Segunda, 24 Junho 2019

A Ciência da Meditação - O Colar do Buda

Escrito por Samael Aun Weor
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O vazio é muito difícil de explicar porque é indefinível e indescritível. O vazio não pode ser descrito ou expresso em palavras humanas devido a que os distintos idiomas que existem sobre a terra só podem designar coisas e sentimentos existentes.

Não é nenhum exagero afirmar que as linguagens humanas não são adequadas para expressar as coisas e os sentimentos não existentes e não obstante tremendamente reais.

Tratar de definir o vazio iluminador dentro dos limites terrenos de uma língua limitada pelas formas da existência, é sem sombra de dúvidas, tolo e equivocado.

É necessário conhecer, experimentar em forma vivente o aspecto iluminado da consciência.

É urgente sentir e experimentar o aspecto vazio da mente.

Existem dois tipos de iluminação: a primeira pode chamar-se "água morta", porque tem ataduras; a segunda é nomeada como "a grande vida", porque é iluminação sem ataduras, vazio iluminador.

Nisto há graus e graus, escalas e escalas; é necessário chegar primeiro ao aspecto iluminado da consciência e depois ao conhecimento objetivo, ao vazio iluminador.

O Budismo diz: "a forma não difere do vazio e o vazio não difere da forma; a forma é o vazio e o vazio é forma".

É devido ao vazio que as coisas existem e pelo mesmo fato de que as coisas existem, devem ser o vazio.

O vazio é um termo claro e preciso que expressa a natureza não substancial e não pessoal dos seres, e uma indicação, um sinal do estado de absoluta ausência do eu pluralizado.

Somente em absoluta ausência do eu podemos experimentar o real, aquilo que não é do tempo, isso que transforma radicalmente.

O vazio e a existência se complementam entre si, se abraçam, se incluem, jamais se excluem, jamais se negam.

A gente comum e corrente de todos os dias, a gente de consciência adormecida, percebe subjetivamente ângulos, linhas, superfícies, porém jamais os corpos completos por dentro e por fora, por cima e por baixo, por diante e por detrás, etc., e muito menos pode perceber seu aspecto vazio.

O homem de consciência desperta e mente vazia e iluminada eliminou de suas percepções os elementos subjetivos, percebe os corpos completos, percebe o aspecto
vazio de cada coisa.

Esta é a doutrina não discriminativa do caminho do meio, a unificação do vazio e a existência.

O vazio é isso que não tem nome... Isso que é o real... Isso que é a verdade e que alguns chamam o Tao, outros o INRI, outros o Zen... Alá... Brahma ou Deus, não importa como se lhe chame.

O homem que desperta a consciência experimenta a tremenda verdade de que já não é escravo e com dor pode verificar que as pessoas que andam pelas ruas sonhando, parecem verdadeiros cadáveres ambulantes.

Se este despertar da consciência se faz continuamente mediante a intima recordação de si mesmo, de momento em momento, se chega então à consciência objetiva, à consciência pura, ao aspecto vazio da mente.

A consciência iluminada é fundamental para experimentar o real e reduzir o eu pluralizado a poeira cósmica, porém este estado está, todavia às bordas do Samsara (o mundo doloroso em que vivemos).

Quando se chegou ao estado de consciência desperta se deu um formidável passo, porém o iniciado continua, infelizmente ofuscado pela ideia monista, é incapaz de romper todos esses fios sutis que o conectam a certas coisas, a certos efeitos de tipo prejudicial, não chegou à outra margem.

Quando o iniciado desata os vínculos que, de uma ou outra forma, o atam à consciência iluminada, chega então à perfeita iluminação, ao vazio iluminador, livre e inteiramente insubstancial.

Chegar ao centro mesmo da mente, chegar ao vazio iluminador, ao conhecimento objetivo, é algo tremendamente difícil, porém não impossível, todo gnóstico pode lográ-lo se trabalha sobre si mesmo.

O vazio iluminador não é o nada, o vazio é a vida livre em seu movimento. O vazio é o que é, o que sempre tem sido e o que sempre será. O vazio está mais além do tempo e da eternidade.

A mente tem trezentos mil clãs ou centros receptivos e cada clã deve vibrar ao mesmo tom sem esforço algum.

A mente é de natureza feminina e está feita para receber, assimilar e compreender.

O estado natural da mente é receptivo, quieto, silencioso como um oceano profundo e tranquilo. O processo do pensar é um acidente anormal cuja causa original se encontra no eu pluralizado. Quando a mente está vazia de toda classe de pensamentos, quando a mente está quieta, quando a mente está em silencio, os trezentos mil clãs vibram então no mesmo tom sem esforço algum.

Quando a mente está quieta, quando a mente está em silêncio, advém a nós o novo, isso que é o real.


El Collhar del Budha - Mensaje de Navidad 1966 – 1967 - Capítulo XVIII - Samael Aun Weor

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  • Complexidade do Texto: Intermediário
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