tão degenerado, nem isso me importava… Ver, como um leproso da cidade dos mortos-vivos, cair dedos, orelhas, nariz, braços e pernas, certamente não é nada agradável; entretanto, nem isto me comovia… Fornicava incessantemente no leito de Procusto com quantas larvas se aproximavam, e sentia que me extinguia como uma vela, candeia ou círio…

A vida nas entranhas minerais de tal planeta obviamente me cansava demasiadamente, e por isso, como querendo matar o tempo tão longo e tedioso, me revolvia como um porco na imundície. Me debilitava espantosamente todo feito em pedaços e morria penosamente; me desintegrava com uma lentidão horrenda… Já nem sequer tinha forças para pensar (era melhor assim).

Por fim, chegou a Segunda Morte da qual fala o Apocalipse de São João; exalei o último suspiro, e depois… A Essência ficou livre; me vi convertido em um lindo menino; certos Devas, depois de examinar-me detalhadamente, me permitiram entrar pelas portas atômicas que conduzem alguém de regresso à superfície planetária, à luz do sol.

Evidentemente havia morrido o Ego, o Mim Mesmo, o Eu. Minha Alma, livre, assumia agora a bela forma de uma terna criança!… Que felicidade, meu Deus! Como é grande a misericórdia de Deus!… A Essência liberada do Ego é totalmente inocente e pura. Aquele Eu se converteu em poeira cósmica dentro das entranhas desse mundo…

Quanto tempo vivi nos mundos-infernos? Não sei: possivelmente uns oito ou dez mil anos… Agora, desprovido de ego, retornei ao caminho evolutivo; entrei no reino dos gnomos ou pigmeus, seres que trabalham com o lodo da terra, Elementais inocentes do mineral…

Mais tarde entrei nos paraísos elementais do reino vegetal, reincorporando-me constantemente em plantas, árvores e flores. Quão feliz me sentia nos templos do Éden, recebendo ensinamentos aos pés dos Devas!…

A felicidade dos paraísos Jinas é inconcebível para o pensamento humano. Cada família nesses Édens tem seus templos e seus instrutores; alguém se enche de êxtase ao entrar no santuário dos laranjais, ou na capela da família elemental das hortelãs, ou na igreja dos eucaliptos…

Tratando de processos evolutivos, devemos fazer o seguinte enunciado: “Natura non facit saltus” (a Natureza não dá saltos). É, portanto, evidente que os estados mais avançados do reino vegetal me permitiram a passagem ao estado animal.

Comecei reincorporando-me em organismos muito simples, e, depois de haver tido milhões de corpos, concluí retornando em organismos cada vez mais complexos…

Como nota adicional a estes parágrafos, devo asseverar que ainda conservo lembranças muito interessantes de uma dessas tantas existências, à margem de um lindo rio de águas cantantes que se precipitava sempre alegre em seu leito de rochas milenares…

Era então uma humilde criatura, um espécime muito particular do gênero dos batráquios. Me movia dando saltinhos aqui e ali dentro do bosque. É evidente que tinha plena consciência de mim mesmo; sabia que no passado havia pertencido ao perigoso reino dos animais intelectuais…

Meus melhores amigos eram os Elementais desses vegetais que tinham suas raízes à beira do rio; conversava com eles na linguagem universal…

Morava deliciosamente em um lugar de sombra, muito longe dos humanoides racionais; quando pressentia algum perigo, me refugiava imediatamente nas águas cristalinas…

Continuei retornando muitas vezes em variados organismos, antes de ter a felicidade de me reincorporar em algum espécime de certo tipo de anfíbios muito inteligentes, que saíam alegres das águas revoltas do Ponto para receber os raios do sol na praia arenosa…

Quando chegou a terrível Parca soberana que faz todos os mortais estremecerem de medo, dei o último adeus aos três reinos inferiores e regressei em um organismo humanoide; assim reconquistei trabalhosamente o estado de animal racional que perdera no passado…

Nesse meu novo estado de bípede tricerebrado ou tricentrado, relembrava, evocava, insólitos acontecimentos abismais; nem remotamente desejava voltar ao mundo soterrado; ansiava aproveitar sabiamente o novo ciclo de cento e oito vidas que agora me concediam para minha autorrealização Íntima…

A experiência passada havia deixado dolorosas cicatrizes no fundo de minha Alma; de modo algum estava disposto a repetir os processos involutivos dos mundos-infernos.

Sabia muito bem que a Roda do Samsara gira incessantemente de forma evolutiva e involutiva e que as Essências, depois de sua passagem pelo reino animal intelectual, descem milhares de vezes ao horroroso precipício para eliminar os elementos subjetivos das percepções; porém, eu, de nenhuma maneira desejava mais sofrimentos abissais e, por isso, estava bem-disposto a aproveitar meu novo ciclo de existências racionais.

Nessa época a civilização de tal planeta havia chegado à sua cúspide; os habitantes daquele mundo tinham naves marítimas e aéreas, gigantescas cidades ultramodernas, poderosas indústrias e comércio, universidades de todo tipo, etc.; infelizmente, tal ordem de coisas não se harmonizava de modo algum com as inquietudes do espírito.

Em uma dessas minhas novas existências humanoides, com a Consciência inquieta, como que sentindo um estranho terror, resolvi inquirir, indagar, buscar o caminho secreto…

Diz um provérbio da sabedoria antiga: “Quando o discípulo está preparado, o Mestre aparece”. O Guru, o Guia apareceu para tirar-me das Trevas e conduzir-me à Luz; ele me ensinou os Mistérios da Vida e da Morte; ele me indicou a Senda do Fio da Navalha.

Assim veio o Mistério do Áureo Florescer; eu compreendia a fundo minha própria situação; sabia que era apenas um pobre homúnculo racional, mas ansiava converter-me em Homem Verdadeiro, e é óbvio que o consegui naquele Grande Dia cósmico, naquele ontem sideral, muitíssimo antes do Mahanvantara de Padma ou Lótus de Ouro.

Infelizmente, naqueles tempos tão remotos, quando apenas iniciava meus estudos esotéricos aos pés do Mestre, não tinha fortuna alguma; minha família - habitantes daquele mundo - vivia na pobreza; uma irmã que velava pela casa ganhava míseros centavos no mercado público vendendo frutas e verduras; eu costumava acompanhá-la…

Numa ocasião me prenderam numa horrenda prisão sem motivo algum… Estive muito tempo atrás das grades cruéis daquele cárcere; porém - e isto é curioso - ninguém me acusava, não existia delito a punir, se tratava de um caso muito especial e, para completar, meu nome nem sequer figurava na lista de presos.

Obviamente, existia certo tipo de perseguição secreta contra os Iniciados; isto foi o que vim a compreender. Pacientemente, à espera de alguma oportunidade, aguardava um momento de sorte para escapar…

Várias vezes tentei em vão, mas, finalmente, um dia desses, os guardas, sem saber como nem porque, se esqueceram de uma porta deixando-a aberta; é inquestionável que de nenhuma maneira estava disposto a perder a tão ansiada oportunidade: em questão de segundos saí daquela prisão, dando depois voltas em uma praça de mercado, a fim de despistar alguns policiais que me alcançaram com a vista e me seguiam.

De qualquer modo, triunfei na tentativa e me distanciei daquela cidade para sempre. Concluirei o presente capítulo dizendo que só trabalhando na Forja Acesa de Vulcano consegui então converter-me em Homem Autêntico.